30 de novembro de 2012

Mantega tem pressa na discussão de unificação do ICMS

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, manifestou no dia 27 de novembro, em café da manhã com senadores, interesse em acelerar o processo de discussão da proposta de unificação da alíquota interestadual de ICMS. O senador, no entanto, acredita que essa discussão não pode ser tratada como uma peça à parte, por se tratar de um principal mecanismo de desenvolvimento regional.

Foi confirmada a participação de Mantega, na próxima terça-feira (04/12), de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), para explicar a proposta do governo de unificação do ICMS


Pinheiro defendeu que junto com a unificação da alíquota do ICMS sejam discutidas a mudança do indexador da dívida dos Estados com a União e a simplificação do PIS e Cofins. Pinheiro afirmou que também sugeriu que houvesse um alongamento do prazo de pagamento da dívida dos Estados com a União. Ele disse que Mantega já sinalizou a possibilidade de mudar o indexador, mas que é preciso materializar a proposta. "Precisamos primeiro materializar a proposta e aí depois discutiremos qual o índice: Selic ou IPCA", afirmou Pinheiro.

Segundo ele, a mudança no índice de correção da dívida já deveria ter sido feita porque foi acertada com a base aliada, durante a negociação para a votação da Resolução 72, que trata da guerra dos portos. O senador disse que é muito importante começar o processo de discussão sobre a unificação do ICMS ainda este ano, para que um acordo possa ser costurado em 2013.

29 de novembro de 2012

Empresa italiana cria manequins que 'espionam' clientes


Ao sair do trabalho, uma jovem passeia por uma rua comercial, para em frente a uma loja de roupas, observa distraída um vestido na vitrine e entra para dar uma olhada.

A cena parece a mais comum possível, se não fosse pelo fato de que os movimentos da jovem foram captados pelas pupilas fotográficas do manequim que exibia o vestido, elaborando um perfil com sua idade, sexo, etnia e hora de entrada. Dados que serão posteriormente analisados pelos donos da loja.
Manequim espião foi apresentado pela empresa Almax durante a semana de moda de Milão.

Os manequins inteligentes nasceram para analisar as reações das pessoas que passam diante das lojas e ajudar as empresas de moda a elaborar estratégias de venda mais efetivas.

Mas não são poucos os que se perguntam se uma tecnologia desse tipo não significa uma violação ao direito à privacidade dos clientes.

Reconhecimento facial

Os manequins inteligentes são resultado do trabalho conjunto entre a empresa Kee Square, ligada à Universidade de Milão, e a empresa italiana de venda de manequins Almax.
 Manequins têm uma câmera no interior de suas cabeças para a captação das imagens.

Segundo seus criadores, o modelo Eye See Mannequin é fabricado com materiais biodegradáveis e tem uma câmera no interior da cabeça, para permitir a captação de imagens processadas posteriormente por um programa de reconhecimento facial.

Com essa tecnologia, o manequim pode detectar todas as pessoas que passam diante da loja, detectar se elas se mostraram interessadas no produto, registrar por onde passaram e elaborar perfis com dados como idade, origem e etnia do indivíduo.

Os manequins estão à venda pelo equivalente a R$ 10.500 cada um e se apresentam como uma ferramenta revolucionária de mercado para a indústria da moda.

Privacidade

A tecnologia que empregam é a mesma que vem sendo utilizada para vigiar centros comerciais ou aeroportos, mas o fato de essas câmeras estarem no interior dos manequins e não poderem ser vistas faz com que muitos questionem se isso não atentaria contra a privacidade do cliente.

Alguns representantes do mundo da moda afirmam que os manequins poderiam estar violando as leis de privacidade da União Europeia e de países como os Estados Unidos.
     Imagem captada pela câmera no manequim é analisada por um programa especial.

Mas segundo Fabio Mazza, diretor da Kee Square, o sistema elabora perfis "com um total respeito à privacidade", já que o sistema estaria protegido por "uma sofisticada mistura de hardware e software que processa a informação sem a necessidade de um computador".

Com esse sistema, o dispositivo não registraria nem enviaria nenhuma informação sensível, nem deixaria nenhum registro dos rostos dos indivíduos.

Segundo a Almax, cinco grandes empresas de moda já estão usando os manequins, mas a empresa não quis informar a identidade de seus clientes.


28 de novembro de 2012

Em cinco anos, EUA serão o maior produtor de petróleo do mundo


Os Estados Unidos irão superar a Arábia Saudita como principal produtor de petróleo do mundo até cerca de 2017 e passarão a exportar petróleo até 2030, de acordo com um relatório publicado este mês pela Agência Internacional de Energia.

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O aumento na produção de petróleo, aliado às novas políticas americanas para aumentar a eficiência energética farão com que os Estados Unidos se tornem "praticamente autossuficientes" em termos energéticos ao longo das próximas duas décadas – uma "diferença sensível em relação a outros países desenvolvidos", afirmou o relatório.
Campo de petróleo em Inglewood, Califórnia: EUA devem se tornar "autossuficientes" em petróleo nos próximos cinco anos.

"As bases dos sistemas energéticos globais estão mudando", afirmou Fatih Birol, economista chefe da organização sediada em Paris, responsável pelo relatório anual "Panorama da Energia Global", em uma entrevista.

Anteriormente, a agência que assessora nações industrializadas em relação a questões energéticas havia previsto que a Arábia Saudita seria o principal produtor mundial até 2035.

O relatório também prevê que a demanda energética aumente de 35 a 46% entre 2010 e 2035, dependendo da implementação das atuais políticas para o setor. Boa parte do crescimento ocorrerá na China, Índia e Oriente Médio, onde a classe média está crescendo rapidamente. As consequências são "potencialmente amplas" para os mercados e o comércio internacional de energia, segundo o relatório.

China será cliente do Oriente Médio

Birol acrescentou que o petróleo do Oriente Médio, que tinha público certo nos Estados Unidos, provavelmente será enviado para a China no futuro. Por sua vez, o carvão mineral produzido pelos Estados Unidos está perdendo demanda interna, mas os mercados europeus e chineses estão crescendo rapidamente.

Há uma série de componentes para a repentina mudança no fornecimento mundial de energia, mas o principal é o renascimento da produção americana de gás e petróleo, especialmente com a descoberta e a exploração do gás e do petróleo de xisto. A ampla adoção de técnicas como o fraturamento hidráulico e a perfuração horizontal tornou essas reservas muito mais acessíveis, causando uma queda drástica nos preços do gás natural.

O relatório prevê que os Estados Unidos superem a Rússia como principal produtor de gás natural em 2015.

As afirmações diretas e a especificidade das previsões feitas pela agência dão novo peso às tendências que se tornaram aparentes no ano passado. "Isso confirma diversas projeções recentes", afirmou Michael Levi, membro sênior de energia e meio ambiente no Conselho de Relações Internacionais.

Formada em 1974, após a crise do petróleo, por um grupo de países importadores, incluindo os Estados Unidos, a Agência Internacional de Energia monitora e analisa as tendências energéticas globais, para garantir fontes seguras e sustentáveis.

Levi afirmou que o relatório da AIE trazia "boas notícias" para os Estados Unidos, pois destacava as novas fontes de energia do país. Entretanto, alertou para o fato de que ser autossuficiente não significa que o país estaria isolado do aumento global de preços, uma vez que o valor do petróleo é estabelecido pelo mercado internacional. "O país talvez se torne menos vulnerável a mudanças repentinas de preço, mas isso não traz a independência energética comentada por tantas pessoas", afirmou.

