31 de dezembro de 2014

O petrolão é uma bola de neve - e você está no caminho

Perspectiva nebulosa: risco de calote pode provocar uma reação em cadeia na economia.

Quanto mais fundo se mergulha na Operação Lava Jato, mais cresce o risco de que ondas de choque se propaguem para além das empresas diretamente envolvidas no escândalo e atinjam outros setores da economia brasileira. Com a paralisação dos pagamentos da Petrobras a fornecedores e a possibilidade de as empreiteiras investigadas serem apontadas como inidôneas, os bancos podem se ver bafejados pelo furacão — não porque haja indícios de que tenham participado de maracutaias, mas porque essas empresas gigantes têm com eles muitos compromissos financeiros. Com isso, talvez não leve muito tempo até que a investigação se reflita bolso de cada brasileiro por meio da redução da oferta de crédito.

Na Avenida Faria Lima, que reúne a nata do setor bancário em São Paulo, o clima é tenso — alguns chegam a dizer ‘desesperador’. Escritórios de advocacia disparam relatórios a seus clientes tentando antever os efeitos das possíveis sanções às empreiteiras. Banqueiros de instituições nacionais e estrangeiras se movimentam para tentar calcular o tamanho do estrago, caso a Petrobras deixe de honrar alguns de seus compromissos financeiros. No caso das construtoras, o temor é que a paralisação dos empreendimentos afete as receitas de tal forma que torne inviável o pagamento de títulos de dívida emitidos para financiar obras, que têm bancos e fundos como principais credores.

O medo se justifica pelo fato de as instituições financeiras estarem expostas ao risco comercial das empresas, já que não há garantias exigidas para títulos emitidos no mercado de capitais. Mas, mesmo as dívidas contraídas com garantias são alvo de inquietação. Isso ocorre porque as linhas de crédito são calculadas com base em ganhos futuros provenientes de projetos de infraestrutura — o que, no jargão econômico, é chamado de alavancagem. Caso as obras sejam paralisadas ou troquem de mãos, os bancos que levarem calote terão de executar as garantias dadas pelas empresas, o que implicaria na judicialização dos contratos. Ocorre que, pela burocracia do processo de execução, essa é a alternativa que menos agrada os credores. Por via das dúvidas, os principais bancos cortaram nas últimas semanas as linhas de crédito de curto prazo para as empreiteiras envolvidas na Lava Jato — e encareceram os recursos para as demais empresas do setor. Até mesmo para aquelas que nada têm a ver com a Petrobras.

Em bancos de investimento, os calotes são esperados de todos os lados — e não apenas das empreiteiras em apuros com a Justiça. E a maior parte deles tem origem na própria Petrobras. Desde o ano passado a empresa coloca obstáculos aos pagamentos de contratos, deixando fornecedores em situação delicada — alguns, como a GDK e a Tenace, chegaram a pedir recuperação judicial. A partir de 2014, o que era ocasional se tornou regra. Desde que a Operação Lava Jato foi anunciada pela Polícia Federal (PF), no início do ano, os pagamentos foram suspensos. A diretoria vetou qualquer desembolso a prestadores de serviços temendo que, ao assinar o gasto, poderia chancelar, sem saber, novos desvios de dinheiro. Resultado: mais uma série de empresas entrou com pedido de recuperação judicial. Já os fornecedores que conseguiram renegociar suas dívidas agora têm de pagar taxas de juros muito mais elevadas — devido ao risco de calote imposto pela Petrobras. “Toda a cadeia composta por empresas que fazem desde o suporte às plataformas de petróleo, até a alimentação, o transporte, os helicópteros e a engenharia, que estavam alavancadas, agora vão encontrar dificuldades para conseguir se refinanciar”, afirma Alexandre Bertoldi, sócio do escritório de advocacia Pinheiro Neto. (clique para continuar lendo)

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Ainda que a Petrobras responda por cerca de 11% dos investimentos feitos no país, os bancos não temem, contudo, que a onda de calotes possa estremecer o sistema financeiro nacional. "Os bancos brasileiros, mesmo os expostos a grandes construtoras, são altamente capitalizados. Além disso o sistema de supervisão bancária do Banco Central (BC) é referência mundial", afirmou um advogado especialista no setor bancário, que pediu anonimato. "Alguma turbulência haverá, mas não a ponto a de colapsar as instituições financeiras. O que elas devem fazer é aumentar o rigor na concessão de crédito, tanto de curto, como de longo prazo, mas ninguém vai quebrar." Exemplo disso é a inclusão de cláusulas contratuais que garantam o cumprimento de obrigações não só da empresa diretamente envolvida, mas também de toda sua cadeia de fornecedores. “As implicações dos processos políticos, cobranças judiciais, corte interno de custos e do aumento do endividamento da Petrobras pode implicar em ajustes no custo do capital. Da parte dos bancos, eles devem exigir um prêmio muito maior, para valer a pena correr o risco de conceder crédito à Petrobras e às empresas envolvidas", afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global. 

Neste cenário, a maior preocupação dos bancos é como prever as perdas a serem contabilizadas em seus balanços, dada a situação instável das companhias envolvidas. Caso as empreiteiras sejam declaradas inidôneas a partir de 2015, não poderão prestar serviços ao governo federal. Além disso, ainda há o fantasma da punição criminal pairando sobre as sedes das companhias. Diante disso, também as cláusulas anticorrupção se tornaram mais rígidas. “Uma das tendências, a partir da Lava Jato, é que os bancos exijam responsabilidade solidária das empresas em relação a suas controladas ou coligadas, em caso de punição criminal e inidoneidade. “Eles querem se resguardar. Mas como esse tipo de medida ainda é muito recente no Brasil, será preciso haver um consenso sobre a matéria, que não seja também muito radical”, afirma Pablo Sorj, sócio de infraestrutura e projetos de financiamento do escritório Mattos Filho.

