31 de dezembro de 2012

Governo anuncia reajuste de 9% no salário mínimo de 2013

O governo anunciou no dia 24 de dezembro reajuste de 9% no salário mínimo de 2013, que passará a valer R$ 678, informou a Presidência da República. O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff foi publicado na edição do dia 26 de dezembro do Diário Oficial da União. Hoje o salário mínimo está em R$ 622.


O novo valor é maior do que o previsto na proposta orçamentária para 2013, que é de R$ 674,96. "É um bom anúncio de Natal para o trabalhador, reconhecendo o esforço de todos os trabalhadores para os resultados que o País teve nesse ano", disse a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que esteve reunia mais cedo com Dilma no Palácio do Planalto.

30 de dezembro de 2012

Dilma comemora geração de empregos e quer "câmbio mais real"


A presidente da República, Dilma Rousseff, aproveitou a inauguração de um sistema de abastecimento de água em Caxias do Sul (RS) no dia 22 de dezembro para defender a importância dos investimentos em infraestrutura, da geração de empregos e dos programas de educação como etapas para a construção de um país que tenha crescimento sustentável. Entre as medidas adotadas neste ano no sentido de superar "gargalos fundamentais", Dilma destacou a queda das taxas de juros, a busca de uma "taxa de câmbio mais real" e a redução de impostos.

Presidenta Dilma Rousseff discursou durante cerimônia de inauguração do Sistema de Abastecimento de Água Marrecas, em Caxias do Sul, RS.

Em seu discurso, a presidente citou a capacidade de geração de empregos em seu governo, usando os dados do IBGE divulgados no dia 21 de dezembro. "Vocês viram que foi anunciada uma das menores taxas de desemprego dos últimos tempos. O IBGE divulgou que a taxa recuou para 4,9%, a segunda menor taxa dos últimos 10 manos. Só em dezembro do ano passado tivemos uma taxa menor", frisou a presidente.

Entre os programas de infraestrutura recentes, Dilma citou o incentivo à aviação regional, em especial as isenções para aeroportos do interior anunciadas no dia 20 de dezembro. Ela lembrou que Caxias do Sul tem potencial para ser um dos polos da aviação regional.

Dilma disse que o crescimento econômico e a geração de empregos são importantes na missão que o governo se impôs de redução da pobreza extrema. "Há dez anos, começamos esse processo, quando o governo Lula lançou o Bolsa Família. Sem o programa, existiriam no Brasil 36 milhões abaixo da linha da pobreza", afirmou. Ao citar que em torno de 53% da população em condição de extrema pobreza no Brasil era de crianças e jovens, Dilma destacou o lançamento em 2012 da Ação Brasil Carinhoso, que ampliou o benefício do programa para família com uma ou mais crianças de até 6 anos.


Além da extensão do benefício, Dilma citou os investimentos em educação como fundamentais para o Brasil dar um salto de competitividade. Ela listou projetos como o Pronatec e o Ciência sem Fronteiras, além da destinação dos royalties e participações especiais da exploração do pré-sal para a educação como provas desse compromisso.

Dilma encerrou o discurso com uma mensagem de otimismo para 2013. "Vamos continuar a gerar emprego, reduzir a pobreza e a desigualdade e a ampliar as oportunidades para que nossos filhos e netos tenham uma vida melhor que a nossa".

29 de dezembro de 2012

Europa não sairá da crise antes de 2014, diz BCE

A Europa não deve sair da crise econômica antes de 2014, afirmou no dia 22 de dezembro o integrante do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE), Benoit Coeuré. Assim, questões como elevar a taxa de juro ou reverter as medidas adotadas para fortalecer a zona do euro não estão sob avaliação no momento, disse ele à rádio France Culture.


"Nós não sabemos quanto a crise vai durar", uma vez que a economia da zona do euro "ainda está desacelerando", informou. Os países europeus mergulhados na crise da dívida soberana devem reduzir o déficit público em ritmo e condições que não sejam prejudiciais para economia, observou Coeuré.


Com relação às maiores economias da zona do euro, como a França, ele afirmou não ter dúvida de que esse ritmo "deve ser rápido, se esses países quiserem manter as atuais condições de financiamento." O governo francês prometeu reduzir o déficit orçamentário para 3% do Produto Interno Bruto (PIB) ainda no próximo ano, de 4,5% neste ano, um ritmo visto pelos economistas como irreal e potencialmente prejudicial para o crescimento econômico do país.

28 de dezembro de 2012

BC faz "recall" de moedas de R$ 0,50

O Banco Central divulgou no dia 20 de dezembro as regras para troca de moedas de R$ 0,50 que apresentam a denominação cinco centavos. "Por falha de produção fabril na Casa da Moeda do Brasil, podem ter entrado em circulação moedas de R$ 0,50 (cinquenta centavos) que apresentam, no reverso, a denominação 5 centavos", diz a instituição. "Em razão desse problema de fabricação, essas moedas não têm curso legal."
Em torno de 40 mil moedas de R$ 0,50 (cinquenta centavos) foram fabricadas com a denominação "cinco centavos" no verso.

Segundo o BC, as instituições financeiras deverão efetuar a troca dessas moedas de imediato, quando solicitado por qualquer pessoa, por valor equivalente a R$ 0,50 por unidade. Os bancos devem encaminhá-las, posteriormente, ao Departamento do Meio Circulante do BC para fins de ressarcimento.

As demais características da moeda são iguais às de R$ 0,50: coloração prateada, inscrição 2012 no reverso e figura do Barão do Rio Branco.

Segundo a Casa da Moeda, até 40 mil moedas podem apresentar o defeito, o que equivale a duas horas de produção de um único equipamento. O defeito foi descoberto depois que uma moeda de cinquenta centavos foi recebida como troco na cidade do Rio de Janeiro com o reverso estampado com a denominação de cinco centavos. Exame pericial concluiu tratar-se de defeito de fabricação.

27 de dezembro de 2012

Aeroportos do Galeão e de Confins terão R$ 11,4 bilhões

O ministro de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, anunciou no dia 20 de dezembro que o governo federal irá conceder à iniciativa privada os aeroportos de Confins, em Belo Horizonte (MG), e Galeão, no Rio de Janeiro (RJ). A decisão faz parte do Programa de Investimentos em Logística: Aeroportos, que está sendo lançado no Palácio do Planalto, com a presença da presidenta Dilma Rousseff. "Esse pacote de concessões tem o objetivo de melhorar a qualidade da infraestrutura aeroportuária e ampliar a oferta de transporte aéreo para a população", destacou Bittencourt.

Com as concessões dos dois aeroportos à iniciativa privada, o governo espera investimentos de R$ 11,4 bilhões nos dois terminais. O aeroporto do Galeão deve receber investimentos de R$ 6,6 bilhões. O de Confins, de R$ 4,8 bilhões. O governo vai exigir que os participantes do leilão, em 2013, tenham experiência com terminais que movimentam no mínimo 35 milhões de passageiros por ano. No pacote de medidas para estimular a aviação brasileira, os terminais regionais foram contemplados. O governo vai investir R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais.

