31 de julho de 2013

Eike Batista deixa de ser bilionário, segundo Bloomberg

No ranking da Forbes, o empresário continua a ser listado como um dos cinco bilionários brasileiros.

O empresário Eike Batista não é mais bilionário, segundo a Bloomberg, agência de notícias que mede diariamente a variação do patrimônio dos homens mais ricos do mundo.

Segundo a empresa, Eike, que já chegou a possuir uma fortuna de R$ 70,3 bilhões em março de 2012, acumulou pelo menos R$ 4,06 bilhões em dívidas pessoais. Hoje, o empresário tem um patrimônio líquido de cerca de R$ 447,9 milhões.

De acordo com a Bloomberg, Eike agora deve R$ 3,03 bilhões ao fundo Mubadala, de Abu Dhabi, que fez uma restruturação dos R$ 4,06 bilhões de investimentos que tinha no grupo EBX. As informações foram passadas à agência, sob condição de anonimato, por três pessoas com conhecimento das negociações.

O empresário passa por uma crise de credibilidade entre investidores nos últimos meses devido à promessas não concretizadas. Suas seis empresas com capital aberto na bolsa de valores chegaram a perder 92% de valor de mercado.

O caso mais problemático é o da petroleira OGX, que suspendeu produção em poços e tem alto endividamento. A companhia é investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por possíveis erros e omissões na comunicação com investidores, o que provocou revolta entre acionistas minoritários.

No ranking da revista 'Forbes', entretanto, o empresário continua a ser listado como um dos cinco bilionários brasileiros, com uma fortuna de US$ 10,6 bilhões.

Apesar do número da Bloomberg, a situação financeira de Eike ainda permitiria certos luxos. Com os R$ 447,9 milhões que sobraram no bolso, o empresário poderia comprar 21.990 veículos do modelo Uno Mille, o mais barato hoje no País. Se decidisse manter o padrão dos tempos de bilionário, teria dinheiro suficiente para levar para casa 320 Ferraris California. Ou poderia ter uma frota de 213 Mercedes-Benz SLR McLaren – o mesmo modelo estacionado na sala de sua mansão de 3.500 metros quadrados no bairro carioca do Jardim Botânico.

Mais rico do mundo em 2015

Em janeiro de 2012, Eike prometera em entrevista a uma rede de TV se tornar o homem mais rico do mundo até 2015 ou, no máximo, 2016. Questionado se o prazo era demasiado curto, respondeu:

“Você acha rápido? É muito tempo".

O declínio logo depois da promessa de passar para trás bilionários como o mexicano Carlos Slim e o americano Bil Gates. A OGX, um dos principais patrimônios do império X, tornou-se cada vez mais um peso morto. Em junho de 2012, as ações da petroleira chegaram a cair 25%; resultado de uma produção abaixo do esperado pelo mercado.

Em 1º de julho de 2013, a OGX anunciou que quatro campos de exploração arrematados pela empresa (Tubarão Azul, Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia) não eram economicamente viáveis. A informação fez os papéis da empresa perderem praticamente todo o seu valor em questão de dias. 

A desvalorização da petroleira afetou as outras empresas do império X. Algumas delas, como o estaleiro OSX, tinham seu sucesso diretamente atrelado à OGX. Outras, como a MMX, foram contaminadas pela perda de confiança do mercado na capacidade empreendedora de Eike.

No último dia 19, o empresário quebrou o silêncio em um artigo publicado nos jornais 'Valor Econômico' e 'O Globo'. Nele, afirma ter sido o principal prejudicado com o esfarelamento do império, e diz estar arrependido de ter aberto o capital das empresas.

"Hoje, se pudesse voltar no tempo, não teria recorrido ao mercado de ações. Eu teria estruturado um private equity que me permitisse criar do zero e desenvolver ao longo de pelo menos dez anos cada companhia. E todas permaneceriam fechadas até que eu estivesse seguro de que havia chegado o momento de abrir o capital", escreveu Eike. "Quem mais perdeu com a derrocada no valor da OGX foi um acionista: Eike Batista. Ninguém perdeu tanto quanto eu, e é justo que assim seja"

Mas se o dia foi difícil para o prestígio do empresário, o mesmo não se pode dizer sobre o desempenho de duas das suas principais empresas listadas na Bolsa. No pregão do dia 25 de julho, as ações da MMX tiveram a maior alta, de 11,25%. Já a OGX subiu 3,70%.

30 de julho de 2013

Empresa lança seguro para microempreendedor individual

A seguradora Mapfre lançou no dia 22 de julho um seguro para o microempreendedor individual (MEI) que possui ponto comercial em sua própria casa.

De acordo com a empresa, o produto permite a inclusão do ambiente de trabalho na apólice de seguro residencial. Tudo em um mesmo contrato.


Benefícios como serviços de chaveiro, eletricista e vidraceiro também são estendidos ao estabelecimento comercial.

A cobertura também pode contemplar roubo de que equipamentos e utensílios básicos de trabalho, incêndio, raio, explosão e dano elétrico.

Facilidade

Segundo Danilo Silveira, superintendente-executivo de seguros tradicionais da Mapfre, a contratação é simples e não requer a declaração de bens para itens de até R$ 800 nos casos de roubo.

Também não há obrigatoriedade de a empresa ter CNPJ, uma vez que o contrato é feito em nome de pessoas físicas.

29 de julho de 2013

Cervejeiro "revolucionário" tem bebidas premiadas e repassa receitas em escola

"Viva La Revolución". O lema está estampado no logo da cervejaria artesanal paranaense e resume o pensamento do comandante da premiada Bodebrown, o químico Samuel Cavalcanti.
                                          Samuel Cavalcanti, fundador da Bodebrown.

Isso porque a cervejaria produz 11 cervejas, que já ganharam 27 medalhas em eventos importantes no segmento, como o Mondial de la Bière, no Canadá, e não se incomoda de repassar as receitas das bebidas em cursos oferecidos aos consumidores.


Na sala de aula ensina a degustar, mas também a produzir a bebida em casa. "Se ficar igual, parabenizo, assim como se ficar melhor e tiver a nossa bebida como referência", conclui o químico.

Dessa forma, Cavalcanti acredita que é possível disseminar a cultura da cerveja artesanal no País, e acabar beneficiando o próprio negócio. O objetivo é "libertar" os consumidores de grandes grupos internacionais, e apenas um tipo de cerveja.

Incentivando pequenos produtores no País, mesmo diante da falta de benefícios governamentais e da alta carga tributária, a Bodebrown espera colaborar para o crescimento econômico de cada localidade. "Juntos, podemos gerar mais empregos, pois temos menos processos automatizados".