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Crédito – Os efeitos práticos dos calotes para a vida do brasileiro comum recaem essencialmente sobre o mercado de crédito. Quando um banco provisiona perdas bilionárias em seu balanço, esses mesmos bilhões, que poderiam ser direcionados a diferentes linhas de crédito, precisam ficar em caixa para que as instituições cumpram os requisitos de liquidez exigidos pelos acordos internacionais. Com isso, a disponibilidade para emprestar é reduzida. A esse fato se soma o aumento dos juros que vem sendo conduzido pelo BC. Em sua última reunião, o Copom elevou a taxa básica a 11,75% ao ano. Como o impacto da elevação leva entre seis e nove meses para se refletir no mercado, os consumidores deverão se deparar com crédito menor e mais caro a partir do ano que vem. Situação similar, ainda que em menor proporção, ocorreu durante a quebradeira do império X, de Eike Batista, quando os bancos credores tiveram de provisionar perdas e calibrar seus indicadores de liquidez por meio do aperto do crédito.

Outra implicação que pode recair, mesmo que indiretamente, sobre os ombros dos contribuintes é o aumento do risco relacionado às obras públicas. Diante da instabilidade do setor, as linhas de crédito tendem ficar mais caras para projetos de infraestrutura. Assim, é esperado que as construtoras repassem o aumento para o custo das obras — que são pagas com dinheiro arrecadado dos impostos. No caso das prestadoras de serviços da Petrobras, há o risco adicional decorrente dos recentes calotes da estatal. Um diretor de uma grande empreiteira afirmou ao site de VEJA que a companhia já está recalculando o delta de risco que oferecerá nos próximos contratos com a estatal — quando (e se) a empresa retomar seus projetos paralisados. “A Petrobras vem sistematicamente desrespeitando um relacionamento de décadas. E não há como esse comportamento não ter consequências no cálculo do risco daqui pra frente”, afirma.

No caso específico da Petrobras, um cenário ainda mais oneroso se desenha à frente. Desde o agravamento da Lava Jato, após as eleições, a regra tácita dentro da estatal para que fornecedores consigam receber os atrasados é apelar para a Justiça. Com o aval do juiz para cada desembolso, a diretoria se livra de futuras responsabilidades por possíveis irregularidades nos contratos. É o que fez, por exemplo, a Odebrecht, que há duas semanas protocolou sua primeira ação judicial contra a petroleira, alegando o não pagamento de suas obrigações referentes à prestação de serviços para a Petrobras Chile. Ao mesmo tempo em que o aval da Justiça livra os diretores de possíveis penalidades, onera a estatal, já que ela terá de arcar com as multas e encargos decorrentes dos processos. “Como tudo está previsto em contrato, é muito difícil que a Petrobras ganhe essas ações judiciais. Estimular a judicialização nada mais é que uma saída para escapar da culpa”, diz o advogado de uma das prestadoras de serviço da estatal. Nada impede, portanto, que essa enxurrada de processos exija aportes de dinheiro público no caixa da estatal. 

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Tal cenário, por si só, já é desolador para diversos segmentos da economia brasileira. Mas, quando se somam a isso todos os problemas de ordem macroeconômica que afligem o país, as perspectivas se tornam sombrias. O aperto na disponibilidade de financiamento para a infraestrutura seria um convite, por exemplo, para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entrasse em ação com suas taxas subsidiadas. Faria sentido que a instituição atuasse para manter em dia as obras essenciais do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). O problema é que a devassa fiscal levada a cabo pelo governo Dilma deixou o Tesouro desguarnecido, o que deve acarretar em desaceleração dos repasses ao banco, como o próprio governo já admitiu. Há ainda outro agravante. As obras financiadas pela instituição e executadas pelas empreiteiras da Lava Jato também tiveram seus repasses paralisados. O BNDES afirmou que não se posicionará sobre o assunto. Mas, dentro das empreiteiras, a mensagem que tem sido passada não deixa margem para dúvidas: enquanto não houver um acordo entre as empresas para ressarcimento dos cofres públicos, que o Palácio do Planalto apelidou de ‘acordão’, as torneiras permanecerão fechadas. Logo o BNDES, que desde o governo Lula parece ter se esquecido de como era a dinâmica de paralisação de repasses.

O final da história está guardado para 2015, já que as repercussões do petrolão ainda não podem ser contabilizadas com precisão nas esferas política e econômica. Mas os fatos mais recentes já sinalizam que o perverso assalto feito ao caixa da Petrobras afetará o Brasil mais profundamente do que pode parecer à primeira vista. E, dependendo do círculo vicioso que se desencadear, o caminho de volta poderá ser árduo.

30 de dezembro de 2014

Analistas reduzem expectativa de crescimento do PIB

Investidores e analistas do mercado financeiro reduziram mais uma vez a expectativa de crescimento da economia em 2014. A nova projeção indica alta de 0,16% do Produto Interno Bruto (PIB). Na avaliação anterior, a estimativa era 0,18%. Para 2015, os economistas esperam aumento de 0,69%. A projeção era, até então, 0,73%. O PIB é a soma de todas os bens e serviços de um país.

Para o câmbio, a projeção subiu de R$ 2,55 para R$ 2,60, com taxa básica de juros em 11,5% ao ano, no fim de 2014. Não houve alteração na expectativa para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi mantida em 6,38%. O mercado financeiro enxerga, porém, alta nos preços administrados, com uma mudança de 5,3% para 5,4%. Esses preços são aqueles que tem o controle do governo, como as tarifas de energia elétrica. Houve, ainda, redução estimativa da Dívida Líquida do Setor Público, que passou de 36% do PIB para 35,9%.

No setor externo, aumentou o pessimismo para o déficit em contra corrente, que subiu de US$ 84,23 bilhões, para US$ 85 bilhões, com o saldo da balança comercial negativo em US$ 1,6 bilhão e mantendo-se a expectativa dos investimentos estrangeiros diretos de US$ 60 bilhões.

29 de dezembro de 2014

Com Portal Único, redução de custos de exportação pode atingir R$ 22,8 bilhões

Os operadores poderão enviar documentos em lote e não mais individualmente.

Com o funcionamento do Portal Único de Comércio Exterior, a redução de custos estimada chega a US$ 22,8 bilhões ao ano, de acordo com cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Uma nova etapa do programa foi lançada no dia 15 de dezembro pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e Secretaria da Receita Federal.

Desenvolvida pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), a plataforma permite a anexação de documentos digitalizados com assinatura digital. A mudança permitirá agilizar trâmites portuários online, reduzir custos para exportadores e importadores, com a eliminação do envio de documentos em papel, e melhorar a operacionalização de empresas instaladas em localidades remotas do país. Além disso, os operadores poderão enviar documentos em lote e não mais individualmente, sem a necessidade de deslocamento aos órgãos públicos.