Segundo ele, serão realizados "investimentos 100% públicos" em aeroportos regionais", com recursos do governo federal. Além disso, o "governo dará isenção e subsídios à aviação regional". Ele explicou que, para fortalecer a aviação regional, o governo federal irá contar com a parceria de Estados e municípios, por meio de concessões administrativas, pelas quais os Estados terão como prioridades a gestão dos aeroportos regionais.

Bittencourt destacou ainda que as medidas preveem aprimoramento da regulação do setor da aviação. "É preciso investir, melhor gestão, parcerias e também capacidade para melhorar a regulação, aprimoramento regulatório, para trazer melhores serviços e competitividade para garantir qualidade ao cidadão", enfatizou o ministro.

26 de dezembro de 2012

Governo prorrogará IPI menor para carro e linha branca

O governo deve atender ao pedido do setor privado e prorrogar a redução da alíquota do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, que vence no dia 31 deste mês. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também deve anunciar a renovação da redução do IPI para produtos da linha branca, como fogões e geladeiras.

O anúncio pode ser feito nesta quarta-feira pelo ministro, segundo fontes ouvidas pela Agência Estado. A preocupação do governo é não trazer mais um elemento negativo para o comportamento da inflação no início de 2013 e, ao mesmo tempo, continuar dando fôlego para recuperação da atividade industrial.

O setor automobilístico, por exemplo, argumentou que o repasse do aumento do IPI para os preços dos carros é inevitável. Isso porque, além do aumento da carga tributária, as empresas estão obrigadas, a partir de 1.º de janeiro, a produzir 60% dos automóveis com airbag e freios ABS, o que também elevou o custo de produção das empresas.

O setor de produtos da chamada linha branca (fogão, geladeira e etc) também solicitou ao governo mais tempo para a redução temporária de IPI. Estava em estudo tornar permanente parte do incentivo.

A queda do tributo tem sido adotada como política de curto prazo para socorrer a economia em momentos de fraco crescimento por causa dos efeitos de crises internacionais. Além de automóveis, estão com IPI reduzido produtos da linha branca, móveis e luminárias, bens de capital e materiais de construção.

25 de dezembro de 2012

Feliz Natal 2012

A Equipe do Portal Administração em Foco deseja um Feliz Natal.

"São nos pequenos gestos e atitudes do nosso dia a dia que devemos proporcionar o mínimo de alegria e compreensão a todos que nos cercam. Que o espírito natalino encha os nossos corações. Feliz Natal".

Nem pintado de verde elevaria investimento, diz Mantega

Admitindo frustração, o ministro da Fazenda, Guido Mantega disse que, mesmo que ele se pintasse de verde e fosse à Esplanada dos Ministérios, não conseguiria aumentar os investimentos durante a crise este ano. E, mais à frente na conversa de fim de ano com jornalistas no dia 19 de dezembro, pediu "chega de olhar para trás", destacando que 2012 já acabou.

Ele citou que em períodos difíceis os empresários só injetam dinheiro em condições seguras. Afirmou também que o governo 'fez o diabo' para elevar os investimentos este ano e mostrou confiança de que vão deslanchar em 2013, principalmente porque os juros reais para financiamentos estão negativos. "Não faltam condições para investimento."

O mesmo discurso de segurança de recursos vale para a Eletrobras. Segundo o ministro, a empresa terá caixa disponível para ampliar suas aplicações no setor, principalmente depois de receber as indenizações previstas com a adesão à proposta do governo de antecipar a renovação de contratos que vencem a partir de 2015.

Mantega disse que as companhias que aderiram à oferta vão receber parte à vista e outra parte "ao longo do tempo", mas não especificou como será a divisão. Ele salientou que os investimentos para o setor elétrico são o segundo maior no País, atrás apenas de gás/energia. "E vão continuar sendo."

Chega de olhar para trás

Para o ministro, a economia está em franca recuperação e pediu: "2012 já foi. Temos que olhar que a economia está se acelerando. Não olhem para trás. Mas olhem para frente". Ele ponderou que nunca se fez reformas tão importantes e mencionou, mais uma vez, a redução do custo da energia elétrica que entrará em vigor no próximo ano, o que também vai ajudar nos investimentos.

Sempre na linha otimista, destacou os programas de concessões e lembrou que todas as pesquisas de confiança estão positivas. Mantega conjecturou até que 2013 não precisa ser como 2010, quando a economia teve expansão mais de 7%. Mas falou que é preciso caminhar para o crescimento médio de 4,5% e 5%.

Para o ministro, o País vive o momento de desintoxicação dos juros. "O corpo econômico do Brasil estava viciado em juros. Todo mundo olhava os rendimentos." Agora, na opinião dele, os investidores têm de migrar de investimentos como o CDB para outros mais rentáveis, como o mercado de debêntures e de letras financeiras. "Nós acabamos com o período do lucro fácil, sem risco."

E completou : "Quero ver ganhar dinheiro com ousadia, suando a camisa e com espírito animal. Porque investir é correr algum risco. Por isso que o investimento titubeia na crise, porque é o compromisso com o futuro".

24 de dezembro de 2012

Obama rejeita "plano B" sobre "abismo fiscal"

A Casa Branca rejeitou no dia 18 de dezembro o "plano B" do presidente da Câmara dos Estados Unidos, John Boehner, para resolver o "abismo fiscal", afirmando que ela não cumpre as exigências do presidente Barack Obama por um enfoque equilibrado e não impõe um fardo tributário suficiente sobre os norte-americanos mais ricos.


A Casa Branca fez a declaração após um assessor de Boehner, o republicano de cargo mais sênior no Congresso, afirmar que o parlamentar vai começar a trabalhar em legislação "plano B", que simplesmente estenderia os impostos mais baixos sobre rendas menores do que 1 milhão de dólares por ano, enquanto as negociações continuam com a Casa Branca por um acordo mais amplo sobre impostos e gastos.

"Ele (Obama) não está disposto a aceitar um acordo que não exija o suficiente dos mais ricos em relação a impostos e, em vez disso, transfere o cargo para a classe média e os idosos", disse o porta-voz de Obama, Jay Carney, em comunicado. "O presidente espera que ambos os lados possam resolver suas diferenças remanescentes e chegar a uma solução para que não percamos a oportunidade que se apresenta a nós".

23 de dezembro de 2012

Donald Trump anuncia megaprojeto imobiliário no Rio de Janeiro

As cinco torres terão 38 andares e alto padrão, num terreno de 32 mil m2: vendas podem chegar a R$ 3 bilhões.