Cavalcanti diz que na cervejaria optou pela inovação. Para isso, arrisca e vai contra a diretriz do mercado, concentrada em bebidas leves e refrescantes. "Já vendemos a cerveja Perigosa, com 15,1% de teor alcóolico, no calor do Rio de Janeiro". 

Crescimento

A imagem de formadores de opinião no segmento tem dado resultados. Em quatro anos de existência, a produção mensal da cervejaria passou de 1,6 mil litros por mês para 16 mil litros, volume dez vezes maior.

Ainda é pouco se comparado à média de produção das cervejarias artesanais, entre 60 mil a 100 mil litros, mas Cavalcanti não tem pretensões de crescer de forma rápida.

A Bodebrown trabalha com dois distribuidores e prefere expandir o negócio de modo sustentável, mantendo a essência "artística" da bebida, e apostar em complementos ao modelo de negócio. "É legal vender em todo lugar, mas minha praça é Curitiba", ressalta.

Ciclo completo

Ao começar a produzir cervejas, Cavalcanti verificou a necessidade de ensinar mais sobre a cerveja artesanal em um País que ainda está se acostumando a tratar a cerveja da mesma forma que um bom vinho. "Percebi que lançar uma cerveja mais amarga não faria sentido sem ensinar a sociedade a degustá-la".

Na sua visão, os consumidores percebem o valor de seu produto nas salas de aula. "Para quem aprende e conhece outros sabores, é difícil parar de beber". 

E é nos cursos, pelos quais já passaram 1.200 alunos em quatro anos, que surgiu a ideia do terceiro modelo de negócios.

Muitos alunos, depois de entender a composição da bebida, querem fazer as próprias experiências em casa. Surgiu então a ideia de montar uma loja com cerca de 500 itens, que revende itens importados de países como Estados Unidos e Itália. 

Hoje, 60% do faturamento da Bodebrown tem como origem a produção e a comercialização de seu portfólio de cervejas, enquanto 20% vem dos cursos promovidos na escola e 20% da loja de insumos relacionados à fabricação da bebida.

O próximo passo, além de ampliar o portfólio de cervejas, é aumentar a participação de eventos na cervejaria, como o Beer Train, passeio de trem por área preservada de Mata Atlântica que inclui degustação de bebidas. "O País é carente deste tipo de turismo. Vendemos 60 ingressos em três dias", conta. 

Rede de relacionamento

A Bodebrown vem chamando a atenção de estrangeiros, e já produziu em parceria com conhecidas cervejarias artesanais americanas, como a Stone Brewing e Odell.

Entre os pares nacionais, Cavalcanti conta que tem "relações afetivas" com a Wals, de Minas Gerais, a Colorado, em São Paulo, e a Seasons, de Porto Alegre. Cavalcanti admira a cervejaria que considera pioneira no cenário brasileiro, a Eisenbahn, adquirida pela Schincariol.

Muito dessa rede de relacionamento se deve à qualidade dos produtos, e também à figura e pensamento do "comandante", que é bastante assediado em eventos do mundo cervejeiro.

28 de julho de 2013

Eike se diz arrependido de entrar no mercado de ações

Eike hoje acha que teria sido melhor ter estruturado um fundo privado de participações em empresas.

O empresário Eike Batista veio a público defender-se da crise de credibilidade que ronda seu grupo empresarial e se diz arrependido de ter entrado na Bolsa de Valores. Em artigo publicado no jornal Valor Econômico, na edição do dia 19 de julho, ele afirma que "se pudesse voltar no tempo, não teria recorrido ao mercado de ações".

Eike diz que teria sido melhor estruturar um fundo privado de participações em empresas (private equity). "Se algum dia mereci a confiança do mercado foi porque havia uma trajetória de mais de 30 anos de muito trabalho", diz o texto. Ele faz também uma análise da OGX, dizendo que continua acreditando na empresa e que foi o acionista que mais perdeu nesse negócio.


O empresário afirma ter recebido propostas pela OGX tanto por fatias quanto pelo controle a partir de uma avaliação de 30 bilhões de dólares e que colocou mais de um 1 bilhão de dólares do próprio bolso na empresa. "Eu perdi e venho perdendo bilhões de dólares com a OGX", admite Eike.

Ele diz ter se cercado de profissionais capacitados e contado com auditorias e relatórios independentes, como o da consultoria DeGolyer & MacNaughton. Neste, havia prognósticos de recursos aproximados de 10,8 bilhões de barris de óleo. "Evidentemente eu estava extasiado com as informações que me chegavam. Podia tê-las guardado para mim? Não, eu era o controlador de uma companhia de capital aberto e o que fiz foi compartilhar".


Quanto às demais empresas do grupo, Eike Batista menciona que nos casos de MPX, MMX e LLX "a depreciação de valor de mercado é claramente incompatível com o que elas têm a oferecer". Ele critica quem o chamava de "o cara do papel, do power point". O empresário ainda se diz frustrado por não ter sido capaz de entregar o que ele mesmo esperava nos casos de OGX e OSX, e alega ter sempre agido de boa-fé.

27 de julho de 2013

Ex-catador de papelão vira empresário do ramo calçadista no Rio Grande do Sul

O empresário Tiago de Godói Leivas, um dos sócios da Cooperget, tem lucro anual de R$ 18 mil.

O caminho foi tortuoso. Se não fosse a fome, talvez Tiago de Godói Leivas, hoje com 25 anos, não teria se tornado um empreendedor. “Conheci a ONG porque estavam dando cachorro-quente e eu estava com fome”. A necessidade financeira fez com que Leivas, na época com 10 anos, passasse a frequentar o Instituto Villaget, centro de capacitação profissional localizado em Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre. Graças ao aprendizado, ele se tornou empresário e tem lucro de R$ 18 mil ao ano.

De família humilde, Leivas começou a trabalhar aos 9 anos como catador de papelão e latinha. Um ano depois, no horário livre, participava de aulas de futebol, informática e empreendedorismo na ONG.

Após mais de uma década no centro de capacitação, Leivas deixou a sala de aula para montar um escritório. Atualmente, ele é sócio e gerente de produção da Cooperget, fabricante de calçados ecológicos, produzidos a partir de matéria orgânica ou reciclada.

A cooperativa foi criada em 2009 por cinco jovens recém-formados do Instituto Villaget a partir dos conhecimentos obtidos nas aulas de empreendedorismo da ONG.