Outra novidade é a opção do Drawback Isenção Web. O regime de drawback isenta de tributos a reposição de estoques de matérias-primas usadas na produção de bens exportados. “Para cada US$ 1 de insumos importados geramos US$ 7. Vamos mudar essa realidade. Sairemos de formulários de papel para controles digitais, além da integração do Siscomex [Sistema de Comércio Exterior], para evitar redundância e manter a integridade da informação”, destacou Daniel Godinho, secretário de Comércio Exterior do MDIC.

Ele destacou que o projeto do governo brasileiro oferece solução progressiva e incremental, que sempre trará novidades para operadores do comércio exterior à medida que o programa for se desenvolvendo.

A implementação do programa deverá diminuir de 13 para oito dias o prazo de exportação e de 17 dias para dez dias o de importação. Isso ocorrerá com a agilização das declarações. Com as medidas, estima-se que a economia anual das empresas que trabalham no comércio exterior poderá superar R$ 50 bilhões. O objetivo é ampliar a transparência, ao permitir que as empresas acompanhem pela internet o detalhamento de suas operações.

“O Portal Único tem um cronograma a cumprir até 2017. É uma excelente iniciativa e trará, a cada etapa, transparência e redução de custos. O canal de diálogo com o governo é importante”, destacou Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI.

Para o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto, as novidades anunciadas mostram o empenho do governo em manter o cronograma de aprimoramento do portal, lançado em abril deste ano. Houve melhorias no Sistema de Declaração de Exportação online que, de acordo com a Receita, facilita navegação no portal.

Com a redução nos atrasos portuários, os custos adicionais das exportações deverá cair. Estudos da Fundação Getúlio Vargas indicam que as despesas nas operações de exportação são oneradas em 14,04%. Nos Estados Unidos, a perda dos exportadores com as mercadorias que aguardam embaque chega a 5,05%.

28 de dezembro de 2014

Eletrobras aprova operação para sanar dívida de R$ 8,5 bilhões com a Petrobras

Presidente da Petrobras, Graça Foster. Dívida vem da compra de combustíveis para operar usinas térmicas no Norte.

A Eletrobras informou no dia 12 de dezembro que seu Conselho de Administração aprovou a repactuação de dívidas de suas distribuidoras com a Petrobras no valor de cerca de 8,5 bilhões de reais, dos quais 3,2 bilhões de reais correspondem ao fornecimento de gás e 5,3 bilhões ao fornecimento de óleo. A companhia disse em comunicado que as dívidas já estão reconhecidas em balanços de distribuidoras de energia e serão pagas em 120 parcelas mensais e sucessivas a partir de fevereiro de 2015. O saldo devedor será corrigido pela taxa de juros Selic.

A Eletrobras tem garantia da União para pagamento de 4,2 bilhões de reais, valor que corresponde a uma dívida entre da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) com a Eletrobras, ou seja, valor que não foi repassado para a estatal para a compra de combustível ao contrário do que deveria ter acontecido. A CDE assumiu desde 2012 obrigações da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), o que subsidiou a compra de óleo para as termelétricas dos sistemas isolados da região Norte. Mas a CDE deixou de repassar para a Eletrobras parte dos montades destinados à compra do óleo.

A Eletrobras informou que as operações dependem da aprovação de órgãos competentes, e instrumentos contratuais precisam ser assinados entre as partes envolvidas. Não está claro como a companhia receberá os créditos da CDE. Mas para respeitar os termos do pagamento da dívida com a Petrobras, terá que receber pelo menos parte dos valores do Tesouro Nacional até fevereiro de 2015.

O conselho da Eletrobras aprovou também a celebração de termo de repactuação de dívida da CDE de 4,2 bilhões de reais, em que o fundo reconhecerá ser devedor das distribuidoras da companhia Amazonas Energia (AM), Boa Vista (RR) e Ceron (RO). Além disso, a estatal busca o reconhecimento de outros créditos referentes ao reembolso de custos de combustíveis no valor de 4,3 bilhões de reais com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

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Véspera - O Conselho de Administração da Eletrobras se reuniu na quinta-feira para discutir um possível acordo com o governo para reforçar o caixa da Petrobras em meio ao escândalo revelado pela Operação Lava Jato. Por meio de uma engenharia financeira, a Petrobras venderia no mercado títulos lastreados em uma dívida de 8,5 bilhões de reais da Eletrobras. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reforçou que os títulos seriam emitidos pela Petrobras com base em documento assinado pela Eletrobras, com garantia do Tesouro. De acordo com ele, a emissão deveria sair ainda neste ano. 

A dívida da Eletrobras vem da compra de combustíveis da Petrobras para operar usinas térmicas na região Norte, ainda não interligadas ao sistema elétrico nacional. Cerca de 70% do débito (6 bilhões de reais) deveria ser financiado com recursos da Conta de CDE. Mas, a partir de negociações feitas pelo governo, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) tomará medidas para viabilizar a quitação dessa parcela da dívida.

27 de dezembro de 2014

Gerente da Petrobras alertou Graça sobre desvios — e foi afastada

A presidente da Petrobras, Graça Foster, foi alertada por gerente sobre desvios.

Os diretores da Petrobras tanto da gestão de José Sérgio Gabrielli quanto de Graça Foster foram alertados por uma gerente sobre as irregularidades em contratos firmados pela estatal com prestadoras de serviço, segundo reportagem do jornal Valor Econômico publicada nesta sexta-feira. Venina Velosa da Fonseca era gerente da diretoria de Abastecimento comandada por Paulo Roberto Costa e começou a suspeitar de superfaturamento nos idos de 2008. Desde que começou a fazer alertas e a juntar documentos, foi expatriada para a Ásia e, mais recentemente, afastada do cargo juntamente com os funcionários suspeitos de envolvimento na Operação Lava Jato. Em email a Graça, a gerente relata que chegou a ser ameaçada com uma arma e que suas filhas também corriam perigo.
Venina Velosa da Fonseca com Jorge Gerdau.