O empresário e apresentador americano Donald Trump anunciou no dia 18 de dezembro a construção de seu primeiro projeto no Brasil, a Trump Towers. O empreendimento ficará na zona portuária do Rio de Janeiro e será, de acordo com os responsáveis, o maior centro empresarial do Brasil. Os cinco prédios serão erguidos pela construtora Even e pela incorporadora MRP International.

A cerimônia de anúncio, feita na capital fluminense, contou com a presença do prefeito Eduardo Paes, além de Alberto Silva, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro, e Donald Trump Jr, filho do empresário.
Trump, por vídeo: "Irei ao Rio para as Olimpíadas, mas principalmente para ver a Trump Towers".

"Estarei na cidade para ver os Jogos Olímpicos e outros eventos, mas, principalmente, eu irei para ver a Trump Towers, que será um incrível sucesso e um bonito trabalho", disse, através de vídeo, Donald Trump, que apresenta o programa "O Aprendiz", na rede NBC.


Os cinco prédios terão 38 andares e área construída total de 322 mil m2. As torres, de alto padrão, ficarão na região do Porto Maravilha, projeto que revitaliza um espaço historicamente degradado da cidade. O empreendimento vai ocupar um terreno de 32 mil m2 na Avenida Francisco Bicalho.

Alinhados lado a lado, com os topos inclinados e situados a frente das águas da região portuária (veja na foto acima), os blocos lembram oParque da Cidade, empreendimento que é construído pela Odebrecht em São Paulo

Os construtores afirmam que o total investido não pode ser revelado, nem a participação da Caixa, parceira no projeto, por confidencialidade do contrato. Mas, segundo os responsáveis, um cálculo conservador apontaria que o empreendimento tem potencial para gerar R$ 3 bilhões, naquilo que o mercado chama de "valor global de vendas".

As primeiras duas torres devem começar a ser construídas no segundo semestre de 2013 e as outras três serão erguidas conforme a demanda. As duas torres iniciais só começarão a ser vendidas após todas as licenças serem obtidas para a construção.

"Temos a visão de que o Porto Maravilha fará nascer o novo centro empresarial do Rio", disse Stefan Ivanov, presidente-executivo da MRP. "Não há espaço para escritórios no centro do Rio. Há espaço na Barra, que fica a 25km, e aqui no Porto, que é do lado do Centro", afirmou.

"O Porto Maravilha é uma transformação que acontece no Rio, como vimos áreas serem transformada em Londres, Bilbao e Buenos Aires", disse Carlos Terepins, presidente da Even, construtora que tem grande presença em São Paulo e agora expande a marca para o Rio.


Para a Caixa, que faz investimentos e financia melhorias estruturais da região, o projeto será uma "âncora" na nova zona portuária. "Nós acreditamos no projeto e ficamos felizes em fechar o ano com mais essa parceria", disse Flávio Arakaki, superintendente nacional de fundos da Caixa.

O prefeito do Rio de Janeiro agradeceu Donald Trump por "acreditar na cidade do Rio" e destacou o tamanho do investimento. "Significa que essa marca fortíssima está apostando na cidade, não apenas até os Jogos Olímpicos, mas por um longo tempo", afirmou. "Esse é provavelmente o maior investimento imobiliário da história da cidade, excluíndo a Barra da Tijuca", disse o prefeito.

"Sentimos que a marca tem um longo caminho aqui. Estamos muito empolgados com o mercado brasileiro e com as parcerias que fizemos", disse Donald Trump Jr, filho do empresário, que representa o grupo no projeto e esteve na apresentação no Rio.

22 de dezembro de 2012

Brasil perde posto de 6ª maior economia do mundo

A desvalorização do real em relação ao dólar fez o Brasil perder o sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo. Considerando o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no 4º trimestre de 2011, e no 1º, 2º e 3º trimestres deste ano, o País voltou para a sétima posição, atrás do Reino Unido. A atividade econômica brasileira em marcha lenta foi decisiva para que a distância entre os dois países subisse para a casa dos US$ 200 bilhões, o equivalente ao PIB da Romênia.

A Economist Intelligence Unit (EIU), responsável pelo levantamento, calcula que a economia do Brasil só voltará a ultrapassar a britânica em 2016. "Segundo nossas estimativas, o País vai continuar crescendo mais do que o Reino Unido ao longo desses anos, mas, levando em conta a evolução da taxa de câmbio projetada para o período, o Brasil só voltará a ser sexto em 2016", explicou o economista da EIU responsável pela América Latina, Robert Wood.

A EIU, braço de análise da revista britânica Economist, considera no levantamento apenas o PIB nominal dos países (resultado da soma das riquezas produzidas) convertido em dólar. Por isso, na ‘disputa’ Brasil/Reino Unido, pesou a expressiva desvalorização do real ante a moeda americana em 2012. Até sexta-feira, o dólar ganhava quase 12% na comparação com o real. No mesmo período, a libra esterlina acumulava valorização de quase 4% em relação à moeda americana.

Como é inimaginável que o Brasil cresça os quase 16% que compensariam o desempenho das taxas de câmbio no ano, o País perderia a sexta posição do ranking de qualquer forma. No entanto, se o desempenho da economia brasileira fosse melhor, a diferença entre os dois países seria inferior aos quase US$ 196 bilhões de hoje.

Diferentes réguas

O Brasil cresceu 0,7% de janeiro a setembro deste ano, enquanto o Reino Unido registrou estagnação no período. Caso o Brasil tivesse crescido no mesmo ritmo de outros pares latino-americanos, como Chile e Peru, que vêm se expandindo na casa dos 5%, teria encurtado a distância.

O PIB nominal em dólar é apenas uma das métricas usadas para medir o tamanho e o dinamismo de uma economia. "Vários estudos apontam que, quanto maior é uma economia, mais atraente é para investimentos estrangeiros", disse o professor de economia do Insper Eduardo Correia. "Nesse quesito, portanto, o Brasil está bem. Mas em várias outras medidas deixamos a desejar."

Correia lembra que, no ranking do Banco Mundial que mede o PIB per capita, o Brasil ocupa apenas a 75ª posição. "No caso dos rankings que mensuram a qualidade da educação, a situação é ainda pior: o Brasil está no 88º posto."

Independentemente da métrica escolhida, é consenso que o Brasil precisa crescer mais rápido para melhorar as condições de vida da população, o que se refletirá nos diferentes rankings comparativos. "Várias questões que contribuíram para a expansão mais forte do Brasil nos últimos anos não estão mais soprando a favor", disse Wood, referindo-se ao "boom" dos preços das commodities, mercado de trabalho favorável e mudança estrutural no crédito. "Daqui para a frente, o País precisa ter ganhos de produtividade, o que passa por um menor ativismo do Estado, entre outros fatores."

O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, vai na mesma linha. Para ele, o governo brasileiro precisa de uma agenda que resulte em mais investimentos na economia. "Não vamos mudar nossa situação no curto prazo, mas é preciso um esforço grande para aumentar a produtividade e a competitividade do País."