“Trabalhei para uma empresa que produzia sapatos e percebi que os donos ganhavam muito dinheiro em cima do meu trabalho. Cheguei à conclusão de que tinha potencial para fazer mais por mim mesmo”, explica Leivas, que é técnico de calçado e pretende fazer faculdade de engenharia química.

Como a empresa é uma cooperativa, todos os dez integrantes são sócios e compartilham as decisões estratégias do negócio. O lucro, contudo, é dividido conforme cargo, dedicação e qualificação, variando de R$ 678 (um salário mínimo) a R$ 1,5 mil ao mês, como é o caso de Leivas. O faturamento da empresa não foi revelado.

A Cooperget produz atualmente 500 pares sapatos por mês. Para o consumidor, o produto chega a um preço médio de aproximadamente R$ 120 (veja alguns modelos na galeria abaixo).

A cooperativa já possui uma loja própria em Novo Hamburgo e planeja expandir as vendas para o Sudeste a partir do ano que vem. Também há conversas "avançadas" com empresas da Europa e da Austrália.
Sócios da Cooperget, entre eles Indiara de Castro (3ª da esq. para a dir.) e Tiago de Godói (5º da esq. para a dir.).

No início do mês, a cooperativa participou pela primeira vez da Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios (Francal), maior feira de calçados do País, que ocorreu no Parque de Exposições Anhembi, na capital paulista. O objetivo era tornar a marca mais conhecida.

De acordo com o sociólogo Mario Pereira, de 41 anos, coordenador do Instituto Villaget, a cooperativa começou com a produção artesanal de calçados para uso dos próprios estudantes. “Eles queriam tênis de skate, mas não tinham dinheiro para comprar. Criamos um núcleo para ensiná-los a produzir os sapatos, vendê-los aos colegas e administrar o dinheiro”, recorda.

Quando os jovens completaram 18 anos e tiveram de deixar a ONG, surgiu a ideia de o projeto seguir por meio da criação de uma cooperativa. “É uma sensação de dever cumprido, como se eles ganhassem asas e voassem”, comemora o coordenador. O instituto abre anualmente 30 vagas para jovens carentes do Rio Grande do Sul.

A tesoureira Indiara Martins de Castro, de 21 anos, é uma das estudantes que não quis abandonar o projeto Villaget e decidiu abrir a cooperativa junto com Godói. Na ONG desde os 14 anos, ela participou de aulas de crochê, oficina de dança e informática.

A falta de carteira de trabalho assinada, conta, não fez diferença para sua carreira. “Gosto da liberdade de construir minha própria história. A cooperativa me ajudou a ser auto-suficiente e me deu poder financeiro para ajudar a minha família”, destaca ela, que planeja fazer faculdade de administração e cursos de inglês e espanhol.

Filha de costureira e artesão, a empresária uniu as habilidades manuais à facilidade com números para trabalhar como tesoureira e administradora da loja da Cooperget. “O projeto transformou a Vila Getúlio Vargas [onde funciona o instituto]. Quando entrei na ONG, a marginalidade era grande e as famílias eram analfabetas. Hoje, os jovens têm condições de estudar e sonhar com um futuro melhor.”

26 de julho de 2013

Defasagem do preço da gasolina chega a 25% e penaliza Petrobras

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, concede entrevista coletiva, na sede da empresa no Rio de Janeiro.

Os preços mais altos dos combustíveis no mercado internacional e o fortalecimento recente do dólar frente ao real fizeram crescer a defasagem do preço cobrado pela Petrobras para o maior nível em quase um ano, de acordo com cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).

A diferença entre a cotação da gasolina vendida no Brasil pela Petrobras e a comercializada no exterior passou de 17,9% em 2 de julho para 25,3% em 9 de julho, maior patamar desde 28 de agosto de 2012, quando o índice era de 32%. No caso do óleo diesel, a defasagem de preços no mercado externo e interno passou de 18,9% em 2 de julho para 21,7% no dia 9.

Logo após o último reajuste nas refinarias brasileiras, ocorrido no começo de março, a diferença entre o valor da gasolina e do diesel entre o Brasil e os EUA era de 16,5% e 14%, respectivamente, segundo o centro de análises. O diesel foi reajustado duas vezes este ano pela Petrobras, com altas de 6,6% em janeiro e 5% em março, enquanto a gasolina teve uma alta de 5,4% em janeiro.

O aumento da defasagem significa que a Petrobras está pagando mais caro pelo combustível e não está repassando essa alta dos custos ao consumidor. A estatal tem feito importações volumosas para acompanhar o crescimento do mercado interno, mesmo com suas refinarias operando a pleno vapor. "Foi criado um buraco no caixa da empresa. Ela é obrigada a se endividar cada vez mais para cumprir as metas de investimento e bancar a defasagem de preços, já que o governo não vai permitir novo aumento no preço da gasolina devido ao avanço da inflação", afirma o especialista do setor de óleo e gás Adriano Pires, que também é diretor do Cbie.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, a média diária do volume de importação de combustíveis em julho está em 212 milhões de dólares - valor 62% maior do que o verificado em junho. Nesse período, o preço do barril do petróleo também avançou, assim como a cotação do dólar. Na semana passada, o preço do petróleo nos EUA atingiu uma máxima de 15 meses, 107,45 dólares o barril, após superar, no início do mês, a barreira de 100 dólares o barril por preocupações com suprimentos no Oriente Médio - por causa da crise no Egito - e com a queda nos estoques norte-americanos. Já o dólar atingiu o maior nível durante o pregão em mais de quatro anos, a 2,2809 reais. Nesta terça-feira, a moeda fechou cotada a 2,25 reais. Apenas em junho, a alta foi de 11%.

Os preços dos combustíveis no mercado norte-americano flutuam de acordo com as cotações do petróleo, o que não acontece no Brasil, uma vez que são controlados pelo governo, acionista majoritário da Petrobras. Com isso, variações decorrentes de conjunturas macroeconômicas desfavoráveis ou desequilíbrios entre oferta e demanda acabam sendo financiados pela própria estatal.

Nova regra contábil - O Cbie já havia notado em junho que a valorização do dólar neutralizaria os reajustes de combustíveis feitos pela estatal entre o final do ano passado e o início deste ano. Não por acaso, a empresa divulgou na última semana uma mudança em suas regras contábeis, adotando uma nova política de hedge - uma operação que permite que empresas exportadoras posterguem os efeitos da variação cambial. Tal política é aplicada no Brasil por multinacionais, como a BRF. Mas não era prática comum na Petrobras.