Venina, que é geóloga na estatal desde a década de 1990, começou a suspeitar que havia problemas quando percebeu que os gastos com pequenos contratos de prestação de serviços avançaram de 39 milhões para 133 milhões de reais em 2008, sem razão aparente. Em sua apuração interna, a gerente detectou que a estatal estava pagando por serviços de comunicação que sequer estavam sendo prestados. Sua primeira atitude foi informar Paulo Roberto Costa, seu superior direto, e pedir mais rigor na fiscalização dos contratos. Costa, relata Venina, apontou para o retrato de Lula em sua sala e perguntou" você quer derrubar todo mundo?". A gerente então encaminhou as denúncias ao presidente Gabrielli que, após auditoria interna, acabou demitindo o diretor de comunicação, Geovanne de Morais. 

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A gerente prosseguiu com suas investigações e apurou o que viria a ser um braço do esquema de desvio de dinheiro e cartel de empreiteiras mostrados hoje pela Lava Jato. Em email a Graça, que ainda era diretora de Gás e Energia, a funcionária aponta irregularidades em contratos bilionários referentes a Abreu e Lima, além de questionar o fato de acordos de tão alto valor serem firmados com dispensa de licitação. Em retorno, obteve o silêncio de Graça.

O desgaste interno fez com que Venina fosse transferida para o escritório da Petrobras em Cingapura, em 2009, onde ela foi afastada da área operacional e direcionada a um curso de especialização. Em 2011, já de volta ao Brasil, voltou a escrever para Graça, a quem confidenciou que sentia vergonha de trabalhar na empresa. "Diretores passam a se intitular e a agir como deuses e a tratar pessoas como animais", escreveu. Em 2012, depois de ficar cinco meses no Rio de Janeiro sem qualquer atribuição, voltou a Cingapura ao escritório da estatal. Foi então que levantou novas suspeitas de superfaturamento de compra de combustível que a Petrobras fazia no país asiático. Venina informou a sede sobre suas descobertas, mas novamente foi ignorada.

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De volta ao Brasil em 2014, a gerente fez uma apresentação sobre as irregularidades apuradas na Ásia e sugeriu a criação de uma área de controle interno para conter perdas nos escritórios internacionais, mas nada foi feito. Em 19 de novembro, Venina foi afastada da empresa juntamente com outros funcionários suspeitos de envolvimento na Lava Jato. Ficou sabendo sobre seu afastamento por meio da imprensa. No dia seguinte, escreveu um email à presidente da estatal. "Desde 2008, minha vida se tornou um inferno. (...) Ao lutar contra isso, fui ameaçada e assediada. Até arma na minha cabeça e ameaça às minhas filhas. Levei o assunto às autoridades competentes da empresa, inclusive Jurídico e Auditoria, o que foi em vão. (...) Voltei a me opor ao esquema que parecia existir no projeto Rnest. Novamente fui exposta a todo tipo de assédio. Ao deixar a função, fui expatriada e o diretor hoje preso levantou um brinde, apesar de dizer ser pena não poder me exilar por toda a vida".

Em nota, a Petrobras informou que aprimorou processos de compra e venda de combustível em seus escritórios internacionais e que, em auditoria, não encontrou "nenhuma não conformidade" nas operações entre 2012 e 2014. Sobre Abreu e Lima (Rnest), a empresa afirma que realizou apurações e enviou relatório aos órgãos de controle e autoridades competentes. A empresa não se posicionou sobre a razão do afastamento da funcionária.

26 de dezembro de 2014

Inflação deve convergir para meta apenas em 2016, diz BC

"Em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante", reforçou, em ata, o BC.

A inflação no Brasil tende a se manter elevada em 2015, mas ainda no próximo ano entrará em "longo período de declínio". A previsão foi feita pelo Banco Central (BC) para justificar a aceleração de velocidade de alta dos juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa Selic subiu de 11,25% para 11,75%. A informação consta na ata do Copom divulgada no dia 11 de dezembro. 

No documento, o BC não descarta um cenário de alta da inflação no curto prazo. O BC prevê a convergência da inflação para a trajetória de metas somente em 2016. "Para os três primeiros trimestres de 2016, apesar de indicarem que a inflação entra em trajetória de convergência para a meta de 4,5% fixada pelo CMN, as projeções também apontam inflação acima da mesma, tanto no cenário de referência quanto no de mercado", reforça a ata. O teto da meta é de 6,5%. 

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Nesse cenário, o BC avalia que o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia, considerando os efeitos cumulativos e defasados da política monetária. Mas avisa que é preciso se manter "especialmente vigilante".

"Em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária", diz a entidade.

25 de dezembro de 2014

Feliz Natal 2014

A Equipe do Portal Administração em Foco deseja um Feliz Natal.

"São nos pequenos gestos e atitudes do nosso dia a dia que devemos proporcionar o mínimo de alegria e compreensão a todos que nos cercam. Que o espírito natalino encha os nossos corações. Feliz Natal".

24 de dezembro de 2014

Baixa no preço do combustível vai impulsionar lucros de aéreas, diz entidade

Os preços de combustível em queda e um crescimento econômico mais forte significam que companhias aéreas globais vão registrar suas margens de lucros mais fortes em mais que cinco anos em 2015, disse a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

A associação baseada em Genebra, que representa cerca de 250 companhias aéreas que são responsáveis por 84% por cento do tráfego aéreo, disse que o lucro líquido vai subir para US$ 25 bilhões em 2015, resultado numa margem de lucro de 3,2%.

A última vez que a indústria teve margens quase tão altas foi em 2010, quando alcançou 3,1%.

"A perspectiva para a indústria está melhorando. A economia global continua a se recuperar e a queda nos preços do petróleo devem fortalecer a retomada no ano que vem", disse o diretor-geral da Iata, Tony Tyler.

No entanto, Tyler acrescentou uma nota de cautela. "Uma margem de lucro líquido de 3,2% não deixa muito espaço para uma deterioração do ambiente externo antes que os lucros sejam impactados", disse.

A Iata também elevou sua projeção de lucro para 2014 para US$ 19,9 bilhões, ante estimativa anterior de US$ 18 bilhões.

Os gastos de companhias aéreas com combustível vão cair para US$ 192 bilhões em 2015, ante projetados US$ 204 bilhões neste ano, segundo a Iata.

23 de dezembro de 2014

Carteira de motorista terá nova versão em 2015

A CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e os documentos de identificação dos carros terão uma nova cara a partir de 1º de julho de 2015. O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) apresentou os novos modelos no dia 10 de dezembro na sede do Ministério das Cidades, em Brasília.