Rosa observa ainda que a média de crescimento do PIB nos dois primeiros anos do governo Dilma é inferior a 2% ao ano - 2,7% em 2011 e 1% estimados para 2012. Para o ano que vem, o economista da Sul América projeta alta de 3,3% do PIB, o que elevaria a média anual para 2,3%.

"A queda do Brasil no ranking mundial das maiores economias decorre, principalmente, da taxa de câmbio. Mas, independentemente disso, o desempenho da economia tem sido fraco."

Para Correia, do Insper, se o Brasil mantivesse uma média de crescimento anual ao redor de 3%, conseguiria, pouco a pouco, reduzir a distância para as economias mais bem colocadas no ranking. "Não importam muito as variações de curto prazo da economia, mas seu desempenho em um período mais longo de tempo", comentou.

21 de dezembro de 2012

Brasil aumenta investimentos em startups cruciais de tecnologia


Rio de Janeiro – Nos últimos anos, as startups brasileiras começaram a atrair empresas importantes de capital de risco do Vale do Silício. Nesse processo, contudo, segmentos promissores da tecnologia foram ignorados.

Embora as empresas privadas estejam investindo prontamente em e-commerce e outras áreas badaladas, campos como nanotecnologia, robótica e tecnologia da informação – considerados fundamentais para transformar a economia brasileira, baseada na exportação de commodities e dependente do consumo – estão caindo no esquecimento.

Ao invés de deixar o financiamento das inovações apenas para empresas privadas de investimento, as autoridades brasileiras decidiram há vários anos entrar em cena e apoiar empresas recém-criadas. E, em 2007, o banco brasileiro de desenvolvimento, o BNDES, deu início ao Criatec I, um fundo de capital de risco com o objetivo de investir, ao longo de 10 anos, 100 milhões de reais em startups. Empresas estrangeiras de capital de risco foram convidadas a fazer investimentos a posteriori. Até hoje, nenhuma fez.
Marcio Spata e Eduardo Klingelhoefer, do BNDES: fundo para estimular inovação no Brasil.

O Brasil, por sua vez, intensificou esforços para promover o crescimento da tecnologia. O banco concedeu recentemente uma nova verba de 186 milhões de reais à Ícone Investimentos. O BNDES tem fornecido a maior parte do capital, recebendo também contribuições de bancos públicos regionais.

O governo tomou as rédeas dos investimentos, mas não por falta de interesse de empresas de capital de risco privado. Nos últimos dois anos, a Redpoint Ventures, a Accel Partners e a Sequoia se tornaram ativas aqui, assim como Peter Thiel, Dave McClure e investidores europeus e israelenses. Mas o BNDES acredita que ainda há uma enorme lacuna no que diz respeito ao financiamento de empresas recém-criadas.

"Eles estão investindo com tudo em modelos já difundidos de empresa, as 'copycats'. Não estão investindo de fato nas inovações tecnológicas", disse Robert E. Binder, cuja empresa privada, a Antera Gestão de Recursos, coadministra o fundo inicial Criatec com a Inseed Investimentos, de São Paulo.

A inovação é uma questão urgente no Brasil, dizem os economistas. De acordo com o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento Industrial, neste ano, até setembro, o país teve um déficit comercial 38,7 bilhões de dólares em bens de alta tecnologia, um aumento em relação ao ano passado. A economia do Brasil é altamente vulnerável às incertezas econômicas do resto do mundo, o que se reflete nas estatísticas de crescimento registradas no terceiro trimestre de 2012 no país.

As iminentes mudanças demográficas também preocupam. Em 2030, a população do Brasil deve cair e ficar cada vez mais velha, o que periga sobrecarregar os recursos do governo.

As empresas de capital de risco que investem no movimento das startups no Brasil veem a Criatec como bem-intencionada. Para Eric Acher, sócio fundador da Monashees Capital, ela é uma "ótima experiência de aprendizagem no que diz respeito ao foco em inovação".

Anderson Thees, da Redpoint Ventures, também elogiou o fundo.

"Eles provavelmente estão investindo em ótimas oportunidades logo que elas surgem", disse ele.

No entanto, esses e outros fundos de capital de risco ainda não se aliaram ao Criatec para viabilizar investimentos.

Por exemplo, o Criatec procura por empresas de desenvolvimento de tecnologia e com produtos de propriedade intelectual clara que podem ser licenciados ou retidos, disse Thees.

"O Vale do Silício não está tão interessado nisso", disse ele.

Acher concordou: "Eu não acho que o Vale do Silício esteja à procura das inovações tecnológicas do Brasil no momento", acrescentando que o retorno ainda não justifica o nível de risco envolvido.

O BNDES já esperava tal aversão ao risco quando criou o Criatec.

"Nem mesmo os fundos brasileiros mostraram interesse em empresas recém-criadas", disse Eduardo Rath Fingerl, um dos criadores do fundo. "Nós sabíamos que a iniciativa teria de vir inteiramente do BNDES."

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sempre teve um papel importante na ascensão do Brasil. Formado em 1952, o banco de desenvolvimento começou financiando projetos de infraestrutura. O alcance e o tamanho do banco cresceram consideravelmente na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que achava que o Brasil precisava de multinacionais de marcas famosas para ganhar respeito no exterior.

Em 2003, o banco desembolsou 11,7 bilhões de dólares, mas em 2010, esse número havia subido para 96,3 bilhões. Ele concedeu empréstimos subsidiados para a maioria das grandes empresas brasileiras, incluindo a gigante do petróleo Petrobras e a mineradora Vale. O banco também apoiou empresas estrangeiras, incluindo um investimento de três bilhões de dólares para que a American Airlines comprasse aviões da fabricante brasileira Embraer.

A supremacia do BNDES no Brasil tem atraído críticas no país. Alguns argumentam que as prioridades do banco do governo – que incluem o financiamento de fusões e aquisições – estão equivocadas. Alguns afirmam que esse tipo de investimento deveria ficar com o setor privado.

"O crédito de longo prazo ainda é um problema no Brasil", disse o economista brasileiro Mansueto Almeida. No entanto, "o Brasil de hoje é muito diferente do país há 20 anos. Temos mercados de capitais muito ativos".

O Criatec, no entanto, é um dos menores e menos controversos programas do banco.

Para Almeida, o BNDES "está tentando fazer a coisa certa" com essa alternativa. "Isso é exatamente o que se espera de um banco de desenvolvimento."

O histórico do Criatec I tem registrado avanços lentos. A Usix Tecnologia, uma empresa de tecnologia especializada em segurança no mercado de seguros que recebeu apoio do Criatec, foi adquirida pela Ebix, de capital aberto, em 2010.

O fundo também apoiou empresas promissoras, como a Amazon Dreams, que desenvolveu técnicas patenteadas para produzir açaí e outras bagas com teor mais alto de antioxidantes.