A contabilidade de hedge pode ser usada desde que as empresas exportadoras gerem fluxos de caixa futuros em moeda estrangeira. Com isso, a regra prevê que 70% do total da dívida líquida exposta à variação cambial seja neutralizada pelo fluxo de dólares gerado por 20% das exportações da empresa nos próximos sete anos. Assim, a estatal compensa possíveis prejuízos com a dívida em dólar por meio da projeção de exportações futuras.

Ao reduzir o impacto cambial na dívida em dólar da empresa, a medida também viabiliza o pagamento de dividendos ao Tesouro Nacional - o que, afinal, é a razão para toda essa engenharia contábil. "Trata-se de uma medida legítima. Mas a Petrobras nunca precisou dela antes. E se agora está precisando desses artifícios para conseguir bancar a defasagem e os dividendos ao Tesouro, é porque as coisas realmente não vão bem", afirma Pires.


Impacto - Segundo o analista Pedro Galdi, da corretora SLW, a política de hedge fará com que o endividamento da empresa seja aliviado nos próximos trimestres, mas não deixa de ser fator preocupante. "Você empurra o efeito cambial para o médio prazo. E, como ela deverá ter um aumento de receita devido ao pré-sal, o impacto é mitigado. Mas ele existe", afirma.

Já o banco HSBC afirmou, em relatório a investidores, que as perdas decorrentes da variação cambial devem ocorrer, ainda que em menor escala. "Acreditamos que isso provavelmente irá resultar em uma perda nos negócios de refino da companhia de 15,6 bilhões de reais em 2013", afirmou o banco, ressaltando que desde 2011 a companhia já perdeu 42 bilhões de reais com a política de não ajustar os preços de acordo com a volatilidade internacional.

O banco comentou também que, devido à atual taxa de inflação e aos protestos recentes no Brasil, a chance de ocorrer um aumento de preço dos combustíveis antes da eleição em outubro de 2014 foi reduzida de forma significativa.

25 de julho de 2013

Detroit pede proteção contra falência em maior concordata municipal dos EUA

Kevyn Orr, gestor de emergência, foi contratado em março para livrar Detroit de uma queda livre fiscal.

Detroit tornou-se no dia 18 de julho a maior cidade na história dos Estados Unidos a pedir falência, segundo informou o gerente de emergência do Estado. Kevyn Orr, especialista em falência, foi contratado pelo Estado em março para livrar Detroit de uma queda livre fiscal e fez uma apresentação no dia 18 de julho no tribunal de falências federal.

Uma série de fatores —população mais notavelmente íngreme e queda nos impostos— foram atribuídos à baixa de Detroit. A cidade perdeu um 250 mil habitantes entre 2000 e 2010. A população, que em 1950 chegou a 1,8 milhão está lutando para ficar acima de 700 mil. Grande parte da classe média e dezenas de empresas também deixaram Detroit, levando seus impostos com eles.

Nos últimos meses, a cidade contou com dinheiro enviado pelo Estado como apoio para atender a folha de pagamento de seus aproximadamente 10 mil empregados. Orr não conseguiu convencer uma série de credores, sindicatos e conselhos de pensão da cidade para tirar alguns centavos de dólar para ajudar a facilitar a enorme reestruturação financeira da cidade. Se o pedido de falência for aprovado, os ativos de Detroit poderiam ser liquidados para satisfazer as demandas de pagamento.

"Apenas um caminho viável oferece uma saída", disse, em carta, o governador Rick Snyder, aprovando a falência.

Snyder havia determinado no início deste ano que Detroit estava em uma emergência financeira e sem um plano para melhorar as coisas. Ele fez a maior cidade dos EUA ficar sob a supervisão do Estado, quando contratou Orr em março. Sua carta foi anexada ao pedido de falência.

"Os cidadãos de Detroit precisam e merecem um caminho claro para fora do ciclo de serviços cada vez menor", Snyder escreveu. "Credores da cidade, bem como os seus muitos funcionários públicos dedicados, merecem saber o que a cidade promete, pode e vai manter. A única maneira de fazer as coisas é reestruturar radicalmente a cidade e permitir que ela se reinvente sem o peso de obrigações impossíveis."

Chrysler LLC

Especialista em casos do tipo, Orr representou a montadora Chrysler LLC durante sua reestruturação bem sucedida. Ele emitiu um alerta no início de seu mandato de 18 meses em Detroit que a falência da cidade era um caminho que os seus credores não queriam trilhar.

Ele colocou seus planos em reuniões junho com os detentores de dívida, em que sua equipe avisou que havia uma chance de 50% de um pedido de falência. Alguns credores foram convidados a tomar cerca de US$ 0,10 do que a cidade lhes devia. Pedidos de pensão deficitários teriam recebido menos do que os US$ 0,10 sob esse plano.

Equipe de especialistas financeiros colocados juntos de Orr disse que a proposta foi Detroit fixar permanentemente seus problemas fiscais. A equipe disse que Detroit estava inadimplente em cerca de US$ 2,5 bilhões em dívida não garantida e que teria de "economizar dinheiro" para os serviços de polícia, bombeiros e outros.

"Apesar dos melhores esforços do Sr. Orr, ele tem sido incapaz de chegar a um plano de reestruturação com os credores da cidade", escreveu o governador. "Concordo, portanto, que o único caminho viável para uma Detroit estável e sólida é pedir concordata."

O déficit orçamentário do Detroit é superior a US$ 380 milhões. Orr disse que a dívida de longo prazo era de mais de US$ 14 bilhões e poderia chegar a ficar entre US$ 17 bilhões e US$ 20 bilhões.

24 de julho de 2013

Site vai vender consórcios nas favelas

A startup Avante.com, site que vende cerca de mil produtos, entre consórcios e seguros, pertencentes a oito instituições financeiras e que reúne executivos com experiência em grandes bancos e corretoras, completa seis meses de operação com o fechamento de uma parceria com a Favela Holding, do empresário Celso Athayde.

O consórcio é uma compra parcelada e programada em que não há incidência de juros mas, sim, um processo de espera para que a cota de cada membro do grupo seja contemplada em sorteios.
                     Bernardo Bonjean, CEO da startup, mira mercado de R$ 56 bilhões.

O projeto piloto consiste em comercializar os produtos financeiros em até dez comunidades por meio de vendedores locais, que utilizarão tablets para iniciar as vendas no ambiente real e concluí-las no ambiente virtual.


Esses vendedores trabalharão para líderes em cada localidade. O projeto deve entrar em operação até o final deste ano e os Estados que devem recebê-los ainda não estão definidos.

Com a proposta de ampliar seu alcance, o site pretende avançar sobre 412 comunidades de todo o País, que consomem em média R$ 56 bilhões por ano.