As medidas têm como objetivo impedir a falsificação e adulteração dos documentos, além de fraude no pagamento de licenciamento e do IPVA (Imposto de Propriedade de Veículo Automotor), conforme explicou o coordenador-geral de informatização e estatística do Denatran, Rone Evaldo Barbosa. “O principal ponto é um código de segurança que traz informações criptografadas e que vai permitir a identificação de imediato, até mesmo off-line, se esse documento é verdadeiro ou foi falsificado”, explicou.

O Denatran assegurou que não haverá alteração de preço para a execução dos novos documentos. Quem tem o modelo atual em vigência não precisa fazer alterações. A mudança dos documentos será gradual em processo que deve durar cinco anos. 

A nova versão da carteira de motorista tem 28 dispositivos de segurança, como imagem secreta com a sigla BR, marcas d'água e holografias. Já o CRV (Certificado de Registro de Veículo) e o CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo) possuem 17 itens, entre eles, um código bidimensional (QR Code), que pode ser lido digitalmente.

A providência tem conformidade com as resoluções 511 e 512 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e já foram publicadas no Diário Oficial da União.

22 de dezembro de 2014

PIB sustentável do Brasil cresceu apenas 2% em 20 anos, segundo estudo

Se toda a riqueza produzida pelo Brasil fosse dividida pelo total de habitantes do país em 1990, cada brasileiro levaria para casa R$ 3.999. Vinte anos depois, em 2010, a divisão desse bolo – conhecido pelos economistas como o PIB per capita - seria de R$ 5.604, uma alta de 40%.

Índice de Riqueza Inclusiva propõe avaliar crescimento da economia pela ótica do desenvolvimento sustentável; entre 1990 e 2010, PIB per capita subiu 40% no Brasil.


No entanto, segundo um novo indicador divulgado no dia 10 de dezembro, a economia brasileira teria crescido na verdade apenas uma fração disso: 2% em duas décadas.

A explicação: se por um lado, mais bens e serviços foram produzidos, por outro, mais recursos renováveis e não renováveis também foram gastos para alimentar esse crescimento. Além disso, por causa de flutuações de mercado, parte dessas matérias-primas também perdeu valor ao longo do tempo.

Ou seja, conclui o relatório, o Brasil ficou mais rico, mas a um ritmo inferior do que supõe a métrica tradicional.

Em sua segunda edição, o Índice de Riqueza Inclusiva (ou IRW, de Inclusive Wealth Index) mediu o desempenho econômico de 140 países entre 1990 e 2010 de forma a refletir a evolução do desenvolvimento sustentável nesse período.

Publicado a cada dois anos desde 2012, o levantamento não se restringe a analisar o quanto aumentou o PIB per capita no período - calcula o impacto na economia das mudanças em capital humano (mão de obra), capital natural (recursos naturais) e capital produzido (produção de bens e serviços) de cada país.

De forma geral, segundo aponta o relatório, os países apresentaram um crescimento bem mais expressivo quando analisado apenas seu desempenho econômico pelos critérios de PIB per capita. Entre 1990 e 2010, esse indicador registrou alta de 50%.

No entanto, quando as mudanças no capital humano, natural e produzido são consideradas, a economia mundial cresceu muito menos: apenas 6%.

PIB sustentável x per capita (1990-2010)

China - +47% (IWI per capita) x +523% (PIB per capita)

EUA - +13% (IWI per capita) x +33% (PIB per capita)

Índia - +16% (IWI per capita) x +155% (PIB per capita)

Brasil - +2% (IWI per capita) x +40% (PIB per capita)

Fonte: Inclusive Wealth Report

De acordo com a pesquisa, o baixo nível de crescimento do capital humano (em termos de educação, aptidão e habilidades), combinado com vastas perdas no capital natural (terras agrícolas, florestas, reservas fósseis e minerais), explicam o mau desempenho do crescimento da economia global apesar dos enormes ganhos no capital produzido.

"O relatório desafia a perspectiva limitadora do PIB. E também destaca a necessidade de integrar a sustentabilidade na evolução econômica e no planejamento de políticas públicas", afirmou Partha Dasgupta, professor emérito de Economia da Universidade de Cambridge e um dos responsáveis pelo estudo.

"Olhar além do PIB e adotar um Índice de Riqueza Inclusiva internacionalmente é fundamental para que a agenda de desenvolvimento sustentável pós-2015 se adeque aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU", acrescentou Dasgupta.

Perda de recursos

O Brasil não foi exceção entre os países que apresentaram desequilíbrios entre os critérios convencionais de medição do crescimento da economia e a alternativa proposta pelo IWI.

Entre 1990 e 2010, os economias per capita de Estados Unidos, Índia e China, por exemplo, cresceram respectivamente 33%, 155% e 523%. Já quando o desenvolvimento sustentável é analisado, a riqueza inclusiva desses países teria crescido 13%, 16% e 47% em duas décadas.

Outros países inclusive tiveram desempenho negativo quando avaliada a variação do IWI, como o Equador, onde o PIB per capita aumentou 37% e a riqueza inclusiva caiu 17%. A economia do Catar quase dobrou de tamanho (alta de 85%) segundo a medição tradicional, mas o IWI apresentou queda de 53%.

De acordo com o relatório, o crescimento populacional e a depreciação do capital natural são os dois principais fatores por trás da queda da geração de riqueza sustentável per capita na maioria dos países analisados.

O estudo acrescenta que a população aumentou em 127 dos 140 países analisados, enquanto o capital natural registrou trajetória inversa, caindo também em 127 das 140 nações avaliadas.

"Embora ambos os fatores tenham influenciado negativamente o crescimento da riqueza, as mudanças populacionais foram responsáveis pelas maiores reduções", destaca a pesquisa.

Fonte finita

No caso do capital natural, a situação do Brasil é curiosa. Apesar de ter a segunda maior cobertura florestal do mundo, com 56% do território dominado por florestas, o país foi um dos que mais perdeu capital florestal nos últimos anos, ao lado de Nigéria, Indonésia, Mianmar e Zimbábue, e acabou ultrapassado pela China.

O país asiático, por sua vez, lidera o ranking global, mas só tem 18% de seu território coberto por florestas, segundo o estudo, devido às diferenças de preço da madeira. A China tem mais áreas onde a matéria-prima pode ser extraída e vendida legalmente.