Além disso, acrescentou, a projeção de autossuficiência feita pelo relatório presume que os Estados Unidos continuem a exigir um aumento na eficiência energética de carros, casas e aparelhos eletroeletrônicos. "É a oferta e a procura que causam esse incrível efeito", afirmou Levi.

Birol informou que 55% das previsões de uma maior autonomia energética nos Estados Unidos se devem ao aumento na produção de petróleo, enquanto 45% se devem ao aumento da eficiência energética no país, como consequência dos novos padrões automotivos de economia de energia instituídos pelo governo Obama. Além disso, Birol acrescentou que políticas de economia energética ainda mais radicais são necessárias nos Estados Unidos e em outros países.

O relatório afirmou que diversos outros fatores podem ter um grande impacto nos mercados energéticos globais ao longo dos próximos anos. Isso inclui a recuperação da indústria petrolífera iraquiana, que injetaria mais combustível no mercado, além da decisão de alguns países – especialmente Alemanha e Japão – de abandonar a energia nuclear após o desastre de Fukushima.

Energia mais barata

Segundo Birol, as novas fontes de energia ajudarão a economia americana, fornecendo um fluxo contínuo de energia barata. A AIE estima que os preços da eletricidade serão 50% mais baixos nos Estados Unidos do que na Europa, em grande parte por conta do aumento no número de usinas a gás natural, ajudando indústrias e consumidores americanos.

Mas a mensagem é menos tranquilizadora para o resto do planeta, em termos de aquecimento global . Ainda que o gás natural geralmente seja promovido como uma energia com baixa emissão de carbono em relação ao petróleo e ao carvão, o novo mercado energético global poderia dificultar ainda mais a prevenção do aquecimento global.

A redução no uso de carvão mineral por parte dos americanos faz com que o carvão seja utilizado em outros lugares, segundo o relatório. E o uso de carvão, a energia mais poluente que existe, continua a aumentar em outros locais. O relatório prevê que a demanda chinesa por carvão chegará ao topo em 2020 e permanecerá estável até 2035. Além disso, a Índia irá superar os Estados Unidos em 2025 como o segundo maior usuário de carvão.

Seguindo a recomendação de muitos cientistas, o relatório também informa que não mais de um terço das atuais reservas de combustíveis fósseis devem ser utilizadas até 2050 para que a temperatura média do planeta não aumente mais de 2 graus Celsius.

Esse tipo de restrição é impossível sem a assinatura de um tratado internacional até 2017, exigindo que países limitem o aumento de emissões, afirmou Birol, acrescentando que o avanço de tecnologias capazes de capturar e armazenar dióxido de carbono é fundamental.

"O relatório confirma que, em função das atuais políticas, passaremos com facilidade de todos os limites de emissão recomendados", afirmou Levi. "Isso acaba com a ideia de que o aumento no consumo de gás natural poderia resolver o problema."

27 de novembro de 2012

Carro no Brasil é o mais taxado do mundo, diz executivo da Renault


O presidente mundial da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, afirmou no dia 23 de outubro que, mesmo com a diminuição temporária do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), "o carro brasileiro é o mais taxado do mundo". A incidência de impostos elevados é, de acordo com o executivo, uma das duas razões de o preço final do carro ofertado ao consumidor brasileiro ser superior ao praticado em países da Europa, nos Estados Unidos e em outras nações emergentes.

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Carlos Ghosn, presidente da aliança Renault-Nissam, acredita que venda de carros cairá após retorno do IPI em 2013.

O outro motivo é a falta de competitividade da indústria nacional, acrescentou. "A falta de competitividade precisa ser melhor trabalhada. Não estou falando só das montadoras. São montadores, fornecedores, etc, etc. Quem paga é o consumidor. Isso é nossa responsabilidade. Ajudar o sistema a ter maior competitividade", disse Ghosn, nascido no Brasil e que tem cidadanias francesa e libanesa.

O presidente da Renault-Nissan previu que a venda de carros no Brasil em 2013 crescerá bem menos do que neste ano, quando a expansão está sendo de 5% (3,1 milhões de carros vendidos até agora), em relação a 2011. Para ele, a alta da comercialização de automóveis novos no ano que vem não será superior a 2%.

A previsão se deve à indefinição de como reagirá o mercado a partir de janeiro, com o fim da redução do IPI incidente sobre a venda de carros, em vigor desde maio. "Ninguém sabe qual será o efeito de quando o IPI voltar ao normal. O retorno ao nível normal vai pesar sobre a demanda. A venda de carros ficará abaixo do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em 4,5%", disse ele. Entre outros compromissos, ele está no Brasil para acompanhar a etapa final da Fórmula 1, no domingo.

No caso da Renault, o crescimento também deverá ser menor, já que a fábrica no Paraná fechará para obras no próximo dia 7, com previsão de retomada da produção só a partir de 7 de fevereiro.

Os dois meses de obras visam ampliar a capacidade produtiva da fábrica, que hoje é de 280 mil carros por ano. A meta da Renault é produzir a partir do ano que vem até 380 mil veículos. A fábrica de motores da Renault, também no Paraná, vai aumentar a capacidade de produção dos atuais 400 mil para 500 mil unidades por ano em 2013.

26 de novembro de 2012

Mercado reduz projeção de inflação e de crescimento do PIB

O mercado reduziu ligeiramente suas perspectivas sobre o crescimento econômico e inflação neste ano, mas manteve a avaliação de que a Selic ficará na atual mínima histórica de 7,25 por cento até o fim de 2013.

Segundo pesquisa Focus do Banco Central divulgada no dia 16 de novembro, os analistas consultados diminuíram suas contas sobre a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano a 1,52 por cento, ante 1,54 por cento do levantamento anterior e em 2013, passando a 3,96 por cento, frente a 4 por cento antes.

A projeção tem como pano de fundo as incertezas quanto à recuperação da atividade no final deste ano. A indústria, cuja produção recuou 1 por cento em setembro, continua sob os holofotes e mantém o tom de cautela entre analistas, mas as vendas no varejo também pesavam, após terem avançado apenas 0,3 por cento em setembro.

No dia 16 de novembro o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou que a economia acelerou o ritmo ao avançar 1,15 por cento no terceiro trimestre ante o período anterior, mas a queda mensal de 0,52 por cento em setembro ainda deixava evidente a fraqueza da atividade.

Para a produção industrial, os analistas consultados no Focus veem agora uma contração de 2,39 por cento em 2012, ante queda de 2,32 por cento na semana anterior. Para 2013, no entanto, a perspectiva de expansão foi elevada a 4,15 por cento, ante 4,10 por cento anteriormente.

Mesmo com as avaliações um pouco mais pessimistas sobre a economia, o mercado manteve a perspectiva de que a Selic encerrará 2013 na atual mínima histórica de 7,25 por cento ao ano.

Inflação

Sobre a inflação, os analistas reduziram ligeiramente as previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao final de 2012 a 5,45 por cento, ante 5,46 por cento anteriormente.

O mesmo movimento ocorreu sobre 2013. Os analistas cortaram um pouco suas estimativas para o indicador, a 5,39 por cento, ante 5,40 por cento antes. De qualquer forma, ambas leituras permanecem longe do centro da meta do governo, de 4,5 por cento.