A inspiração também vem de histórias de sucessos. "Sabemos de empresas que resolveram vender seus produtos nestes locais e triplicaram o faturamento", diz o CEO do Avante.com, Bernardo Bonjean, que já passou por bancos como o Pactual e pela corretora XP.

Para Bonjean, o produto atende à necessidade deste público, que foge de compras com juros. "Ele não quer comprar uma moto e pagar o preço de duas", explica.

A ideia não é apenas focar nas categorias mais conhecidas, mas também outras que crescem no mercado e atendem à necessidades destes consumidores, como consórcios de viagens e para a reforma de imóveis, além de educação.

Para atingir um público menos acostumado com a compra de produtos financeiros, o site prepara o lançamento de uma comunidade que reúne instituições financeiras, professores e formadores de opinião, a Aprenda Mais.

O objetivo não é reunir apenas uma grande quantidade de informações mas, sim, oferecer a cada usuário um programa de pergunta e resposta objetivo.

Expansão

Com uma média de crescimento mensal de 66%, o Avante.com atingiu a marca de R$ 26,7 milhões em volume de pedidos fechados.

O negócio está conseguindo atingir regiões do interior do País como Exu, em Pernambuco."São locais onde o banco não chega, e não porque haja uma limitação física, mas talvez porque a venda do produto não seja uma prioridade. Este é o poder da internet", diz Bonjean.

No 1º semestre, 46% das vendas foram realizadas no Sudeste, 26% no Nordeste, 11% na região Sul, 8% na Centro-Oeste e 8% no Norte. Quase a metade dos usuários têm até 30 anos de idade. A categoria mais buscada é a de imóveis (45%), seguida por automóveis (35%), motos (10%) e serviços (10%).

Com oito parceiros, entre eles o Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Fiat e Honda, Bonjean diz que o site está fechado para novos contratos. "A ideia é trabalhá-los agora".

O site, que começou com recursos dos próprios sócios e também de investidores anjos, se prepara para um segundo round de aportes nos próximos meses. A meta é gerar R$ 1 bilhão de empréstimos em três anos.

O cenário de venda de consórcios no País continua aquecido. O volume de negócios chegou aos R$ 26,3 bilhões, no acumulado de janeiro a abril, superior aos R$ 23,6 bilhões, no mesmo período do ano passado.

Tecnologia

A Avante.com aposta em tecnologia. O negócio inclui um sistema de ranqueamento que permite verificar quais são os usuários mais dispostos a efetuar a compra, que Bonjean chama de "quentes". A ferramenta permite saber quem visitou o site mais de uma vez e coleta informações durante o cadastro no site.

O site importou de Israel uma tecnologia que permitirá iniciar a venda de financiamentos com crédito consignado. "Estas vendas necessitam de maior segurança para assegurar a veracidade dos contratos, que é uma demanda dos bancos".

A Avante.com declara que está em conversa avançada com duas instituições financeiras para viabilizar a operação em grandes empresas, por meio de sistemas internos.

23 de julho de 2013

De feirinhas a shoppings, brasileiros faturam com brigadeiro gourmet

A microempreendedora Maria Dulce Baccini: venda em feiras permite preço mais atrativo.

Seja no fogão de casa ou em fábricas próprias, o brigadeiro artesanal virou oportunidade de renda para empreendedores criativos. Há um ano, o casal Maria Dulce e Marcos Baccini hospeda sua tenda em praças no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, para vender o doce em sabores como blueberry, chocolate meio amargo, belga e até bicho de pé.

As filhas e o marido ajudam Maria Dulce na produção caseira dos docinhos da La Dolci. Só nas feirinhas, o negócio em família gera vendas em torno de 2 mil unidades por mês, com uma produção semanal de 500 docinhos.

O fato de não precisar arcar com os custos de uma loja física – como impostos, aluguel e funcionários – permite aos doceiros cobrar quase metade do que cobrariam em um estabelecimento formal: o brigadeiro na versão gourmet, que na rua é vendido por R$ 6, não custaria menos que R$ 12 em uma loja, conta Dulce.

A microempreendedora acredita que a vantagem do negócio quase informal – eles pagam impostos pelo uso do espaço público – é não precisar fazer um balanço rígido das contas da empresa e do faturamento. Mas se o plano de expandir a empresa virar realidade, tudo será diferente. “Queremos abrir três ou quatro lojas de uma vez, porque acreditamos ser mais fácil dar certo com vários pontos”, diz.

10 lojas de grife

A mineira Taciana Kalili surpreendeu os convidados da festa de aniversário de seu marido, em São Paulo, quando inventou uma mesa de sobremesas só com brigadeiros de várias cores e sabores. A partir daí, pedidos de encomendas pipocaram e ela não parou mais de produzir.

A ideia de transformar os tradicionais docinhos de festa em opção gourmet, apostando em versões de colher, potinhos e embalagens estilosas deu certo. Taciana abriu a primeira loja da Brigaderia em março de 2010, em um ponto no shopping Market Place, zona sul da capital paulista. Hoje, aos 36 anos, a empresária formada em administração de empresas comanda dez unidades na cidade e no interior paulista ao lado do marido, que virou seu sócio.
                                     A mineira Taciana Kalili, fundadora da Brigaderia.

A empresária produz cerca de 40 sabores de brigadeiros, inclusive nas versões diet e kosher – para agradar a diferentes públicos. O próximo passo, depois de lançar lojas-conceito, é expandir o modelo em franquias, projeto que ela deve levar a cabo ainda este ano.

Expansão do interior

Em Presidente Prudente, no interior paulista, Luciana Rosa começou em 2010 a fazer encomendas de brigadeiros em casa, atendendo a clientes por telefone e por redes sociais. A ideia de dar status gourmet ao doce, usando ingredientes selecionados e novas técnicas de preparo, foi o primeiro passo para fundar a Cia do Brigadeiro.

Em 2011, ela abriu uma loja na cidade e, no ano seguinte, um quiosque em um shopping do interior. “Hoje produzimos uma média de 15 mil brigadeiros por mês”, conta a empresária, que tem uma fábrica para atender à demanda. No início do ano, Luciana passou a se dedicar ao projeto de expansão de franquias. Acabou de abrir a primeira delas em Cuiabá (MT) e, em breve, deve inaugurar unidades nas cidades de Londrina (PR) e São Caetano do Sul (SP).

22 de julho de 2013

Executivos de Google e Microsoft não aparecem em audiência na Câmara

           Denúncia de Snowden sobre ação americana motivou mobilização na Câmara.