Alguns investidores estrangeiros estão começando a se interessar pelo portfólio da Criatec. A Intel Capital, divisão de capital de risco da fabricante de chips Intel, está avaliando a empresa de soluções de negócios com inteligência geográfica Geofusion. A informação é de uma pessoa que está a par das negociações e que pediu para não ter o nome citado, já que a negociação ainda estava em curso.

Neste ano, a Kleiner Perkins Caufield & Byers mostrou interesse na empresa de pesticidas agrícolas Bug Agentes Biológicos, mas disse que a startup precisava primeiro ter uma receita de 10 milhões de dólares. Agora, a empresa está discutindo uma parceria estratégica com a Sistemas Biológicos Bio-Bee, de Israel. Mas tais acordos em potencial também indicam que as empresas estrangeiras de capital de risco ainda não estão cortejando as startups menores.

"Todo mundo quer encontrar empresas com receita de 10 milhões a 15 milhões de dólares, mas simplesmente não existe um fluxo de negócios desse porte", disse uma pessoa familiarizada com os planos de expansão da Kleiner Perkins. Ela também pediu para não ter o nome citado, já que as negociações eram privadas.

Com base em estimativas de 2012, apenas uma empresa apoiada pela Criatec I, entre os 33 negócios nos quais investiu, vai cruzar a fronteira dos 10 milhões de dólares em receita.

A receita da Amazon Dreams, por exemplo, ainda é insignificante, apesar da febre do açaí nos Estados Unidos.

O BNDES também criou o fundo para ajudar acadêmicos que têm ótimas ideias, mas que não têm tanto êxito na obtenção de financiamentos junto ao setor privado quanto os empresários.

"O Brasil tem inúmeras mentes brilhantes", disse Rath Fingerl, que se aposentou do BNDES no ano passado, mas "a grande dificuldade é aproximar as comunidades científicas das empresariais".

O fundo também tem limitações. Por exemplo, o banco tem poder de veto sobre as decisões da maioria das empresas, mesmo sendo um acionista minoritário. No entanto, parece bastante flexível ao procurar por coinvestimentos.

A influência política do BNDES nas empresas do Criatec "é totalmente negociável", disse Marcio Spata, chefe do fundo Criatec no banco de desenvolvimento. "Estamos sempre abertos a mudar os nossos direitos" para atender a ofertas adequadas.

Eduardo Klingelhoefer de Sá, chefe do departamento de fundos do BNDES, disse: "Ficaríamos muito felizes com a aproximação de investidores privados, já que nossos riscos seriam reduzidos".

20 de dezembro de 2012

Os irmãos que criaram uma bolsa para quem ajuda a preservar florestas

OS JUSTICEIROS
Os irmãos Mauricio e Pedro Moura Costa na sede da BVRio, no Rio de Janeiro. Eles criaram um sistema de transação de cotas que pode pôr o Código Florestal para funcionar.

Ele poderia estar sobre uma prancha no mar carioca ou em turnê pelo Brasil fazendo um som com sua guitarra. Mas não. Há algumas décadas, o empreendedor Pedro Moura Costa abandonou o surfe diário, assim como os ensaios com o primo Rodrigo Santos, baixista na banda de rock Barão Vermelho, para dedicar seus dias às florestas. Hoje, com 49 anos e a bagagem de quem participou da criação do mercado de carbono, ele lançou no dia 10 de dezembro, uma bolsa de valores ambientais com características inéditas no mundo.


Se der certo, a bolsa fará justiça com aqueles que preservaram suas áreas de mata. “É um mecanismo que, pela primeira vez, colocará dinheiro no bolso de quem manteve suas florestas em pé”, afirma Justiniano Neto, secretário do Pará do Programa Municípios Verdes. “Os produtores ganharão com as árvores, assim como ganham os que colocam boi ou soja em suas terras.”

Pelo Código Florestal, a lei brasileira que define a ocupação do solo no país, os donos de fazendas no Brasil precisam manter parte de suas propriedades com florestas, uma área chamada reserva legal. O percentual varia de acordo com a localização. Na Amazônia, a cobertura vegetal deve preencher 80% da terra. Na Mata Atlântica, 20%. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelam que 80% dos 5 milhões de imóveis rurais não têm reserva legal suficiente. São fazendeiros ou posseiros que desmataram além da conta por má-fé ou derrubaram a mata numa época em que a lei era mais permissiva. Depois da aprovação do Código, os devedores terão até 20 anos para se regularizar. Eles podem deixar a mata se recuperar sozinha ou investir num reflorestamento caro, reduzindo a área de produção atual. Uma terceira opção é comprar créditos de quem preservou.


Aí entra o negócio de Costa. A recém-criada plataforma da BVRio é uma espécie de imobiliária on-line. Em vez de casa ou apartamento, compram-se ou vendem-se as cotas ambientais. O fazendeiro Flávio Carminati, de Paragominas, no Pará, tem 12.000 hectares de terras com soja e milho. Embora, segundo ele, esteja em dia com sua reserva legal, diz que pretende comprar algumas cotas. “Se, no futuro, eu quiser comprar outras terras sem reserva legal, posso usar esse mecanismo para compensar”, afirma.


A floresta negociada na BVRio não se transformará toda em dinheiro imediato. Como não há uma quantidade suficiente de cotas para um mercado de pronta entrega, as transações acontecem no presente, mas só serão pagas no futuro. Enquanto isso, a bolsa ajuda a ter uma ideia do tamanho do mercado. E ainda pressiona o governo federal a regulamentar o novo Código – apesar de ter sido aprovado, ele ainda precisa de algumas normas para sair do papel. “A intenção da BVRio é criar mecanismos de mercado que facilitem o cumprimento das leis ambientais”, diz o fundador Pedro Moura Costa. “Com a demanda pela compra e venda de áreas verdes mais claras, ajudamos a acelerar a regulamentação.” Ele estima que o mercado de devedores ambientais pode gerar negócios de R$ 100 bilhões e R$ 500 bilhões, dependendo do custo médio das transações.
NA VANGUARDA
Imagem aérea de uma fazenda em Paragominas, no Pará. Para se regularizar, grandes produtores já estão atrás de cotas florestais para comprar ou vender.

Não é a primeira vez que os produtores que preservaram escutam a promessa de recompensa financeira. Isso ocorreu com planos para remunerar aqueles que mantiveram suas árvores e evitaram a emissão de gases que provocam mudanças climáticas. Mas o produtor nunca foi recompensado de forma satisfatória. “Já criaram muita expectativa, mas, por causa da morosidade do governo, nada aconteceu”, diz Mauro Lúcio Costa, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas. “Desta vez, há muita gente querendo vender e comprar.”