Os últimos índices de inflação vêm mostrando desaceleração. No dia 19 de novembro, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) recuou 0,16 por cento na segunda prévia de novembro.

A pesquisa Focus desta segunda-feira mostrou também que o mercado elevou um pouco a previsão sobre o dólar este ano a 2,03 reais, ante 2,02 reais.

25 de novembro de 2012

Na China, recuperação se sustenta em dívidas


Pequim – Com guindastes de construção se movendo por toda a China, de Guangzhou a Pequim, e com usinas de aço e fábricas de concreto novamente ocupadas, a economia chinesa vem mostrando sinais de recuperação neste outono – mesmo com Estados Unidos e Europa ainda sofrendo.

A produção industrial, o investimento em ativos fixos, as vendas em varejo e a geração de eletricidade, tudo se fortaleceu mais do que o esperado em outubro, continuando uma tendência que começou em setembro, enquanto a inflação caiu mais do que a previsão. Os bancos estatais lançaram uma torrente de empréstimos a empresas estatais desde maio, produzindo um rápido renascimento dos gastos com investimentos neste outono – mas também levantando questões sobre a eficiência desses investimentos.
Construção de conjunto residencial em Guang­zhou, China. Economia continua crescendo, em parte devido a empréstimos dos bancos.

Uma série de dados foi divulgada recentemente quando autoridades e oficiais militares se reuniram para uma transição de liderança no Congresso do Partido, gerando algum ceticismo (no estrangeiro e na China) de que os dados possam ter sido manipulados para benefícios econômicos.

Mas embora muitos economistas e executivos digam que os dados econômicos chineses possam ter sido deliberadamente alterados, ao longo da primavera e verão, para ocultar a severidade da desaceleração econômica, eles expressaram mais confiança de que a economia já estaria em recuperação.

No entanto, o envelhecimento da força de trabalho, a sobrecarga de trabalho em muitas indústrias e pesadas dívidas corporativas parecem estar causando uma recuperação mais fraca do que em 2010, com poucos sinais de que as taxas de crescimento voltarão a atingir dois dígitos tão cedo.

"Dado que os indicadores foram publicados enquanto o Congresso do Partido estava em sessão, alguns céticos questionaram se podemos acreditar neles", declarou a Capital Economics, consultoria de Londres, numa nota de pesquisa. "Em nossa visão, existem sólidas evidências de uma reviravolta – mas não de uma forte recuperação."

Zhou Xiaochuan, governador do Banco Popular da China, o banco central do país, afirmou numa coletiva de imprensa que a economia parecia ter dado a volta por cima mesmo antes do forte desempenho de outubro.

"Depois que a economia da China se moderou no segundo trimestre, as políticas domésticas se adaptaram, ajudando a economia a se estabilizar no terceiro trimestre, especialmente em setembro", disse ele, prevendo que a economia continuaria crescendo a menos que problemas econômicos de outros países renovassem as dificuldades também para a China.

Muitas preocupações persistem sobre a sustentabilidade de uma recuperação modesta e altamente dependente de dívidas. Os bancos chineses estão emprestando num ritmo tão acelerado que, até o final do ano que vem, terão expandido seus balanços (em apenas cinco anos) numa quantidade equivalente aos balanços combinados de todo o sistema bancário americano, segundo a Fitch Ratings. E isso porque a economia da China tem apenas metade do tamanho da economia dos EUA.

Cada dólar adicional de empréstimo desde 2008 produziu menos do que metade do crescimento econômico de antes da crise financeira global. Empresas estatais concluíram tarefas urgentes, como construir usinas de aço suficientes para suprir a demanda doméstica, e agora estão investindo em projetos cada vez menos economicamente viáveis para sustentar a atividade econômica.

Como resultado, a carga de empréstimo do setor empresarial da China está aumentando em relação à produção econômica do país, chegando a 1,9 vezes a produção econômica deste ano, depois de se manter estável em 1,2 vezes a produção econômica nos anos antes da crise financeira global.

Charlene Chu, chefe de avaliações de bancos chineses da Fitch, previu que essa taxa de empréstimos não poderia continuar indefinidamente.

"Aumentar a alavancagem vai afundar a habilidade de pagar dos tomadores de empréstimos, ou as necessidades de financiamento e capital dos bancos ficarão sem recursos existentes", disse ela.

A ocorrência desses ziguezagues abruptos na política econômica chinesa parece ter acompanhado as lutas de facções dentro do Partido Comunista, embora autoridades não tenham reconhecido essa ligação.

A inflação subiu em 2010 e na primeira metade de 2011, levando a um aumento acentuado na frequência de greves e outros protestos de trabalhadores – que disseram que o poder de compra de seus salários diminuiu. O governo respondeu reduzindo tanto os programas de despesas públicas e os empréstimos de bancos estatais que a economia desacelerou fortemente na primavera e verão deste ano, com o crescimento quase estacionando para medidas cruciais de atividade econômica como a geração de eletricidade.

Zhou expressou preocupação com o enfraquecimento da economia no congresso popular nacional no início de março, enquanto a economia começava a ter sérios problemas mas as políticas do governo continuavam focando em conter a inflação. Mas enquanto Bo Xilai, membro do Politburo popular entre os esquerdistas, foi subsequentemente expulso e as facções discutiam sobre seu destino durante a primavera, a política econômica permaneceu restritiva e praticamente inalterada em março, abril e início de maio.

O banco central não é politicamente independente na China, e todas as decisões econômicas importantes exigem aprovação política do Comitê Permanente do Politburo.

Com o setor de construção demitindo grandes números de trabalhadores no final da primavera, e com as fábricas também cortando funcionários, o premiê Wen Jiabao começou a ordenar publicamente uma política econômica mais expansionista em maio. Agora isso parece ter ajudado a economia, criando ao menos um aumento temporário de prosperidade que coincidiu com o congresso do partido.

Segundo a Agência Nacional de Estatística daqui, a produção industrial cresceu 9,6 por cento em outubro frente ao ano anterior, comparado com 9,2 por cento em setembro e 8,9 por cento em agosto. As vendas do comércio subiram 14,5 por cento em outubro, frente a 14,2 por cento em setembro – embora a menor inflação no nível de consumo estivesse agindo como um freio no aumento das vendas do comércio.

O investimento em ativos fixos cresceu 20,7 por cento nos primeiros 10 meses deste ano, após um aumento de 20,5 por cento para os primeiros nove meses do ano. A China só divulga números do ano para investimentos em ativos fixos, em parte pela dificuldade de acompanhamento quando o dinheiro está sendo gasto em grandes projetos de construção.

24 de novembro de 2012

Austeridade sozinha não ajudará Europa, diz Dilma

Dilma Rousseff critíca políticas de austeridade na Europa em discurso na 22ª Cúpula Ibero-americana.

Em seu discurso na sessão de abertura da 22ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Conferência Ibero-Americana, que ocorre em Cádiz, na Espanha, a presidenta Dilma Rousseff voltou a defender o modelo brasileiro de investimento público e abertura de mercados como antídoto contra a crise econômica mundial.