Os executivos Fábio Coelho, do Google, e Michel Levy, da Microsoft, não compareceram à audiência pública para a qual eram esperados no dia 17 de julho na Câmara. O convite foi feito pela Comissão de Defesa do Consumidor. O objetivo do encontro era esclarecer sobre problemas recentes ligados à política de privacidade das empresas, às ferramentas de busca e, sobretudo, às denúncias de espionagem de dados telefônicos e de e-mail de brasileiros feita pelos Estados Unidos.

O requerimento de audiência foi feito pelo presidente da Comissão, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), e comunicado às duas empresas no dia 10 de julho. A secretaria da comissão, no entanto, foi informada de que a direção da Microsoft estaria passando por um momento de transição, enquanto que o presidente da Google teria entrado em férias. A audiência desta quarta-feira foi cancelada, mas Araújo garantiu que a Câmara não vai desistir de apurar as denúncias, segundo informações da Agência Câmara.

Ameaça de CPI

A ausência dos executivos das duas empresas deixou o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor contrariado. O parlamentar fala sobre a possibilidade de recorrer à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de espionagem.

"Ora, é muita coincidência essas férias do presidente do Google. O Google que não respeita as instituições brasileiras e temos que tomar uma providência em relação à essa empresa, já que há denúncias de que eles estão espionando os dados do povo brasileiro. Temos realmente que ouvir a versão da empresa e tomar uma decisão rápida. Eu acho que, no final, nós vamos ter que, talvez, transformar isso em uma CPI para apurar, porque é uma coisa muito grave".

No Senado, já foi aprovada a criação de uma CPI para investigar as recentes denúncias de espionagem americana. Araújo defende que a Câmara faça o mesmo. Outra possibilidade seria fazer uma investigação conjunta com os senadores, por meio de uma CPI mista.

Os deputados Reguffe (PDT-DF) e Júlio Delgado (PSB-MG) relataram várias irregularidades das empresas de internet diretamente ligadas a abusos relacionados ao Código de Defesa do Consumidor e, por isso, insistem na realização da audiência pública em outra data. Delgado, por exemplo, manifestou a insatisfação de internautas e dos sites de compra nacionais diante de inseguranças que persistem nas compras eletrônicas e da prática do Google de expor anúncios publicitários misturados com os resultados de pesquisas.

Segundo Delgado, o Google abusa de sua posição. "O Google poderia nos explicar a respeito disso porque sabe, muito bem, como pode ser feita essa clonagem. Esses sites, que são nacionais – de gente que paga imposto, emprega e trabalha corretamente aqui – denunciaram que, em outros países onde o Google fez essa indução, 90% das vendas pela internet já são de produtos da empresa", afirma. Ainda de acordo com o deputado, o "Google não deixa você chegar ao site de compra nacional. Nós recebemos essa denúncia e a levamos ao Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e o Cade fez a intervenção no sentido de cobrar da Google um maior controle", diz.

Também seriam ouvidos na audiência pública do dia 17 de julho representantes da Secretaria Nacional do Consumidor e do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

21 de julho de 2013

Cupom de desconto é isca para atrair freguês na internet; veja os cuidados

                           Grandes redes de varejo aderiram aos cupons de desconto.

Os caçadores de ofertas na internet têm agora um novo instrumento para pechinchar. Após a febre das compras coletivas, os cupons de desconto são a nova sensação no mundo virtual. Desde o ano passado, grandes redes de varejo aderiram ao recurso para incrementar as vendas online, e empresas que fazem a ponte entre a loja e o consumidor passaram a faturar com o negócio.

Este mercado já gerou uma economia de R$ 1 milhão ao consumidor brasileira em apenas um dos sites que divulgam os cupons, a Cuponomia. Isso desde seu lançamento – setembro de 2012 – até junho deste ano. Para o e-commerce, as vendas representaram R$ 4 milhões no Brasil por intermédio do site.

Por atrair mais clientes às lojas de varejo, as empresas que reúnem os cupons recebem uma recompensa entre 3% a 5% das vendas geradas nas promoções, segundo Antonio Miranda, fundador da Cuponomia. “Esperamos gerar mais R$ 36 milhões em vendas para a lojas até o fim do ano”, diz o empresário.

Além dos sites, as redes sociais também viraram um canal para disponibilizar os cupons. A loja virtual da Casas Bahia, por exemplo, passou a disponibilizar os códigos de descontos em sua página no Facebook no primeiro trimestre deste ano.

A rede Kanui, que vende artigos esportivos e de moda, afirma que os vouchers de desconto servem de atrativo para novos clientes. Mas a empresa prefere evitar excessos. "É importante ter um controle da divulgação dos vouchers, pois não queremos viciar o consumidor a comprar somente com eles", afirma Felipe Sulimam, diretor de branding da empresa.

Cupom não é compra coletiva

Embora ofereçam promoções semelhantes, os cupons são bem diferentes dos sites de compra coletiva. Enquanto aqueles fazem ofertas sobre produtos (como livros, eletrodomésticos, roupas e comésticos), estes focam em serviços (viagens, cabeleireiro e depilação, por exemplo). Os códigos de desconto são mais utilizados por grandes empresas de varejo como Americanas, Dafiti, Centauro ou Netshoes. Já os sites de compras coletivas fazem parcerias com empresas menores e menos conhecidas.

Outra diferença das compras em conjunto em empresas como Peixe Urbano, Groupon e Clickon é que elas são feitas com antecedência nos próprios sites, enquanto que nos cupons não há relação comercial com os sites que divulgam as promoções. Nestes casos, o desconto é dado pela própria loja. A semelhança entre as duas formas de pechincha é que as ofertas expiram dentro de um prazo.

Cuidados ao comprar o cupom

Antes de adquirir produtos com desconto na internet, é preciso tomar alguns cuidados para evitar dor de cabeça, recomenda a coordenadora da Fundação Proteste, Maria Inês Dolci. A primeira dica é saber que todo consumidor tem o direito garantido pelo Código de Defesa do Consumidor de arrepender-se da compra e devolver o produto num prazo de sete dias.

“Há empresas que criam regras próprias para dificultar a conversão desses cupons em novas compras”, alerta Maria Inês, que orienta ler todas as regras estabelecidas antes de fazer a transação.

Também é preciso ter cautela com descontos anunciados no site da loja por um valor menor que o divulgado em outros canais da internet. Se isso ocorrer, pode-se reclamar com a loja ou procurar órgãos de defesa do consumidor para exigir o maior desconto.

Prestar atenção ao prazo da promoção é outra dica para evitar problemas. Enquanto a promoção estiver anunciada, ela é válida, alerta a coordenadora da Proteste. Se o consumidor puder comprovar o desconto divulgado guardando ou imprimindo as informações, é uma arma para assegurar seus direitos.