A biografia extraordinária de Costa é um bom argumento para convencer os produtores do sucesso da bolsa. Formado em engenharia agronômica, fez mestrado e doutorado em biotecnologia vegetal em Londres e, de lá, migrou para a Malásia no começo dos anos 1990. No sudeste da Ásia, desenvolveu o primeiro projeto de certificação de crédito de carbono do mundo. Fundou então sua antiga empresa, a EcoSecurities, que se tornou líder na venda desses créditos e foi comprada pelo banco JP Morgan. Enquanto era pesquisador, seus estudos para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas receberam o Prêmio Nobel da Paz. Agora, uniu-se ao advogado e irmão Mauricio Moura Costa para recompensar quem cumpre a lei ambiental. Pedro diz que não faturará com a bolsa. O lucro da BVRio alimentará um fundo para investir em projetos ambientais.

As florestas são só o começo. Em 2013, a bolsa negociará créditos de reciclagem entre a indústria e os mais de 800 mil catadores de lixo do Brasil. Nas raras horas vagas entre uma invenção e outra, a dupla ainda pode ser vista arriscando umas ondas no mar do Rio de Janeiro. Já o rock’n’roll...

19 de dezembro de 2012

Lagarde prevê expansão de 1,6% para economias avançadas em 2013

As economias avançadas deverão crescer mais rápido que o esperado no próximo ano, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em comentários publicados em um jornal do Chile, no dia 16 de dezembro.

Lagarde afirmou ao jornal La Tercera que economias avançadas deverão crescer 1,6 por cento em 2013. A projeção está acima do último cenário oficial do FMI, divulgado em outubro e que previa avanço de 1,5 por cento das economias avançadas atingidas pela crise fiscal. Ela não alterou outras projeções do FMI.

"O cenário geral (global) para 2013 é de crescimento de 3,6 por cento, em média. Acreditamos que economias emergentes e economias de baixa renda vão se expandir em 5,6 por cento, enquanto as economias avançadas crescerão 1,6 por cento", disse Lagarde, segundo o jornal.

"Veremos uma ligeira melhora com relação a 2012", disse a diretora-gerente do FMI, que esteve no Chile no dia 14 de dezembro para uma conferência econômica. Para este ano, o FMI projeta um crescimento da economia global de 3,3 por cento.

18 de dezembro de 2012

Conheça 10 áreas em que faltam profissionais no Brasil

Todos os anos no Brasil, mais de 20 mil postos de trabalho no setor engenharia ficam em aberto porque não se formaram profissionais suficientes para preenchê-los.

Para lidar com esse déficit, faculdades vêm criando cursos mais voltados para áreas específicas (como petróleo) e institutos fazem parcerias como a fechada entre o Senai e o MIT (Massachusetts Institute of Technology) para operar centros de inovação no Brasil.

Mas não é apenas neste setor que há falta de profissionais. Segundo um estudo feito pela consultoria ManpowerGroup, 71% dos empregadores entrevistados no país dizem ter dificuldade para preencher postos nas mais diversas áreas - de motoristas a profissionais de tecnologia.

O dado fez com que o país ocupasse o segundo lugar entre os 41 países analisados - atrás apenas do Japão, onde 81% dos patrões sofrem mais para contratar, enquanto a média global é de 34%.

"De acordo com nossa pesquisa, a dificuldade de se preencher vagas no Brasil vem crescendo a cada ano. Do ano passado para cá, houve um crescimento de 15% na dificuldade relatada pelos empregadores em contratar", afirma Riccardo Barberis, diretor da Manpower Group no Brasil.

Barberis ressalta que a escassez se dá tanto na quantidade de profissionais como na qualidade deles, no caso de vagas que exigem conhecimentos específicos, e atinge cargos de nível superior e técnico.

Veja as 10 áreas no topo do ranking da pesquisa "Escassez de Talentos", da ManpowerGroup, e a opinião de especialistas sobre cada uma delas.

1º Técnicos

É no campo técnico que os empregadores mais enfrentam dificuldade para encontrar profissionais. E a escassez permeia todas as áreas técnicas, de automação a edificações, de eletrônica a alimentos e bebidas.

Segundo Barberis, no passado o curso técnico no Brasil era considerado um plano B, uma segunda opção. E por isso o investimento na área foi prejudicado, sendo incapaz de suprir a demanda atual.

O que fazer? Já se sabe hoje que os cursos técnicos oferecem uma oportunidade profissional mais rápida e, por isso, eles vem sendo valorizados e ganhando investimentos. Os especialistas concordam que o Brasil está caminhando na direção certa nesse setor.

"Mas diante da carência estrutural do mercado brasileiro, é preciso investir mais nessas políticas", afirma Barberis, citando o exemplo da Alemanha, que investe pesado em escola técnicas e é hoje um dos países na zona do euro com menor taxa de desemprego

2º Trabalhadores de ofício manual

Entram nessa categoria trabalhadores com uma habilidade específica ou autônomos especializados em um ofício, como costureiras, passadeiras, sapateiros, eletricistas, pintores, encanadores e pedreiros.

A escassez no Brasil segue uma tendência global, já que na média mundial a falta de profissionais nessa área é a primeira do ranking.

O que fazer? Como para muitas dessas profissões não são necessários cursos mais longos, de dois anos, basta um treinamento, trata-se, portanto, de um desafio menos complexo. Segundo Barberis, uma das saídas é conectar melhor jovens sem experiência, mas que querem trabalhar, por meio, por exemplo, de parcerias entre a iniciativa privada e o setor público.

3º Engenheiros

Uma pesquisa da consultoria PageGroup ilustra bem essa escassez. De mil oportunidades de emprego analisadas, 38% eram na área de engenharia. Boom na economia, a descoberta do pré-sal e megaeventos esportivos vêm alavancando o setor.

Para Marcelo De Lucca, diretor da PageGroup, faltou planejamento por parte do governo e das instituições de ensino. Ele cita ainda algumas das áreas da engenharia em que as faculdades voltaram a investir, como geologia, um setor que estava estagnado e que agora voltou a crescer.

O que fazer? De Lucca diz acreditar que as faculdades agora estão correndo para se atualizar e reverter esse cenário de falta de profissionais.

"As universidade começaram a se reposicionar em relação à demanda do mercado de trabalho", afirma. "Mas isso leva tempo para dar resultado, já que esses jovens vão se formar apenas em quatro ou cinco anos."

4º Motoristas

Faltam profissionais voltados para o setor de transporte de cargas, ou seja, motoristas de caminhão.

De acordo com a ManpowerGroup, isso se deve a mudanças no setor, como o fato de as transportadoras exigirem experiência e capacidade de conduzir caminhões cada vez mais modernos, com tecnologia avançada. Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmam que o número de veículos de carga registrados junto ao órgão é 2,5 vezes maior que o de profissionais inscritos.

O que fazer? No caso de caminhões mais modernos, fornecer mais treinamento.

5º Operadores de produção

O problema é semelhante ao caso dos profissionais de ofício manual, mas esses funcionários têm atuação mais técnica e trabalham na indústria. De acordo com especialistas, o crescimento da demanda não acompanhou o ritmo de formação e treinamento desses trabalhadores.