Além disso, acrescenta o relatório, o Brasil perdeu capital florestal entre 1990 e 2000 devido ao desmatamento e só começou a recuperá-lo na última década, quando medidas para conter a derrubada de árvores, como leis mais duras, foram tomadas pelo governo.

Por outro lado, o país ganhou capital natural ao aumentar o número de terras destinadas à agricultura.

O estudo alerta, no entanto, sobre o consumo desenfreado das matérias-primas que alimentou o crescimento econômico na década anterior, medido pelos critérios convencionais.

"Por mais de meio século, avaliamos o progresso das nações com base em quanto é produzido, consumido e investido; nós o medimos em dólares americanos e agregamos os dados em uma métrica fácil de ser comparada: o Produto Interno Bruto (PIB)", afirmou Anantha Duraiappah, diretor da Unesco / Instituto Mahatma Gandhi de Educação para Paz e Desenvolvimento Sustentável.

"A suposição implícita, no entanto, de que a fonte da qual depende esse crescimento é infinita claramente não é verdadeira. Menos de 50% dos 140 países analisados estão uma trajetória sustentável; mais da metade deles está consumindo além do que podem", acrescentou ele.

21 de dezembro de 2014

BMW vende mais que Audi e Mercedes em novembro, mas vantagem diminui

A BMW teve em novembro maiores vendas já registradas pela marca no mês, superando Audi e Mercedes-Benz, mas as duas rivais alemãs continuam a caminho de estreitar a liderança da BMW no mercado global de carros de luxo.

As vendas da marca BMW subiram 6,2% no mês passado, para 158.953 carros e utilitários esportivos, anunciou a companhia nesta quarta-feira, citando forte demanda nos principais mercados da Europa e na China.

Em comparação, a divisão Audi da VW vendeu 146.250 unidades, enquanto a Mercedes, da Daimler, viu suas vendas crescerem 13%, para 150.742 carros.

Esta foi a segunda vez neste ano que a Mercedes-Benz, terceira maior montadora de veículos de luxo em vendas, superou a Audi em vendas mensais.

A BMW está se dirigindo para o 10º ano consecutivo de liderança em vendas de carros de luxo, mas as três maiores marcas da Alemanha no segmento estão ficando mais próximas.

A vantagem de vendas geral da BMW em 2014 sobre a Audi diminuiu em um quinto para 43 mil carros após 11 meses, ante 54 mil no mesmo período do ano passado.

A Mercedes-Benz, que foi ultrapassada na primeira colocação pela BMW em 2005 e caiu para o terceiro lugar atrás da Audi em 2011, estreitou sua diferença anual em relação à BMW em 17% neste ano para 147 mil carros, ante 177 mil um ano antes.

20 de dezembro de 2014

Taxa de desemprego fica estável no terceiro trimestre, em 6,8%, diz IBGE

A taxa de desocupação no terceiro trimestre ficou em 6,8%, o que representa estabilidade em relação ao trimestre anterior e ligeiro recuo na comparação com o mesmo período de 2013 (6,9%).

O nível da ocupação para o mesmo período (56,8%) permaneceu estável frente ao segundo trimestre (56,9%) e apresentou uma pequena queda em relação ao terceiro trimestre de 2013 (57,1%).

No terceiro trimestre desta ano, 78,1% dos empregados do setor privado tinham carteira de trabalho assinada, com avanço de 1,5 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2013. As regiões Norte (65,6%) e Nordeste (63,0%) mostraram os menores percentuais nesse indicador.

A região Nordeste foi a que apresentou a maior taxa de desocupação, 8,6%, e a região Sul, a menor, 4,2%.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, a taxa da região Nordeste caiu 0,4 ponto percentual. A região Norte destacou-se com redução no mesmo período de 0,6 ponto percentual, de 7,5% passou para 6,9%, e igualou-se pela primeira vez na série histórica à taxa da região Sudeste (6,9%).

Foram verificadas ainda diferenças significativas na taxa de desocupação entre homens (5,7%) e mulheres (8,2%). Já o nível da ocupação é de 68,3% para os homens e 46,3% para as mulheres. O comportamento diferenciado deste indicador entre homens e mulheres foi verificado nas cinco grandes regiões, com destaque para a Norte, onde a diferença entre homens (71%) e mulheres (43,1%) foi a maior (27,9 pontos percentuais), e a Sul, com a menor diferença (19,4 pontos percentuais), sendo 71,2% para os homens e 51,8% para as mulheres.

A taxa de desocupação dos jovens de 18 a 24 anos de idade foi de 15,3%, patamar elevado em relação à taxa média total (6,8%). Este comportamento foi verificado em todas as cinco grandes regiões, onde a taxa oscilou entre 10,2% no Sul e 19,1%, no Nordeste. Já nos grupos de pessoas de 25 a 39 e de 40 a 59 anos de idade este indicador no país foi de 6,4% e 3,4%, respectivamente.

Regiões Norte e Nordeste têm maiores percentuais de autônomos

A população ocupada se dividiu da seguinte maneira no trimestre passado: 69,8% de empregados, 4,1% de empregadores, 23,3% de trabalhadores por conta própria e 2,8% de trabalhadores familiares auxiliares.

Ao longo da série histórica da pesquisa essa composição não se alterou significativamente. Nas regiões Norte (30,2%) e Nordeste (29,4%), o percentual de trabalhadores por conta própria era superior ao verificado nas demais regiões. O mesmo foi constatado para os trabalhadores familiares auxiliares: 7,1% na região Norte e 4,3% na região Nordeste (4,3%).

19 de dezembro de 2014

937 mil contribuintes ficaram na malha fina 2014, segundo Receita

A Receita Federal divulgou balanço das declarações do Imposto de Renda Pessoa Física 2014 e um total de 937.939 declarações ficaram retidas em malha fiscal, popularmente chamada de "malha fina". (Veja aqui se você ficou retido.) 

Dentro desse grupo que ainda precisa prestar esclarecimentos ou fazer retificações na declaração estão 740.760 contribuintes com Imposto a restituir, 174.301 com Imposto a Pagar e 22.878 sem saldo de imposto a pagar ou a restituir.




Segundo a Receita Federal, o maior motivo de retenção em malha foi omissão de rendimentos, presente em 52% das retenções. A omissão de rendimentos acontece quando o valor do rendimento declarado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) é menor do que o informado pela fonte pagadora em Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirf).

