21 de agosto de 2011

A nova cara do ensino

A reboque da crise, algumas universidades importantes lá fora acenam com mudanças no conteúdo de seus programas. Quais os benefícios disso para a formação de executivos e seus impactos no Brasil?

Empréstimos imobiliários de alto risco, ativos podres, incapacidade de pagar as dívidas assumidas. Esses foram apenas alguns dos ingredientes da crise financeira de 2008 que começou nos EUA e consumiu o mundo inteiro, em especial os países europeus. Mas, enquanto os números pareciam positivos, quase ninguém questionou esse modelo. A irresponsabilidade dos bancos e de Wall Street tinha em sua base a postura dos profissionais que trabalhavam nessas instituições. Tão preocupados com o lucro, eles fizeram de tudo para ganhar dinheiro e engordar seus bônus anuais. Agora, dois anos depois do estopim da crise, o mercado passa por um processo de reavaliação da formação dos profissionais. Isso porque, nos EUA, as principais universidades de negócios foram colocadas no banco dos reús durante as piores fases de turbulências financeiras, responsabilizadas por "criar" tais profissionais que buscaram resultados financeiros custasse o que custasse. Diante desse debate, Harvard, considerada uma das melhores escolas de negócios do mundo, anunciou no início deste ano que incluiria em seus MBAs cursos sobre ética e trabalho em equipe. A universidade deve manter seu método de estudo de caso, mas o objetivo é atrelá-lo a trabalhos em grupo fora da universidade que abranjam mais do que o fim único do resultado financeiro satisfatório.A decisão, apenas uma entre as várias tentativas de evitar outra crise dessa magnitude, se deve à cultura de negócios anglo-saxã, como afirma VanDyck Silveira, CEO do Grupo Ibmec. Para ele, o modelo educacional é típico da economia norte-americana. Ao olhar o capitalismo europeu e asiático, o que se encontra é algo bem diferente. "No capitalismo anglo-saxão, a glória individual e a responsabilidade individual são aumentadas em excesso. O sujeito é remunerado em função da produtividade", diz. Ele ressalta, porém, que se esse conceito for utilizado com equilíbrio pode ser saudável, mas, de uma forma geral, o que ocorre é a criação de um ambiente de ambição sem limites.