O que fazer? Segundo especialistas, são necessários cursos mais conectados com a necessidade das empresas. Outra sugestão citada é facilitar o modo como se recruta funcionários, divulgando a vaga em ambientes - reais ou online - frenquentados por jovens.

6º e 7º Profissionais de finanças e Representantes de vendas

Consultores da área de recursos humanos afirmam que empregadores têm sofrido uma dificuldade crescente para encontrar profissionais que atendam ao novo perfil da profissão.

De acordo com os especialistas, quem vende hoje precisa ter um conhecimento mais aprofundado, com mais habilidades na área de finanças e sistemas de comunicação em outros países, além de capacidade de pensar em soluções e gerir equipes.

O que fazer? Como a atividade está agora muito mais sofisticada, é preciso atualizar os cursos e focar nas áreas citadas acima.

Para reter talentos, Gilberto Cavicchioli, professor do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM, afirma que são necessários benefícios diferentes do que se oferecia no passado.

8º Profissionais de TI

A escassez diz respeito a área de tecnologia em geral, seja dentro de empresas do setor ou em companhias que nada têm a ver com tecnologia especificamente.

A demanda em TI explodiu tanto em empresas de desenvolvimento de software como em bancos e companhias de telefonia celular, por exemplo, onde se cuida de gestão dos computadores e áreas de sistemas internos.

O que fazer? "As faculdades, como as de TI, precisam de mudanças mais radicais", afirma Barberis. "O programa Ciência sem Fronteiras é positivo porque têm uma visão mais global, olhando de forma mais ampla. Mas as iniciativas ainda são restritas."

9º Operários

Os especialistas avaliam que faltam profissionais em diversos setores da indústria brasileira e dizem que a escassez foi gerada pelo aumento da demanda, que tem sido enorme nos últimos anos.

São inúmeras obras por todas grandes capitais e, como os prazos são escassos, não há tempo hábil para se dar oportunidade a quem não tem experiência, de acordo com a ManpowerGroup.

Há também carreiras mais atraentes, e a possibilidade de cursos técnicos acaba afetando a quantidade necessária de trabalhadores no setor.

O que fazer? Novamente, a chave é sintonizar melhor as necessidades das indústrias e trabalhadores que buscam emprego.

10º Mecânico

A profissão vive um cenário que mescla a situação do setor de ofícios manuais e a de motoristas, com profissionais com uma habilidade específica, mas que precisa se atualizar.

O que fazer? Novamente, a resolução desse problema passa por mais treinamentos específicos e cursos de atualização, especialmente os ligados à novas tecnologias. Também é preciso atrair jovens sem experiência para essa área.

17 de dezembro de 2012

Eike Batista cai para 3º lugar no ranking de mais ricos do Brasil

 Eike Batista, presidente do grupo EBX: terceiro mais rico do Brasil, segundo Bloomberg.

Depois de ocupar o primeiro lugar entre os mais ricos do Brasil, o bilionário Eike Batista caiu para a terceira colocação após virem à tona novos detalhes sobre o contrato de venda de fatia do grupo EBX para a Mubadala , empresa de desenvolvimento e investimento estratégico de Abu-Dhabi, segundo ranking da Bloomberg. O negócio, fechado por US$ 2 bilhões, inclui uma cláusula segundo a qual o grupo árabe poderia receber uma participação adicional na holding em 2019 caso Eike não conseguisse entregar os 5% de retorno anual sobre o investimento acertados com o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos.


De acordo com a Bloomberg, a cláusula fez com que a fortuna do empresário sofresse redução de US$ 6,8 bilhões, para US$ 12,7 bilhões. Com isso, Eike ficaria atrás de Jorge Paulo Lemann, da AB InBev, e de Dirce Camargo, do conglomerado Camargo Corrêa. No ranking global elaborado pela agência, o presidente do grupo EBX despencou para a 73ª colocação, contra a 36ª posição da lista no último dia 12, com fortuna estimada em US$ 19 bilhões.

Em 30 de novembro, o bilionário já havia perdido o posto de mais rico para Lemann , mas voltou a recuperá-lo no começo de dezembro graças à valorização das ações do grupo EBX. Logo após o anúncio do negócio com a Mubadala, no final de março, a fortuna de Eike foi estimada em US$ 35,5 bilhões.

16 de dezembro de 2012

Como falar bem no trabalho

Não importa qual é a sua profissão – todos os dias, você faz apresentações, ao tentar convencer de algo seu chefe, seu cliente ou sua equipe. O problema começa quando, ao lidar com uma ideia nova, um rosto estranho ou uma situação mais decisiva, o coração dispara, as mãos suam e a voz treme. São sintomas típicos de quem tem dificuldade de falar em público. Para ajudar você a lidar com a situação, fizemos um kit de orientações. Ele começa com um vídeo do palestrante e formador de palestrantes Roberto Shinyashiki e sete dicas para falar bem no ambiente profissional. Ele lançou em outubro o livro “Os segredos das apresentações poderosas” (Editora Gente). Entre as dicas de Shinyashiki, estão: 1) leve a sério qualquer oportunidade. Três minutos de exposição das suas ideias podem ser muito úteis; 2) use o tempo disponível para a apresentação. Respeite o limite definido pelo interlocutor; 3) defina um objetivo para a apresentação. Que resultado você quer a partir da sua fala?

- Dicas da equipe do TED (ONG americana dedicada à difusão de boas ideias por meio de ótimas apresentações)

- Sugestões de Nancy Duarte, especialista em apresentações, autora de“Slide:ology: The Art and Science of Creating Great Presentations” e “Resonate: Present Visual Stories that Transform Audiences”

- Apresentação de Nancy Duarte no TED sobre grandes apresentações

- Orientações de Nancy Darling, PhD em Psicologia, para que mesmo os tímidos se apresentem bem

- Software e aplicativos para organizar as ideias e fazer apresentações:

15 de dezembro de 2012

Como as disputas universitárias podem ajudar a formar profissionais melhores

EFICIÊNCIA Alunos do professor Demetrio Zachariadis, na Escola Politécnica da USP. Eles construíram um carro que rodou 160 quilômetros com 1 litro de gasolina (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA ).

Marcus Verrius Flaccus foi um ótimo professor na antiga Roma. Ele se tornou conhecido, no século I antes de Cristo, por introduzir a competição intelectual entre os alunos. Os melhores ganhavam livros antigos, belos ou raros. Impressionado com o método de Flaccus, o imperador Augusto confiou a ele a educação de seus netos, Caio César e Lúcio César. Graças à experiência romana, educação e competição têm uma relação íntima que dura até hoje. Flaccus reconheceria facilmente ecos de seu trabalho nas atuais olimpíadas de matemática.