Em segundo lugar, despesas médicas, respondendo por 20% das retenções. Em terceiro lugar, com 10% das retenções, está a ausência de Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirf), que ocorre quando a pessoa física declara um valor de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), mas quem pagou o rendimento não apresenta a Dirf, ou apresenta a Declaração sem informar aquela pessoa física como beneficiário de pagamentos com retenção do IR na fonte. 

Em quarto lugar, a quantidade de Dependentes declarada pelas pessoas físicas acarretou 7% das retenções. 

Veja como corrigir informações

De acordo com a Receita, o contribuinte pode consultar a situação da Declaração apresentada por meio do serviço Extrato do Processamento da DIRPF, disponível na página da Receita Federal. O serviço é acessível por certificado digital válido ou código de acesso, que pode ser gerado seguindo instruções na própria página.

É muito importante verificar se existem Pendências na Declaração. O contribuinte deve ler com atenção a pendência apontada, e as seções "O que verificar?" e "O que fazer?", apresentadas para cada pendência encontrada na Declaração.

Constatando erros na Declaração apresentada, o contribuinte pode corrigi-los por meio de uma Declaração retificadora. Se não houver erro na Declaração apresentada, e o contribuinte tiver todos os documentos que possam comprovar os valores declarados, apontados como pendências, pode agendar uma data para comparecer à Receita Federal e apresentar a documentação.

O agendamento para DIRPF exercício 2014 começa a partir de 02 de janeiro de 2015.

Veja quais são os gastos não dedutíveis do Imposto de Renda

1 - DOAÇÕES A ENTIDADES FILANTRÓPICAS: só é possível abater com doações a fundos credenciados, no limite de 6% do imposto devido.

2 - VACINA: gasto com este recurso para prevenir doenças contagiosas não está previsto como dedutível do IR.

3 - VETERINÁRIO: as despesas médicas com seu animal de estimação não podem ser abatidas na declaração.

4 - SEGUROS: gasto com plano de saúde é a única dedução possível quando se trata de seguros.

5 - MATERIAL ESCOLAR: embora seja possível abater matrícula e mensalidade, o conteúdo que vai dentro da mochila não prevê o desconto.

6 - REMÉDIOS: eles só podem ser abatidos se os gastos estiverem inclusos na conta do hospital.

7 - NUTRICIONISTA: cuidar da alimentação não garante desconto no imposto devido.

8 - FINANCIAMENTO: seja de veículos ou imóveis, as parcelas pagas no compromisso não permitem pagar menos imposto.

9 - CLAREAMENTO DENTAL: apesar de o tratamento de cáries e canal ser dedutível, a visita ao dentista por fins estéticos está fora da lista de gastos dedutíveis.

10 - APARELHO DE SURDEZ: produto não é abatível do IR como as próteses e cadeira de rodas. 

11 - LENTE DE CONTATO: despesas com óculos ou lente não garantem o abatimento do imposto. 

12 - EXAME DE DNA: apesar de ser uma despesa médica, a confirmação da paternidade não permite abater o IR.

13 - TRATAMENTO DE BELEZA: massagens, drenagem linfática e depilação, por exemplo, estão fora da lista de despesas dedutíveis.

14 - PRÓTESE DE SILICONE: o gasto com implante só é abatido do IR se for com fins de saúde, como a reconstrução da mama.

15 - AULA PARTICULAR: contratar um professor para o aprimoramento de alguma matéria também não garante a dedução do imposto.

16 - ACADEMIA: assim como aulas de dança, esportes ou natação, estas despesas estão de fora dos gastos dedutíveis.

17 - CURSINHOS: os gastos com a preparação para o vestibular não entram nas deduções previstas com instrução.

18 - CURSO DE IDIOMAS: aprender uma nova língua agrega conhecimento, mas não permite pagar menos imposto.

19 - DOAÇÕES A DEPENDENTES: o ato espontâneo de dar dinheiro a dependentes não é caracterizado como doação dedutível do IR.

20 - PAGAMENTO DE ALUGUEL: embora pesem no orçamento, os gastos com locação de imóvel estão de fora das despesas dedutíveis.

18 de dezembro de 2014

Por que a Califórnia é a região com mais multimilionários no mundo?

A Califórnia ganhou o apelido de "Estado dourado" há décadas, entre outras coisas, graças às abundantes reservas de ouro que foram encontradas em em seu território, na costa oeste dos Estados Unidos, em meados do século 19.
Califórnia é conhecida como Estado Dourado por conta da produção de ouro no Século 19.

E, embora a exploração do metal precioso tenha acabado há algum tempo na região, o apelido segue valendo se levado em consideração o número de multimilionários que vivem no estado californiano.

Segundo um estudo elaborado pelo grupo Wealth X, em parceria com o banco suíço UBS, a Califórnia é o lugar com a maior concentração daqueles chamados "ultra-ricos" no mundo – pessoas ricas o suficiente para terem acumulado um património superior ao de US$ 30 milhões (R$ 77,6 milhões).



No total, são 13.445 pessoas consideradas "ultra-ricas" que vivem no "Estado dourado". Em todo o Reino Unido, por exemplo, "só" 11.510 se encaixam nessa categoria.

Veja galeria com as 15 famílias mais ricas do Brasil

1ª - Família Marinho: os donos das Organizações Globo têm US$ 28,9 bilhões; na foto, João Roberto.

2ª - Família Safra: dona do Banco Safra, tem US$ 20,1 bilhões; na foto, Lily Safra.

3ª - Família Ermírio de Moraes: controladora do grupo Votorantim, tem US$ 15,4 bilhões; na foto, Antônio Ermírio de Moraes.

4ª - Família Moreira Salles: com participação no Itaú Unibanco, tem US$ 12,4 bilhões; na foto, João Moreira Salles.

5ª - Família Camargo: dona do grupo Camargo Corrêa, tem US$ 8 bilhões; na foto, Rossana Camargo.

6ª - Família Villela: com participação no Itaú Unibanco, tem US$ 5 bilhões; na foto, Milú Villela.

7ª - Família Maggi: dona do grupo homônimo, um dos maiores produtores de soja do mundo, tem US$ 4,9 bilhões; na foto, Blairo Maggi.

8ª - Família Aguiar: com participação no Bradesco, tem US$ 4,5 bilhões; na foto, Lia Aguiar. 