Portugal e Espanha estão entre os países da Europa que mais têm sofrido com os efeitos da crise no continente. A presidenta criticou o modelo de austeridade fiscal proposto por alguns países da União Europeia que penaliza a população e não apresenta os resultados esperados. "O Brasil defende que uma consolidação fiscal exagerada e simultânea na Europa não é a melhor resposta à crise mundial e pode até levar a um agravamento da recessão", disse Dilma.


“Temos assistido, nos últimos anos, aos enormes sacrifícios por parte das populações dos países que estão mergulhados na crise: reduções de salários, desemprego, perda de benefícios. As políticas exclusivas, que só enfatizam a austeridade, vêm mostrando seus limites em virtude do baixo crescimento. E, apesar do austero corte de gastos, assistimos ao crescimento dos déficits fiscais e não a sua redução. Os dados e as previsões para 2012 e 2013 mostram a elevação dos déficits e a redução dos PIBs [Produto Interno Bruto]”, disse.

Para a presidenta, a simples demonstração de rigor nos gastos públicos não é suficiente para garantir a confiança no mercado internacional. “Confiança não se constrói apenas com sacrifícios. É preciso que a estratégia adotada mostre resultados concretos para as pessoas, apresente um horizonte de esperança e não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento”, destacou.


Portugal e Espanha têm sofrido, não apenas com as pressões do resto da Europa pelo rigor fiscal, mas também com uma série de manifestações de trabalhadores contra as medidas adotadas em busca desta austeridade. Por causa dos cortes de salários e direitos sociais, os dois países têm enfrentado greves e confrontos entre trabalhadores e policiais.

Dilma cobrou que os países superavitários façam a sua parte para que se normalize a atividade econômica sadia entre os países abrindo mercados e estimulando as importações em seus territórios. Segundo a presidenta, os governos devem estimular o aumentar os investimentos e do consumo tendo como objetivo a retomada do crescimento da economia mundial.

Ela também apresentou dados sobre a economia brasileira para demonstrar que o modelo adotado pelo Brasil apostou na inclusão econômica e na garantia de direitos sociais para conseguir um desenvolvimento sustentado ao longo dos últimos anos. Dilma lembrou que os países da América Latina passaram 20 anos adotando o modelo de austeridade proposto agora a Portugal e à Espanha.


“Quando nos reunimos em Guadalajara [México], duas décadas atrás, a América Latina ainda vivia as consequências de sua “crise da dívida”. Os governantes de então, aconselhados pelo Fundo Monetário Internacional [FMI], acreditavam, erradamente, que apenas com drásticos e fortes ajustes fiscais poderíamos superar com rapidez as gravíssimas dificuldades econômicas e sociais nas quais estávamos mergulhados. Levamos assim duas décadas de ajuste fiscal rigoroso, tentando digerir a crise da dívida soberana e a crise bancária que nos afetava e, por isso, nesse período, o Brasil estagnou, deixou de crescer e tornou-se um exemplo de desigualdade social”, destacou.

23 de novembro de 2012

Walmart amplia investigação sobre suborno e inclui Brasil, China e Índia


O Walmart revelou que sua investigação sobre violações de uma lei federal americana contra suborno será estendida para países emergentes, como China, Índia e Brasil, além do México. Os países são alguns dos mercados internacionais mais importantes para o varejista norte-americano.

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A revelação, feita em um formulário enviado à Securities and Exchange Comission (SEC, a equivalente americana à Comissão de Valores Mobiliários brasileira), evidencia potenciais violações ao Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) – uma lei que proibe empresas americanas de corromper autoridades de países estrangeiros – e dá continuidade à investigação sobre um esquema de suborno envolvendo a abertura de lojas no México.
                                          Walmart é a maior rede de varejo do mundo.

O anúncio ressalta o grau em que o Walmart reconhece que a corrupção pode ter infectado suas operações internacionais e reflete um alerta crescente entre os auditores internos da companhia. Pessoas próximas à empresa descreveram como o cumprimento de uma rotina de auditoria rapidamente se transformou em uma ampla investigação no ano passado, envolvendo centenas de advogados e três ex-procuradores federais. Isso ocorreu após a empresa descobrir que o jornal The New York Times estava investigando problemas nas operações da companhia no México.

Uma pessoa com conhecimento sobre as investigações internas do Walmart alertou que a revelação feita no dia 15 de novembro, durante a divulgação dos resultados, não significa que a empresa pagou propina na China, Índia e Brasil. Contudo, ela indica que a companhia achou evidências suficientes para justificar sua preocupação sobre suas práticas de negócio nos três países – preocupações que vão além de questionamentos iniciais e que são sérias o suficiente para que os acionistas precisassem saber.

O Walmart divulgou um comunicado confirmando as descobertas e disse que seria inapropriado comentar sobre as alegações antes que as investigações sejam concluídas. (O iG tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa do Walmart no Brasil, no dia 16 de novembro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.) O departamento de Justiça dos EUA e a SEC, com a cooperação do Walmart, estão também analisando se as práticas da empresa atendem a lei anti-suborno.

Em abril, o The New York Times informou que, há sete anos atrás, o Walmart encontrou evidências de que sua subsidiária no México pagou propina como parte de seus esforços para abrir mais lojas, uma violação do FCPA. Uma investigação interna foi abafada por executivos baseados na sede da empresa, em Arkansas (EUA).

Até agora, o Walmart gastou US$ 35 milhões em um programa de compliance que começou em 2011 e possui mais de 300 advogados e contabilistas trabalhando, disse a empresa. Ela já gastou US$ 99 milhões em nove meses desde o início da investigação atual.

Entre as consequências de expandir a investigação, o Walmart pode reduzir a velocidade de sua expansão internacional. A empresa diz no documento entregue à SEC que novos inquéritos começaram em países como China, Índia e Brasil, mas não estão restritas a eles. O documento não especifica a natureza dos problemas com suborno nos três países.

Walmart cresce fora dos EUA

O crescimento internacional é crítico para o Walmart e o Brasil, Índia, China e o México, juntos, ficam em terceiro lugar entre as subsidiárias internacionais mais importantes da empresa. A divisão internacional do Walmart estava em franco crescimento, mas a velocidade está diminuindo ultimamente. No terceiro trimestre de 2012, a empresa afirmou que as vendas internacionais aumentaram 2,4%, para US$ 33,2 bilhões, o que representa cerca de 29% de todas as vendas internacionais da empresa.

Mais de metade das 10.524 lojas do Walmart estão fora dos Estados Unidos. O México tem 2.230 lojas, o Brasil tem 534 e a China tem 384. C. Douglas McMillon, CEO da Walmart International, disse em junho que ele não esperava que a investigação impedisse o crescimento internacional. “Só o tempo irá dizer”, disse o executivo.

Investigação começou em 2011

A investigação do Walmart foi iniciada por Jeffrey J. Gearhart, conselheiro-geral do Walmart, que acompanhou como a Tyson Foods foi multada por violações relativamente menores do FCPA. Ele decidiu que faria sentido testar as defesas internas do Walmart contra a corrupção.

A auditoria começou no México, China e Brasil, os países que os executivos do Walmart consideram mais propícios para esses problemas. O Walmart contratou a empresa de auditoria KPMG e a firma de advogados Greenberg Traurig para conduzir a auditoria. As empresas fizeram entrevistas e revisaram os sistemas locais para verificar como as subsidiárias do Walmart estavam cumprindo os procedimentos de compliance exigidos.