Nos últimos anos, outro tipo de disputa educativa ganhou enorme espaço. São competições universitárias de cursos de engenharia, ciências e tecnologia. Elas exigem que os alunos construam equipamentos em equipe, a fim de vencer algum desafio. Nos Estados Unidos e naEuropa, o modelo de competições é muito comum e há um calendário anual recheado delas. NoBrasil, aos poucos, as competições se multiplicam e chamam a atenção dos estudantes. Atualmente, passam de 30.

Algumas delas já são tradicionais. É o caso do arremesso de ovo na Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG). Em abril, a prova chegará à décima edição (desafio: arremessar um ovo cru o mais longe possível, sem que ele se quebre na aterrissagem). Ou a construção de pontes de espaguete, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Em novembro, ela chegou ao oitavo ano (desafio: construir uma estrutura de espaguete cru que resista ao maior peso possível). A elas, unem-se novidades, como a competição de pontes de palitos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG), nascida no ano passado (desafio: s construir uma estrutura de palito, epóxi e cola branca que resista ao maior peso possível), e a corrida de carrinhos elétricos da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (desafio: construir modelos de carros elétricos velozes, dirigidos por controle remoto, que enviem dados de desempenho ao controlador). Parece tudo muito divertido. Mas o que, exatamente, um concurso de arremesso de ovo propicia aos alunos e à sociedade que, paga pelo funcionamento de universidades públicas?

“Essas competições tornam o ensino interessante, desafiador, divertido e mostram os cantos mais escondidos do campo estudado, aonde os alunos normalmente não iriam”, diz Tom Verhoeff, professor de ciência da computação na Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda. Verhoeff é um entusiasta desse recurso de ensino e lançou em 2011 o artigo científico Beyond the competitive aspect of the IOI: it is all about caring for talent (em tradução livre, Além da competição na Olimpíada Internacional de Informática: o que importa é nutrir o talento). No Brasil, o professor Ricardo Capúcio, do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da UFV, é um fã e adepto desse tipo de experiência desde 2003. Capúcio usa as competições de arremesso de ovo para mostrar o lado prático de uma disciplina de projeto de máquinas. Passaram por ela cerca de 400 estudantes. Em suas aulas, ovos já foram arremessados com estilingues, catapultas, foguetes de ar comprimido e bombinhas (proibidas recentemente, por questão de segurança). Como proteções para a aterrissagem, foram usadas combinações variadas de plásticos, colas, isopor e camadas de ar. O atual recorde de arremesso de ovo de seu curso é 102 metros.
BEM ESTRUTURADO
O professor Luis Segovia, do Departamento de Engenharia Civil da UFRGS, com uma ponte de macarrão. Uma dessas estruturas aguentou 234 quilos (Foto: Ricardo Jaeger/ÉPOCA).

“Fui motivo de chacota de outros professores. Diziam que isso não era engenharia”, diz Capúcio. “Mas as competições servem para que meus alunos constatem a existência de várias soluções para o mesmo problema.” Os estudantes também logo percebem o valor da brincadeira. “Começamos a disciplina com uma folha de papel em branco e terminamos construindo uma máquina completa”, diz Gustavo Veloso, mestrando em engenharia agrícola e vencedor da competição em 2010. Ele alcançou a glória ao lançar um ovo cru a 74 metros de distância. A carga chegou intacta ao solo. Capúcio se inspirou numa competição semelhante, com alunos que largavam ovos do alto de uma torre, observada em 2002 durante seu doutorado na Inglaterra. Esse tem sido o roteiro mais comum das competições – professores fazem pós-graduação no exterior e voltam com uma ideia na bagagem. O holandês Verhoeff diz que isso se repete mundo afora. Um organizador entusiasmado é o mais importante ingrediente para o sucesso desse tipo de projeto. Esse personagem costuma ser um professor. Mas outros tipos de patrono das competições começam a aparecer.


Quando era aluno, Felipe Quevedo, engenheiro civil formado pela UFRGS, participou da disputa de pontes de macarrão organizada pelo professor Luis Segovia (o docente se inspirara numa disputa semelhante, da Universidade de Okanagan, no Canadá). Depois de se formar, Quevedo continuou a tratar o assunto a sério. Conseguiu que a empresa onde trabalha como projetista estrutural, a Estádio 3 Engenharia, patrocinasse a competição de pontes de macarrão em sua antiga escola. Já passaram pela disciplina mais de 1.800 alunos, entre estudantes de arquitetura, engenharia civil, elétrica, química e de alimentos. As pontes de espaguete cru são submetidas a testes de peso. O recorde da competição, estabelecido em 2011, é de 234 quilos. Segundo Quevedo, a empresa tem interesse na formação dos alunos e acredita que a disputa ajudará a torná-los profissionais melhores. “Durante as competições, os alunos exercitam a capacidade de trabalho em grupo, comunicação, justificativa dos projetos e administração de prazos e recursos – tudo igual a um trabalho real de um engenheiro que lida com cliente e chefes”, diz o professor Segovia.

Para os alunos, esses são todos benefícios palpáveis. Essas experiências tendem também a melhorar quem ensina, desde que o professor que orienta a disputa se disponha a lidar com variáveis mais selvagens que aquelas bem domadas na lousa e nas páginas dos livros. Fora da sala de aula, os imprevistos dominam. Nem sempre é simples transformar a teoria em prática ou conciliar o que ocorre na prática com os ensinamentos teóricos. O professor Demetrio Zachariadis orienta os alunos da equipe Poli Milhagem, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Eles disputam a Maratona Universitária de Eficiência Energética, cuja edição mais recente ocorreu em julho (desafio: construir carrinhos capazes de carregar uma pessoa e percorrer a maior distância possível, à velocidade média de 25 quilômetros por hora, com o menor consumo de combustível). Entre os grandes ensinamentos desse tipo de competição, Zachariadis destaca a capacidade de lidar com os imprevistos. “Isso só se aprende na prática”, diz. “Tenho orgulho de oferecer uma estrutura teórica muito forte. Os projetos permitem ao aluno exercitar de formas novas o que eles aprendem.” Em 2012, o carrinho da Poli percorreu 160 quilômetros com 1 litro de gasolina. Um resultado impressionante, mas ainda distante do vencedor, do Colégio Técnico de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que percorreu 280 quilômetros. A Poli Milhagem trabalha para surpreender em 2013. Eles pretendem reduzir o atrito dos pneus com o solo e melhorar a lubrificação do motor.


Nada disso significa que as competições possam ser adotadas de forma apressada. Elas são úteis, mas, em excesso, podem atrapalhar a educação, diz Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP. Segundo ele, o desafio é incluir as competições no aprendizado, sem deixar arestas. “Se a disputa for o elemento central, pode deixar um clima ruim e desanimar os estudantes”, afirma. Vencer é sempre bom. Mas, para os professores, os alunos e a sociedade, que paga a conta, o que importa mesmo é formar profissionais melhores e com ideias mais arejadas.
                           (Fotos: UNESP Bauru, Instituto Federal do Maranhão e UFV).