9ª - Família Batista: dona do grupo JBS, tem US$ 4,3 bilhões; na foto, Joesley Batista.

10ª - Família Odebrecht: dona do grupo homônimo, tem US$ 3,9 bilhões; ao centro, Norberto Odebrecht.

11ª - Família Civita: dona do grupo Abril, tem US$ 3,3 bilhões; na foto, Victor Civita Neto.

12ª - Família Setúbal: com participação no Itaú Unibanco, tem US$ 3,3 bilhões; na foto, Roberto Setúbal.

13ª - Família Igel: controladora do grupo Ultrapar, tem US$ 3,2 bilhões.

14ª - Família Marcondes Penido: com participação na concessionária CCR, tem US$ 2,8 bilhões; na foto, Pelerson Soares Penido, morto em 2012.

15ª - Família Feffer: dona do grupo Suzano, tem US$ 2,3 bilhões; na foto, David Feffer.

Considerando todo o território global, um total de 211.275 pessoas têm fortunas iguais ou superiores a US$ 30 milhões, segundo a Wealth X. Eles representam 0,4% da população mundial, mas detêm cerca de 13% de toda a riqueza do mundo.

Dentre os multimilionários californianos incluídos no relatório, a maioria vive em São Francisco (5.460) e em Los Angeles (5.135).

Essa abundância de "ultra-ricos" não surpreende considerando que cerca de um terço de todos os milionários do planeta vivem nos Estados Unidos – somando 69.560 pessoas.

Mas por que há tantos "ultra-ricos" na Califórnia? Seria por causa do clima agradável e das paisagens excêntricas? Ou teria algo a ver com a forte indústria tecnológica do Vale do Silício? Ou seria ainda pelo alto número de renomadas instituições acadêmicas?

Combinação de fatores

Segundo David Friedman, presidente da Wealth X, o que coloca a Califórnia como o grande "lar" dos multimilionários do mundo é uma combinação desses fatores.

"Não creio que os ultra-ricos tenham escolhido a Califórnia para viver, e sim que a Califórnia os tenha feito ultra-ricos", disse Friedman em entrevista à BBC Mundo.

"Se você é um empreendedor e quer fundar sua própria empresa, a Califórnia conta com uma combinação única de recursos financeiros, numerosos fundos de investimento, centros universitários de primeira e que produzem um valioso capital humano", analisa o especialista em finanças. "É uma combinação única que muitas regiões do planeta tentam copiar."

Friedman afirma também que o Vale do Silício, no norte da Califórnia, "converteu-se em uma das plataformas mais poderosas para desenvolver riqueza de forma rápida graças à indústria tecnológica."

Isso fica claro no próprio relatório da Wealth X – o documento mostra que um quarto dos multimilionários californianos têm algum tipo de relação com o lugar onde ficam as sedes de gigantes como o Google e o Facebook.

Esse acúmulo de riqueza na indústria tecnológica acaba se expandindo a outros setores como o das finanças e o imobiliário.

"Os multimilionários reclamam dos altos impostos que têm de pagar na Califórnia e isso faz surgir a pergunta: por que, então, eles permanecem no estado?", questiona Friedman.

"Acredito que isso tenha a ver com o bom clima, a grande diversidade geográfica, o estilo de vida e as facilidades para que os ultra-ricos possam estar rodeados de gente com o mesmo status."

E segundo o relatório da Wealth X, cada multimilionário está relacionado com ao menos outros sete multimilionários, entre os quais ao menos um tem uma fortuna superior a de US$ 1 bilhão.

"Para eles, é importante poder se relacionar com gente do mesmo nível e eles só vão conseguir isso em regiões como a Baía de São Francisco", explica Friedman.

Vida de luxo

Quentin Fottrell, jornalista do Market Watch, concorda com Friedman que o Vale do Silício tem um papel muito importante no fato de a Califórnia ter uma concentração tão alta de milionários.

Mas além disso, ele aponta que em Los Angeles, no sul do estado, é a indústria de entretenimento que contribui para o grande número de ultra-ricos na região.

"Não há dúvida que que o bom clima e a geografia da região ajudam os multimilionários a optarem pela Califórnia como lugar pra morar", disse à BBC Mundo.

O jornalista ressalta também que a existência de um mercado imobiliário forte "que oferece algumas das casas mais luxuosas do planeta, ideais para quem tem muitos milhões à disposição", também contribui para o fenômeno.

O curioso, segundo Fottrell, é que apesar de contar com o maior número de ultra-ricos, a Califórnia ocupa o 40º lugar entre os estados americanos que mais doam dinheiro a obras de caridade.

17 de dezembro de 2014

De guarda-costas a cuidador de animais: governo aumenta atividades no Simples

As atividades de produção e comércio atacadista de refrigerantes, fisioterapia, corretagem de seguros e de imóveis e atividades de natureza intelectual passam a partir de janeiro a ter como opção a adesão ao regime Simples Nacional, que unifica a cobrança de tributos federais.
A profissão de cuidador de animais foi incluída no Simples Nacional.

Conforme resolução publicada no dia 05 de dezembro pelo Comitê Gestor do Simples Nacional, o governo federal autorizou a ampliação das atividades que poderão ser classificadas como de microempreendedor individual, passando a incluir cuidador de animais, diaristas, guarda-costas, reparador de cofres, trancas e e travas de segurança, transportador intermunicipal e interestadual de travessia por navegação fluvial e vigilante independente.

Em outra modificação, a resolução estabelece dois limites para enquadramento ao Simples Nacional, sendo o primeiro, de R$ 3,6 milhões para vendas no mercado interno ao ano, e um segundo limite, também no mesmo valor, em receita anual com a exportação de mercadorias e serviços.

Em uma segunda regulamentação sobre o Simples Nacional publicada no dia 05 de dezembro, foi estabelecido sublimites de enquadramento para o regime para efeito de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) referente ao ano de 2015.


Os sublimites são R$ 1,8 milhão em receita anual para empresas em atividade nos Estados do Acre, Amapá, Roraima e Rondônia e de R$ 2,520 milhões em receita anual de pessoas jurídicas dos Estados Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí e Tocantins.

Nos demais Estados e no Distrito federal o limite para enquadramento ao regime continua sendo o de uma receita anual de R$ 3,6 milhões.