A política anti-corrupção do Walmart, por exemplo, requer pesquisa sobre todos os terceiros – como advogados – que representam a empresa no contato com agências governamentais. As empresas checaram se esses procedimentos estavam sendo feitos. Em julho de 2011, elas identificaram fraquezas significativas nas três subsidiárias. “Estava claro que eles não estavam executando as políticas”, disse um representante do Walmart ao jornal.

Os problemas eram suficientes para convencer o Walmart a expandir a auditoria às 26 subsidiárias estrangeiras. O trabalho começou no final de 2011. As empresas de auditoria contratadas despacharam “times de compliance”, compostos de advogados e contabilistas, para todas as subsidiárias no mundo. Os “times” atribuíram a maioria dos problemas à falta de treinamento.

Os executivos do Walmart ficaram preocupados com as descobertas, mas não alarmados demais. A auditoria estava mostrando os tipos de problemas e descuidos que afetam muitas empresas globais. Contudo, no final de 2011, o Walmart descobriu que o jornal The New York Times estava examinando a resposta da empresa às acusações de suborno ocorridas em 2005 no México.

O Walmart rapidamente começou sua investigação interna. A empresa contratou novos advogados, dessa vez da firma Jones Day. Eles começaram a investigar quando os executivos da empresa anularam as investigações em 2005. Em dezembro de 2011, o Walmart enviou os novos advogados para o México para fazer entrevistas. A empresa começou a olhar para outras acusações, tanto no México como em outros países.

Investigação mostra resultados

Algumas das mudanças no Walmart já tiveram resultados. Os conselheiros da empresa em cada país estavam acostumados a responder para o CEO daquele país – o que poderia criar conflitos de interesse se o CEO da subsidiária estivesse envolvido em crimes de corrupção. Agora, eles reportam ao conselheiro global da Walmart International.

A empresa também contratou diversos executivos da área de compliance e um vice-presidente de investigação global, que já trabalhou no Federal Bureau of Investigation (FBI). Ela também mudou o protocolo de investigação e pediu para que as subsidiárias denunciem não-conformidades ao escritório global de ética da empresa, em Bentonville (EUA), antes de qualquer investigação.

“A revelação feita pelo Walmart no dia 15 de novembro suporta seus esforços para ser transparente”, disse Matthew J. Feeley, um advogado do escritório Buchanan Ingersoll & Rooney, que é especializado em casos de corrupção. Em casos com este, a empresa enviará atualizações regularmente à SEC e ao departamento de Justiça dos EUA com “apresentações muito detalhadas sobre os resultados da investigação interna”, na esperança de receber menos punições.

Ainda não está claro se autoridades na China, Índia e Brasil estão conduzindo investigações em paralelo sobre as práticas do Walmart. No México, autoridades locais conduziram uma investigação própria para esclarecer as acusações sobre corrupção envolvendo autoridades do governo mexicano.

22 de novembro de 2012

Brasil volta a atrair mão de obra altamente qualificada

A mobilização conjunta de iniciativas do governo, das universidades e das empresas tem começado a desenhar uma nova perspectiva para ampliar a oferta de mão-de-obra de alta qualificação no Brasil, especialmente atraindo de volta ao país pesquisadores brasileiros que atuavam no exterior. Ainda que apenas os primeiros sinais dessa mudança comecem a ser percebidos, eles apontam para a possibilidade de reversão do déficit de profissionais que o Brasil enfrenta em áreas como engenharia ou biotecnologia.

Mas, por mais que o cenário esteja em transformação, o país ainda está longe de ter uma participação contundente no trânsito internacional de geração de conhecimento. Para reverter esse cenário, não são só o governo brasileiro — por meio de programas como o Ciência Sem Fronteiras (leia mais ao lado) — e as empresas que estão se movimentando para contribuir para mais brasileiros estudarem no exterior. Instituições estrangeiras também veem no crescimento do país uma oportunidade para atrair novos estudantes, que, na maioria dos casos, têm voltado para trabalhar no Brasil.

Foi isso que a Pew detectou em um levantamento que aponta que 70% dos brasileiros que receberam bolsas para estudar nos Estados Unidos até 2006 retornaram ao Brasil. A taxa é alta se comparada a outros programas de doutorado e pós-doutorado no exterior. “O Brasil sempre nos traz fortes candidatos que, em geral, também são muito comprometidos em retornar a seu país para levar esses conhecimentos”, diz Anita Pepper, diretora dos programas da Pew em Ciências Biomédicas, que fica na Filadélfia. Segundo os dados da Pew, 83% desses brasileiros que retornaram ao país, voltaram também para atuar em suas instituições de origem.

Desde o início do programa de Fellows latino-americanos, há duas décadas, a Pew já investiu mais de US$ 18 milhões. Somente os cientistas brasileiros e seus projetos de pesquisa já receberam mais de US$ 5 milhões. A Pew seleciona anualmente 10 cientistas da América Latina para fazerem parte do programa Pew Fellows Latin America. Os brasileiros se destacam com o maior número de adesão ao programa.

Inserção global

A inserção das companhias instaladas no Brasil no contexto global de pesquisa tem sido um fator determinante para que mais empresas aprimorem seus quadros de pesquisadores. Foi esse contexto que trouxe Gabriela Gebrin Cezar de volta ao Brasil para integrar a equipe da Pfizer como diretora sênior para Brasil e América Latina em Pesquisa e Desenvolvimento, Inovação e Parcerias Estratégicas em Pesquisa. Recentemente, foi escolhida pela revista Forbes como um dos 12 cientistas revolucionários em células tronco — sendo a única mulher entre todos os selecionados.

“A experiência de estudos no exterior traz também um aprimoramento da cultura empreendedora estrangeira para as universidades brasileiras. E, em uma economia global que será cada vez mais centrada em inovação, os pesquisadores se tornarão essenciais para o desenvolvimento”, diz Gabriela.

A conjuntura para casos assim se tornarem cada vez mais comuns no Brasil também tem sido dada pelo aumento da maturidade das universidades ao trabalharem lado a lado com a iniciativa privada que, por sua vez, tem ampliado os investimentos em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. A Pfizer, por exemplo, montou um novo laboratório em Itapevi, interior de São Paulo, contratou quatro cientistas e tem perspectiva de expansão em breve.

21 de novembro de 2012

Espanha quer aliança com América Latina para enfrentar crise

 Rei Juan Carlos abriu a XXII Cúpula Ibero-americana, no dia 16 de novembro, em Cádiz.

O rei espanhol Juan Carlos abriu no dia 16 de novembro a XXII Cúpula Ibero-americana, em Cádiz, propondo alianças entre Espanha, Portugal e países da América Latina a fim de aproveitar a atual bonança econômica das antigas colônias. Segundo ele, os dois lados do oceano devem falar com "uma só voz".

"Nossos olhos estão em vocês, temos experiência que se pode dividir", disse aos chefes de Estado e de Governo da América Latina presentes à inauguração da cúpula. Para o rei, atualmente o continente latino-americano tem mais coesão social, mas ainda precisa lutar contra as desigualdades.


"A Espanha tem sido terra de acolhida da América Latina", afirmou o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy. Segundo ele, contar com "mais América Latina na Europa e na Espanha é uma receita imbatível para afrontar os atuais desafios".

O que ficou claro na abertura do encontro é o desejo de "uma relação renovada" entre América Latina, Espanha e Portugal. Neste primeiro dia, a presidente Dilma Roussef teve duas reuniões bilaterais com República Dominicana e Haiti.