É preciso, também, verificar se há possíveis cobranças para utilizar o cupom. “Qualquer custo neste sentido é uma prática abusiva, porque não configura desconto”, alerta Maria Inês.

20 de julho de 2013

Brasil vai acusar europeus de subsídio ilegal

O Itamaraty vem sendo duramente atacado pelos europeus no que se refere à política comercial da presidente Dilma Roussef.

O Brasil vai questionar as medidas adotadas pelos europeus durante a crise e alerta que as iniciativas para resgatar parte da economia, finanças e mesmo a produção de açúcar do continente podem estar sendo usadas como apoio ilegal, criando medidas protecionistas e distorcendo os mercados.

O questionamento foi feito no dia 16 de julho na Organização Mundial do Comércio (OMC), durante sabatina à Europa por conta de sua política comercial dos últimos dois anos.

No total, o Brasil atacou quase 90 setores diferentes e barreiras criadas pelos europeus, desde problemas sanitários a picos tarifários, passando por regras de patente e outras medidas protecionistas. O Itamaraty vem sendo duramente atacado pelos europeus no que se refere à política comercial da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, as maiores economias do mundo, lideradas pela Europa, pediram que o Brasil desmonte seu sistema de incentivos fiscais, que consideram um "apoio proibido"aos exportadores nacionais.


Mas, na sabatina, parte da ofensiva do Brasil é um contra-ataque às acusações europeias. Com um desemprego recorde e inúmeros bancos em situação crítica, os europeus proliferaram reformas e injeção de capital na esperança de frear a crise.

O problema é que acabaram criando distorções. Um exemplo é a questão das estatais europeias. Segundo o Brasil, existe muito pouca informação oficial sobre esse setor da economia. Mas a suspeita é de que existam "várias centenas" delas entre os países europeus e que, com a crise e com a iniciativa de governos de socorrer empresas à beira do colapso, o número de estatais tenha disparado.

19 de julho de 2013

Investidores estrangeiros temem calote da OGX

                      Eike Batista, CEO do Grupo EBX, perde credibilidade no mercado.

Os credores internacionais de Eike Batista reuniram-se no dia 15 de julho em Nova York para conversar com advogados brasileiros e estrangeiros. O motivo da reunião é entender o que está acontecendo com as empresas X e tentar traçar um cenário futuro. Os investidores temem que o EBX, holding do empresário Eike Batista, tenha dificuldade em honrar seus compromissos externos.

Os credores internacionais do grupo, em sua maioria, têm bônus em moeda americana emitidos pela petroleira OGX. Ao todo a petrolífera possui 3,6 bilhões de dólares de dívidas. 

Nas conversas de segunda-feira os investidores não chegaram a falar em litígios contra o grupo EBX, mas demonstraram preocupação com um eventual calote do pagamento dos bônus da OGX e preveem algum tipo de reestruturação nos passivos.


O diretor-executivo de Finanças Corporativa e Reestruturação Societária da FTI Consulting no Brasil, Sam Aguirre, comentou que alguns credores gostariam de entender como os brasileiros veem os problemas da EBX. O assunto tem repercutudo na imprensa norte-americana, com matérias de capa no New York Times e Wall Street Journal.

O diretor destaca que, como a holding que controla as empresas do grupo, a EBX, tem capital fechado, isso ajuda a elevar ainda mais as dúvidas sobre os reais passivos das companhias de Eike Batista. “Os credores estão buscando caminhos e tentando achar uma solução que faça sentido para os dois lados”, disse Aguirre.

18 de julho de 2013

Carga no Porto de Santos é recorde no primeiro semestre de 2013

O movimento de carga no Porto de Santos bateu recorde no primeiro semestre deste ano, com volume de 53,7 milhões de toneladas, alta de 14,3% sobre os 47 milhões de toneladas verificados em igual período de 2012, informou a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

A carga para exportação cresceu 20,2% na primeira metade do ano ante mesmo intervalo de 2012, para 37,9 milhões de toneladas, enquanto o volume de importação avançou 2,3%, para 15,8 milhões de toneladas.


O Porto de Santos foi responsável por 25,6% da balança comercial brasileira no primeiro semestre, ao totalizar US$ 59,5 bilhões. O valor das cargas de exportação embarcadas totalizou US$ 30,6 bilhões, contra US$ 29,9 bilhões no primeiro semestre de 2012. As importações chegaram a US$ 28,9 bilhões, valor superior ao de igual período do ano passado (US$ 27,2 bilhões).
O Porto de Santos foi responsável por 25,6% da balança comercial brasileira no primeiro semestre.

Em junho, o Porto de Santos movimentou 9,3 milhões de toneladas, o que representa um avanço de 11,6% sobre igual mês do ano passado. Deste volume, as exportações foram responsáveis por 6,4 milhões de toneladas (alta de 12,4%) e as importações por 2,9 milhões de toneladas (crescimento de 9,9%).

De acordo com a Codesp, os totais mensais registrados no primeiro semestre de 2013 bateram recorde de movimentação quando comparados a igual mês do ano anterior.

Dentre as mercadorias de exportação, destaque para o açúcar, que cresceu 60,2% em volume no primeiro semestre, para 8,3 milhões de toneladas; para o álcool, cujo volume subiu 92,1% no período, para 892 mil toneladas; e para o milho, que apresentou elevação de 396,5% no volume, ao totalizar 1,6 milhão de toneladas.

A soja, no entanto, liderou as exportações em volume absoluto, 12,1 milhões de toneladas, o que significou aumento de 7,3% de janeiro a junho de 2013 ante o primeiro semestre do ano passado.

O minério de ferro a granel liderou, no semestre, as altas entre os produtos de importação. A mercadoria cresceu 51,5% no período em relação aos seis primeiros meses de 2012 e atingiu 892 mil toneladas.

Adubos foram responsáveis pelos maiores volumes de importados no Porto de Santos até a primeira metade do ano, com 1,2 milhão de toneladas. O produto, porém, apresentou queda de 0,8% em comparação a igual intervalo de tempo em 2012.

Contêiner

A carga por contêiner avançou 6,3% no semestre, chegando a 1,6 milhão TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés). O volume também é recorde para o período, informou a Codesp. Apesar do aumento de carga, o número de navios que aportaram em Santos caiu 6,3% em relação a igual período de 2012.