Acompanham a presidente brasileira os ministros Antonio Patriota, das Relações Exteriores, Aloizio Mercadante, da Educação, Helena Chagas, da Comunicação Social, e Marco Aurélio Garcia, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais.


No dia 17 de novembro, a presidente Dilma se posicionou sobre a crise na Europa ibérica, na sessão plenária em que os chefes de Estado e de governo assinarão a Declaração de Cádiz.

O documento destacará o desenvolvimento de infraestruturas, a promoção de micro, pequenas e médias empresas e políticas de crescimento econômico e emprego.


Contexto

A Cúpula Ibero-americana nasceu em 1991, no México. Ela é sediada pela Espanha pela terceira vez.

Não participaram do evento os presidentes do Uruguai e Argentina, que alegaram problemas de saúde, e os de Venezuela, Cuba e Nicarágua. O presidente de Guatemala Otto Pérez Molina cancelou a viagem por causa do recente terremoto no país. O Paraguai, que está suspenso do Mercosul, não teve representação este ano.

Cádiz foi escolhida para sediar o encontro em comemoração ao bicentenário da primeira constituição liberal espanhola. Mariano Rajoy disse em seu discurso que Cádiz é uma cidade europeia e americana ao mesmo tempo. "Em cada canto desta cidade se respira América. Temos a cultura de liberdade compartilhada nas duas margens do oceano", disse.

A província de Cádiz tem atualmente uma taxa de desemprego de 36%, uma das piores da Espanha e superior à media nacional, de 25%.

20 de novembro de 2012

Juros do cartão de crédito ficam em um dígito, o menor patamar da história

A taxa média do crédito rotativo do cartão de crédito recuou 1,04 ponto porcentual em outubro, de 10,41% ao mês em setembro para 9,37%, segundo a Pesquisa de Juros da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), divulgada no dia 14 de novembro. A taxa é a menor da série histórica, iniciada em 1995, e pela primeira vez ficou abaixo de 10%. "Não temos mais no País taxa mensal média de dois dígitos", disse o coordenador do levantamento, Miguel José Ribeiro de Oliveira. No ano, os juros do cartão de crédito passaram de 228,17% em setembro para 192,94% em outubro.

Em nota, a Anefac avalia que as taxas de juros poderão continuar caindo nos próximos meses por causa da melhora da economia e devido à maior competição no sistema financeiro após os bancos públicos baixarem suas taxas de juros. Segundo a Anefac, a expectativa de redução dos índices de inadimplência no segundo semestre deve dar suporte adicional a essa tendência.

Todas as seis linhas de crédito para pessoa física pesquisadas pela instituição registraram queda nas taxas de juros em outubro. A taxa média recuou 0,31 ponto porcentual no mês (6,81 pontos porcentuais em doze meses), passando de 5,81% ao mês em setembro para 5,50% em outubro. Foi, também, a menor taxa da série histórica.

Entre as taxas oferecidas nesta categoria, os juros cobrados no cheque especial baixaram 0,20 ponto porcentual, passando de 7,95% para 7,75% ao mês. No ano, passaram de 150,42% para 144,91%. Os juros do crediário no varejo ficaram 0,10 ponto porcentual menores, passando de 4,20% para 4,10%. No ano, passaram de 63,84% para 61,96%.

Empresas

Foram reduzidas, ainda, as taxas das três linhas de crédito para pessoa jurídica pesquisadas. A taxa de juros média geral aqui caiu 0,14 ponto porcentual (2,38 pontos porcentuais em doze meses), passando de 3,31% ao mês em setembro para 3,17% em outubro, também a menor taxa de juros da série histórica, que neste caso data de 1999.

Já entre as taxas oferecidas para empresas, o maior recuo (de 0,21 ponto porcentual) foi registrado na conta garantida, que passaram de 5,94% em setembro para 5,73% ao mês em outubro (de 99,86% para 95,15% ao ano).

Os juros para capital de giro recuaram 0,18 ponto porcentual, passando de 1,72% para 1,54% ao mês (de 22,71% para 20,13% ao ano), e para desconto de duplicatas baixaram 0,03 ponto porcentual, de 2,26% para 2,23% (de 30,76% para 30,30% ao ano).

19 de novembro de 2012

Obama defende cortes de impostos para classe média

            Obama gesticula durante entrevista coletiva na Casa Branca, em Washington.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conclamou no dia 14 de novembro o Congresso a aprovar primeiro a extensão dos cortes de impostos para a classe média e depois discutir o que fazer com a tributação dos norte-americanos mais ricos, reiterando uma posição que ele vem defendendo há meses.

"Não devemos manter a classe média refém enquanto debatemos os cortes de impostos para os mais ricos", disse Obama em sua primeira entrevista coletiva em meses. "Nós devemos agir no mínimo em relação àquilo que concordamos", prosseguiu o presidente na Casa Branca.

Os comentários de Obama indicam a posição do governo nas negociações com os líderes no Congresso sobre o chamado "abismo fiscal", programadas para começar na sexta-feira na Casa Branca.

Obama defende que o Congresso prorrogue os cortes de impostos para os norte-americanos que ganham até US$ 250.000 por ano, mas enfrenta a resistência do Partido Republicano, que defende que os cortes também sejam mantidos para os mais ricos.

"A maioria dos eleitores concordou comigo", disse Obama em seu pronunciamento, referindo-se a sua posição de que os mais ricos devem pagar mais impostos.

18 de novembro de 2012

Chinesa Wuhan Steel arquiva plano de construir siderúrgica no Brasil

O grupo Wuhan Iron and Steel, quarto maior produtor de aço na China, suspendeu os planos para construir uma usina siderúrgica no Brasil após negociações para um investimento em infraestrutura terem fracassado, afirmou o presidente da empresa, Deng Qilin, no dia 11 de novembro.


O executivo disse à Reuters, nos bastidores de um congresso do Partido Comunista, que os parceiros da companhia no Brasil não conseguiram fornecer as condições necessárias para que a companhia, também conhecida como Wugang, investisse no país.

"Ferrovias, terminais portuários... não construíram nada. O mercado também não está lá, então agora interrompemos as conversas e, no momento, não estamos pensando sobre isso", disse ele.


A LLX Logística, um dos parceiros brasileiros, afirmou na semana passada que as negociações para o projeto de 5 milhões de toneladas anuais de aço no Porto de Açu estão agora "inativas" e que ambas as partes não se reúnem há meses.

17 de novembro de 2012

Brasil criará mais empregos em 2013, prevê ministro

A aceleração da economia brasileira deve contribuir para a criação de mais de 1,5 milhão de empregos no próximo ano, de acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto. "Se neste ano, que foi um ano difícil, conseguimos um saldo positivo de mais de 1,5 milhão de empregos, a tendência para o ano que vem é de um resultado melhor", afirmou ele, que preferiu não estabelecer um número específico porque o cálculo não seria baseado em uma análise científica.

No dia 10 de novembro, o ministro participa em São Paulo de uma reunião entre trabalhadores e empresas responsáveis pela construção de um polo da cadeia do petróleo em Suape (PE). Caso a projeção de Brizola Neto se confirme, a situação de pleno emprego registrada em algumas regiões metropolitanas, casos de Porto Alegre (3,6% de desemprego), Belo Horizonte (4%) e Rio de Janeiro (4,4%), deve se expandir ao longo do próximo ano.


Conforme o conceito internacional, lembrou o ministro, o pleno emprego é representado por taxas de desemprego ao redor de 4%. "A expectativa é de que esse quadro de pleno emprego, que hoje é realidade nas regiões metropolitanas, se espalhe e vire uma realidade em todo o País", destacou Brizola Neto. Para enfrentar possíveis problemas de escassez de mão de obra, o ministro defendeu o investimento na qualificação de mão de obra e o avanço da inovação dentro das empresas.

O direcionamento do investimento para essas áreas transferiria o debate sobre o custo de trabalho para o custo de produção, na visão do ministro. Dessa forma, as empresas brasileiras ampliariam sua competitividade. O investimento em qualificação e inovação também contribuiria para estimular a geração de empregos, o que beneficiaria diretamente a demanda doméstica e os negócios da indústria, do comércio e de serviço.


"Ao alimentarmos esse ciclo virtuoso e incluirmos os trabalhadores no mundo dos direitos com emprego formal, você também inclui diversos consumidores na economia nacional e com isso aumenta a demanda por serviço e por novos produtos", afirmou Brizola Neto. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, ponderou que não é plausível o Brasil atingir o pleno emprego apenas nas áreas de serviços e comércio e sofrer com taxas declinantes na indústria.

"Todo país que se desenvolveu tem a indústria forte. Por isso continuamos brigando para fazer com que a indústria continue crescendo e, para isso, a presidente tem que baixar impostos e juros", alertou o sindicalista, que também participa do encontro na sede da Superintendência do Trabalho e Emprego de São Paulo. "Com isso podemos alcançar o pleno emprego, com empregos de qualidade e altos salários", complementou.


O representante dos trabalhadores afirmou que continuará a defender a redução da jornada de trabalho para 40 semanais, sem redução de salário, além de reajustes para aposentados e o setor público. Para equacionar a situação de maior demanda por trabalhadores e o pleno emprego, Paulo Pereira da Silva também defendeu o aumento da qualificação dos trabalhadores. "Ontem mesmo estivemos com o governador (de São Paulo, Geraldo Alckmin), para montarmos um grande centro de qualificação na área de saneamento", exemplificou.

Greve

O presidente da Força Sindical também participa das negociações sobre o impasse entre trabalhadores e funcionários das obras da Refinaria Abreu e Lima e da Petroquímica Suape, em Pernambuco. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem no Estado (Sintepav-PE), Aldo Amaral, a classe patronal não estaria cumprindo uma cláusula negociada anteriormente que previa a equiparação salarial de trabalhadores de mesmas funções.


O sindicato estima que as negociações afetam aproximadamente 50 mil trabalhadores, em greve desde o dia 30 de outubro. Cálculos não oficiais sinalizam que a equiparação salarial traria um gasto adicional de aproximadamente R$ 30 milhões por ano para as empresas responsáveis pelas obras do complexo.

Além do encontro em São Paulo no dia 10 de novembro, e no dia 12 de novembro foi realizada uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PE) para discutir o impasse. Os trabalhadores agendaram no dia 13 de novembro uma assembleia para deliberar sobre o resultado dos encontros.

16 de novembro de 2012

País tem 4 vítimas de tentativa de fraude por minuto

As tentativas de fraude de roubo de identidade são comuns e crescem desde 2010, segundo o Indicador Serasa Experian de Tentativas de Fraudes. O estudo mostra que um consumidor brasileiro é vítima da tentativa de fraude a cada 15 segundos. São pessoas que correm o risco de ter seus cartões de crédito clonados, talões de cheque falsos emitidos e empréstimos bancários feitos por golpistas em seu nome, entre outros crimes.

Os golpes são classificados como o roubo de dados pessoais de consumidores para obter crédito com a intenção de não honrar os pagamentos ou fazer um negócio sob falsidade ideológica. Segundo a Serasa Experian, entre janeiro e setembro deste ano, 1.565.028 tentativas de fraudes foram registradas. O número representa um crescimento de 5,9% nas tentativas de fraude na comparação com o mesmo período de 2011 e de 13,7% na comparação com 2010.

O setor de serviços responde por 36% do total de tentativas de fraudes neste ano. O segmento inclui seguradoras, construtoras, imobiliárias e serviços em geral - como pacotes turísticos e salões de beleza. Já a telefonia está em segundo lugar, com 33% dos registros entre janeiro e setembro deste ano. Um exemplo de golpe neste segmento é a compra de celulares com documentos falsos ou roubados.

O ranking é completado pelos bancos e financeiras (18%), varejo (11%) e outros (2%). "É comum, no dia a dia, apresentarmos nossos documentos a quem não conhecemos. Podemos mostrar, por exemplo, a carteira de identidade ou o CPF a funcionários de lojas e porteiros de condomínios. E há ainda os cadastros pela internet. Tudo isso torna difícil ter controle sobre quem tem acesso aos nossos dados, mas há formas de o consumidor se prevenir. Uma delas é nunca deixar o documento com um desconhecido quando você não estiver por perto", afirma Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian. Segundo a empresa, o cuidado deve ser maior no fim de ano, quando a busca por crédito e o movimento no comércio são maiores.

Os dados do Indicador Serasa Experian de Tentativas de Fraude são resultado do cruzamento do total de consultas de CPFs efetuado mensalmente na empresa, da estimativa do risco de fraude e do valor médio das fraudes efetivamente ocorridas.

15 de novembro de 2012

Obama insiste que ricos deverão pagar mais impostos para baixar déficit

O presidente Obama, em discurso, insistiu em impostos mais altos para americanos mais ricos.

O presidente Barack Obama convidou os líderes do Congresso para irem à Casa Branca na próxima semana para iniciar as discussões que podem evitar o chamado "abismo fiscal", mas salientou as tensões entre os partidos políticos sobre impostos dizendo que qualquer compromisso terá de incluir impostos mais elevados para os americanos mais ricos. "Eu me recuso a aceitar qualquer abordagem que não seja equilibrada", afirmou Obama.

A posição de Obama sobre impostos está em disputa com o presidente da Câmara, John Boehner (republicano por Ohio), principal líder republicano em Washington, que a apenas duas horas antes havia dito que os republicanos não concordam com o aumento de impostos como parte do um acordo com os democratas.


"Não podemos apenas reduzir nosso caminho para a prosperidade. Somos sérios em relação à redução do déficit", afirmou Obama hoje à tarde na Casa Branca. "Teremos de combinar corte de gastos com arrecadação, o que significa pedir aos americanos mais ricos que paguem um pouco mais de impostos."

Como exemplo de um possível compromisso, Obama salientou que o plano de redução do déficit divulgado por ele ano passado, dizendo que embora ele não seja "apegado" a todos os aspectos do plano, ele aborda o "abismo fiscal" de uma forma equilibrada. O presidente disse que também planeja introduzir a abordagem da crise fiscal do ponto de vista de empresas, população e líderes trabalhistas.


Pouco depois, o secretário de Imprensa da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que Obama vetará a extensão dos cortes de impostos para a parcela mais rica dos contribuintes americanos. Em seus comentários, Boehner disse que espera "conversas produtivas" com o presidente relacionadas com o "abismo fiscal" na tentativa de chegar a um acordo para evitar uma combinação de aumentos de impostos e corte de gastos no final deste ano.