17 de julho de 2013

Ex-jogador William abre empresa para proteger a fortuna dos atletas

Donos de altos salários, eles foram à beira da falência no fim da carreira. Mané Garrincha é um dos exemplos mais sintomáticos da dificuldade dos atletas em administrar seu próprio dinheiro. Incomodado em ver esportistas na ruína, o engenheiro e profissional do mercado financeiro Henning Sandtfoss uniu-se ao ex-zagueiro do Corinthians William Machado, aposentado em 2010, para ajudar a proteger os ganhos dos atletas. Fundaram a Redoma Capital no ano passado, incorporada em dezembro pela gestora de patrimônio GPS.

Educar o bolso de um jogador é um trabalho urgente, já que 50% deles terminam a carreira com problemas financeiros, como apontou uma pesquisa da consultoria alemã Schips Finanz em 2011. Por que são tão vulneráveis? “A maioria dos atletas vem de classes mais baixas e com menos educação financeira, por isso apostam tudo na única oportunidade de dar um salto social”, analisa Machado.

Imóvel é o investimento preferido deste público – como grande parte dos brasileiros – embora nem sempre seja o negócio mais vantajoso. Salários altos não livram o jogador de dívidas, segundo Sandtfoss. Há casos em que o jogador entrou no cheque especial, mesmo ganhando R$ 150 mil por mês. Financiou imóveis por R$ 140 mil, enquanto sustentava um padrão de vida de R$ 30 mil.

Ajudar familiares com problemas financeiros também é uma prática comum e arriscada, aponta a Redoma. Por isso, seus fundadores mantêm a filosofia de educar toda a família do esportista, além de conhecer seus gastos fixos, para fazê-los entender que o salário, mesmo alto, é limitado.

Outro equívoco dos atletas é confundir carros de luxo com investimento. “Quando você tira o automóvel da loja, ele já vale 10% menos”, exemplifica o empresário. Assim que o clube renova o contrato do jogador com um salário maior, muitos financiam um novo carro, opção nada vantajosa na visão de Sandtfoss. Alguns trocam de carro mais de uma vez por ano.
William Machado, ex-Corinthians: planejou nova carreira antes de se aposentar em 2010.

Ao aplicar o dinheiro, os esportivas veem o mercado de ações com ressalvas. Como grande parte dos brasileiros, eles têm aversão ao risco, ainda que diluído em uma carteira com diversos ativos financeiros. Mas há perigos maiores à fortuna, como descuidar da sucessão familiar e da blindagem patrimonial, muito comum entre jogadores que se separam ou têm filhos fora do casamento.

A falta de planejamento da aposentadoria é outro risco ao futuro do atleta. Com carreira curta – os jogadores se aposentam por volta dos 35 anos –, eles têm bem menos tempo para formar um patrimônio que assegure seu sustento ao fim da carreira. Enquanto o trabalhador comum deve poupar cerca de 30% do salário para o futuro, o esportista precisa guardar entre 70% e 80% dos ganhos para assegurar um futuro confortável, avalia Machado, ex-Corinthians.

Ganhar rios de dinheiro, na verdade, é um privilégio para poucos jogadores: apenas 2% deles recebem mais de 20 salários mínimos, enquanto a esmagadora maioria (82%) ganha até dois salários, segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Hoje, cerca de 30 clientes do meio esportivo recebem assessoria financeira da Redoma, entre eles o zagueiro do Corinthians, Paulo André. O patrimônio total administrado pela assessoria é de R$ 60 milhões. “Nossa meta é aumentar para R$ 500 milhões nos próximos cinco anos”, conta Sandtfoss.

16 de julho de 2013

Calçado de baixo custo é aposta de pequenos fabricantes do RS

Em meio à crise financeira e troca de coleção, os micro e pequenos empresários do pólo calçadista do Rio Grande do Sul apostam nos produtos de baixo custo de fabricação para alavancar as vendas e turbinar o faturamento.

A estratégia é colocada em prática por grande parte das micro e pequenas empresas do Estado que participaram da 45ª edição da Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios (Francal), evento que terminou no dia 12 de julho no Parque de Exposições Anhembi, na capital paulista.

A Limana Calçados, de Sapiranga (RS), dona da marca P Scarpe, vendeu 30 mil pares de sapatilhas de PVC por R$ 9,90 desde o lançamento do modelo, há duas semanas. Enquanto a produção de um calçado tradicional requer 70 funcionários, um de PVC demanda apenas 18.
                             Cristine Martiny, gerente comercial da Paraonda Calçados.

A estratégia de oferecer produtos de baixo custo, segundo o proprietário Armindo Santos, 42 anos, foi certeira diante da atual conjuntura econômica do País. “O Brasil está vivendo um período financeiro complicado e vimos nesse cenário uma possibilidade de atingir um público mais simples. Esperamos aumentar o faturamento mensal em até 70%”, prevê o empresário.

Com a troca de estação, o empresário Luis Augusto Cardoso, 53 anos, dono da fabricante de calçados Fém, aproveitou o material remanescente do estoque para produzir sapatilhas a um custo mais baixo e oferecê-las aos lojistas por R$ 14,90 – produtos semelhantes eram vendidos por R$ 18 no mês passado.

“O povo não tem dinheiro e a concorrência é muito grande. Além do mais, estamos em uma ‘entressafra’ de sapatos, devido à troca de estação”, justifica o empresário. A pequena empresa, de Novo Hamburgo (RS), produz 12 mil pares de calçados por mês e vendeu 70% do estoque nesta edição da Francal.
                                    Armindo Santos, proprietário da Limana Calçados.

Para ampliar o público consumidor, a Paraonda Calçados, de Feliz, município do Rio Grande do Sul, lançou uma nova empresa este ano voltada à classe média: a Modda Calçados. Enquanto um sapato custa por volta de R$ 139 na loja mais tradicional da rede, um modelo de couro custa a partir de R$ 39,90 na nova marca.

“A Modda foi criada a partir da solicitação de clientes das classes B, C e D por produtos mais acessíveis ao bolso deles”, destaca Cristine Martiny, gerente comercial da empresa.

Estratégia arriscada

Baixar os preços para vencer a concorrência é uma estratégia bastante utilizada pelos pequenos empresários, afirma Iroá Arantes, consultora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).

No entanto, a tática é arriscada e pode não funcionar com todas as empresas. “A disputa com produtos importados é muito grande devido à alta tributação no Brasil. Por isso, nem sempre o brasileiro consegue ganhar por preço”, alerta a consultora.

Segundo Arantes, o ideal é que o empreendedor aposte na diferenciação de produtos, seja pelo design ou pela qualidade da matéria-prima. “Desta forma, o fabricante consegue aumentar as vendas e vencer a concorrência mesmo com a alta tributação e com o aumento do dólar”, exemplifica.