Boehner deixou poucas dúvidas de que os republicanos vão continuar a se opor ao aumento de impostos como parte de um compromisso com os democratas, embora tenha deixado a porta aberta para novas receitas que são geradas a partir do fim de algumas deduções fiscais.

"O problema com o aumento de imposto sobre os americanos mais ricos é que nós sabemos que mais da metade deles são donos de empresas de pequeno porte", afirmou. "Também sabemos que isso desaceleraria nossa economia." No entanto, ele acrescentou que "é claro que há todos os tipos de deduções, algumas que fazem sentido, outras que não fazem".

Obama manifestou sua vontade de alcançar um compromisso sobre um plano para reduzir o déficit, mas deixou claro que rejeita o plano dos republicanos de elevar impostos."Esta foi uma questão central durante a eleição. No dia 06 de novembro à noite, soubemos que a maioria dos norte-americanos concorda com a minha abordagem", afirmou.

"Quero ser claro. Não estou casado com cada detalhe de meu plano. Estou aberto a um compromisso. Estou aberto a novas ideias.", afirmou."Não pedirei a estudantes, aposentados e famílias de classe média para que paguem por todo o déficit, enquanto que pessoas como eu que ganham mais de 250.000 dólares por ano não arquem nada mais. Não farei isso", afirmou.

Sem uma ação do Congresso, uma série de cortes de gastos e aumentos de impostos automáticos entrará em vigor em 2 de janeiro do ano que vem.

14 de novembro de 2012

Lucratividade menor dos bancos deverá se repetir nos próximos trimestres


O aumento da inadimplência e a desaceleração do ritmo de crescimento do crédito seguirão pressionando a rentabilidade dos maiores bancos brasileiros de varejo no próximo trimestre, avaliam especialistas do setor. Encerrada a divulgação dos resultados financeiros dos principais bancos no terceiro trimestre do ano – último a apresentar o balanço trimestral, o Banco do Brasil reportou, no dia 08 de novembro, queda de 6% no lucro –, as perspectivas para os próximos três meses ainda são de ajuste à nova realidade de Selic e spreads menores e de maior rigor na concessão de novos financiamentos. O Itaú já havia reportado queda de 13,4% no lucro e o Santander, redução de 8,5% . O Bradesco teve uma pequena alta de 1%.
Inadimplência e redução do crédito impactaram negativamente resultados dos principais bancos de varejo no Brasil.

Analista da Empiricus Research, Rodolfo Amstalden destaca que a pressão do governo para que os bancos reduzissem os juros praticados na concessão de crédito e também a taxa de administração de fundos de investimento contribuíram para frear a rentabilidade das instituições financeiras. “Os resultados captaram de maneira mais sensível o intervencionismo do governo e não foram muito animadores, já que carregaram ainda a inadimplência e a desaceleração da concessão de crédito”, afirma.

Na opinião do economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, o cenário não deve mudar muito até o final do ano. Para ele, a competição por melhores taxas de investimento, liderada por Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, seguirá forçando a concorrência a reduzir o spread, o que, consequentemente, impactará negativamente os ganhos das instituições que operam no mercado nacional.

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A Souza Barros mantém, desde abril, uma posição neutra para as ações dos bancos. Analista do BES Securities, Gustavo Schroden revela que a redução dos spreads, associada à desaceleração do ritmo de crescimento de concessão de crédito, também levou o banco a adotar uma recomendação neutra para o setor de forma geral. Posição compartilhada ainda pelo Goldman Sachs que, em seus relatórios sobre o setor, vem destacando a necessidade de os bancos brasileiros buscarem maior eficiência operacional a fim de manter um nível de rentabilidade sustentável no médio prazo.

Investimentos em tecnologia e em ganhos de escala estão entre as medidas sugeridas pela instituição para melhoria da eficiência dos bancos, bem como um reforço nos serviços voltados a finanças pessoais. O próprio Goldman Sachs reconhece, todavia, que esse período de transição não será fácil. Não por acaso, o banco se diz “cauteloso em relação aos bancos brasileiros no curto prazo, uma vez que os analistas do setor enxergam turbulências à frente”.

Se quiserem recuperar a lucratividade os bancos terão que passar por ajustes muito fortes, opina o diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi. “Eles vão ter que mudar suas estruturas organizacionais, enxugar diretorias e vice-presidências e rever o sistema de bônus. Hoje, os bônus pagos por resultados alcançados são maravilhosos, sem paralelo em outras atividades econômicas”, diz.

O número de agências também deve diminuir, na opinião de Grisi, assim como o número de funcionários que atuam em cada uma delas. “Os bancos terão de manter apenas as agências mais lucrativas, optando por modelos de distribuição mais baratos, como correspondentes bancários ou distribuição eletrônica”, afirma.

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Para o economista-chefe da corretora Souza Barros, uma das soluções a serem adotadas pelos bancos para retomar parte da rentabilidade perdida será elevar as tarifas de serviços, de preferência sem aumentos visíveis aos clientes menos atentos.

“O banco do qual sou correntista não elevou as tarifas diretamente, mas reduziu os serviços oferecidos. Antes, eu tinha direito a fazer quatro DOCs e quatro TEDs por mês segundo as regras do pacote que contratei. Agora, posso fazer apenas três transações de cada tipo. Ou seja, houve uma elevação das tarifas, ainda que imperceptível para a maioria dos clientes”, exemplifica Vieira.
Bancos deverão fechar agências e elevar tarifas para recuperar parte da rentabilidade perdidas nos últimos meses.

Na opinião de Alexandre Póvoa, presidente da Canepa Asset, os bancos brasileiros sempre tiveram uma rentabilidade excepcional quando comparados às instituições de outras partes do mundo. O que se espera agora, diz, é um retorno mais alinhado à realidade global. Segundo Póvoa, essa tendência pode ser notada na precificação das ações do setor. “O comportamento dos papéis dos bancos brasileiros na bolsa de valores é outro indicador de que o setor está passando por um ajuste”, afirma.

Segundo relatório do Deutshe Bank, do início do ano até o último dia 5 de novembro, as ações os bancos brasileiros acumulavam perdas de 13%, desempenho inferior ao Ibovespa, que registrava queda de 5,5% no mesmo período.

Sem querer colocar lenha na fogueira, diz Póvoa, é importante ressaltar que esse aumento da inadimplência ocorre em um momento no qual a economia brasileira se encontra em uma situação de pleno emprego. Em outras palavras, destaca o economista, se hoje as pessoas estão deixando de pagar suas dívidas não é por falta de renda, mas sim por excesso de endividamento.

“Se a tão esperada recuperação da economia brasileira em 2013 não se confirmar e as empresas forem obrigadas a demitir, esse quadro de inadimplência pode se agravar tanto entre pessoas físicas quanto jurídicas”, analisa.

Na opinião dos analistas, entretanto, tais efeitos podem ser amenizados pela concentração do setor. Embora haja uma maior competição no que diz respeito às taxas de financiamento, a competição ainda é bastante insípida em relação às taxas praticadas pelas instituições. “Dificilmente um cliente troca de banco em busca de tarifas melhores. Por essa razão, elevar os custos dos serviços ainda representa uma maneira simples de recuperar parte da rentabilidade perdida pelos bancos”, destaca Póvoa.