31 de março de 2014

Caixa: cerca de 487 mil correntistas podem sacar dinheiro de poupança cancelada

  Segundo a Caixa, foram encerradas 496.776 contas cujos CPF tinham sido cancelados.

A Caixa Econômica Federal informou no dia 26 de março que 487.299 correntistas ainda podem sacar o dinheiro depositado nas cadernetas de poupança canceladas em 2012 pelo próprio banco. 


Segundo a Caixa, foram encerradas 496.776 contas cujos CPF tinham sido cancelados, suspensos ou pendentes de regularização com a Receita Federal.

No conjunto, essas contas de poupança detinham R$ 719 milhões, que descontados dos impostos, aumentaram o lucro líquido da Caixa em R$ 420 milhões.


Em boletim divulgado no dia 26 de março, o banco informou que 9.477 correntistas já haviam regularizado a situação cadastral até a primeira quinzena de março.

Em nota, a Caixa informa que não houve e não haverá qualquer prejuízo para seus correntistas e poupadores em relação ao cancelamento das contas.

30 de março de 2014

Imposto de Renda: conheça o passo a passo para obter o CPF eletrônico

Quem optar por fazer a declaração pré-preenchida do Imposto de Renda 2014 (ano-base 2013) – novidade da Receita Federal este ano – precisará providenciar a certificação digital, popularmente conhecida como CPF eletrônico (e-CPF).


Embora seja um procedimento simples, é preciso avaliar se vale mesmo a pena obter o recurso, já que o custo que pode variar entre R$ 100 e R$ 300, de acordo com o prazo de validade escolhido do documento e a empresa certificadora.
Site da Receita Federal disponibiliza a lista das empresas autorizadas a emitir a certificação.

A Receita disponibiliza em seu site uma lista das empresas credenciadas para fornecer a certificação digital, que serve para atestar a identidade das pessoas físicas pelos meios eletrônicos. Por meio deste endereço, o contribuinte é direcionado para a página da empresa escolhida.

Os documentos exigidos, geralmente, são comprovante de endereço (ou declaração de próprio punho, se não houver) e documento de identidade (RG e CPF) com foto de no máximo cinco anos.


O contribuinte precisa escolher o prazo de validade do certificado, que costuma ser de um ano ou de três – que é mais caro. Feita a escolha, a empresa certificadora emite um boleto ou outro recurso para o pagamento, que pode ser parcelado.

“Logo que o pagamento for aprovado, o contribuinte pode agendar um horário para a emissão do certificado na cidade e ponto de atendimento mais próximo”, explica Ângelo Tonin, diretor de novos negócios da Boa Vista Serviços, uma das empresas certificadoras do e-CPF.

O procedimento para a emissão do documento leva em torno de 15 minutos, de acordo com o executivo.

Após este passo, é preciso acessar o portal e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte), da Receita Federal, e baixar um arquivo eletrônico que poderá ser importado para o programa da declaração do IR 2014.

“Para poder fazer uso do recurso, é necessário ter entregue a declaração no ano anterior e as fontes pagadoras e bancos de quem o contribuinte recebeu rendimentos precisam ter carregado as informações na Receita”, explica Tonin.

Se estes requisitos forem atendidos, a declaração estará automaticamente preenchida com os dados disponíveis na Receita, esclarece Julio Cosentino, vice-presidente da Certisign, uma das empresas emissoras do CPF eletrônico.

O principal cuidado que o contribuinte deve ter ao optar pela declaração pré-preenchida, explica o presidente do DeclareFácil, Vicente Sevilha Junior, é saber que não basta conferir os dados fornecidos – já que a Receita só detém parte das informações exigidas. "É preciso preencher todo o restante".

São inúmeros os dados que não estarão no documento. Entre eles, rendimentos recebidos de pessoas físicas ou do exterior, informações bancárias, dados de pagamentos efetuados, novos dependentes, e movimentação de bens e direitos.

29 de março de 2014

MP-RJ vê "iceberg de irregularidades" na recuperação judicial da OGX, de Eike

                                               O empresário Eike Batista: na berlinda.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro aponta irregularidades no processo de recuperação judicial da petroleira OGX, de Eike Batista, e suas subsidiárias no exterior. 

Três promotores pediram no dia 24 de março que as empresas em recuperação judicial e os credores façam alterações nos planos de recuperação judicial, a fim de evitar que eles não sejam homologados pela Justiça.

Os promotores apontam um “enorme iceberg de irregularidades” nas operações, em que teria sido “escolhido a dedo” um grupo de detentores de bônus para participar da primeira fase do Financiamento DIP – matematicamente o suficiente para alcançar a aprovação dos planos de recuperação judicial nas futuras assembleias gerais de credores.


O MP também é contrário às cláusulas que isentam o atual acionista controlador, Eike, de exercer a opção de venda de US$ 1 bilhão, que prometeu injetar na empresa. “Os credores não podem, ainda que por maioria de votos, isentar, quem quer que seja, de qualquer obrigação, a não ser a própria sociedade empresária em recuperação", apontam, no parecer.

"O Sr. Eike Fuhrken Batista não está em recuperação judicial, não é parte do processo e, portanto, não pode ter suas dívidas e demais obrigações equacionadas, extintas ou mesmo reduzidas, pela vontade majoritária dos credores das sociedades empresárias integrantes do Grupo OGX”, esclarecem os promotores, no documento.

Os promotores afirmam que a troca "até parece justa" entre credores e empresários, "mas não para o Ministério Público, os atuais acionistas minoritários, que investiram nas companhias abertas acreditando na promessa pública, e para os demais credores que não tiveram chances ou “espaço” para participar do seleto grupo."

Promotores listam conflitos

O documento aponta outras irregularidades, como a falta de apresentação do plano de recuperação da subisidiária da OGX no exterior, e critica a atuação do administrador judicial, a Deloitte.

Por fim, o MP pede que seja incluída na pauta da assembleia geral do processo a possibilidade de constituição de um comitê de credores para fiscalizá-las.

28 de março de 2014

Empresário que já fracassou 5 vezes dá dicas de como falir

        O humorista Murilo Gun: após cinco fracassos, tornou-se humorista e palestrante.

Fracassar não é sempre um mau negócio. Perder dinheiro por um fracasso mal administrado, sim. É o que afirma o empresário pernambucano Murilo Gun, de 30 anos.


Após fechar cinco empresas, Gun tornou-se humorista e hoje dá palestras em corporações. Sua própria experiência em negócios tornou-se inspiração.

"No lugar de falar tudo que deu certo, decidi falar tudo que deu errado. O fracasso no Brasil é desvalorizado.No Vale do Silício quem fracassa é valorizado porque persistiu ", destaca o humorista, que faz apresentações constantes no Comedians, casa de shows na capital paulista.

Ainda na adolescência, o humorista abriu o primeiro empreendimento. Tinha apenas 12 anos e criou um site com fotos de mulheres nuas. "Cheguei a ganhar dois prêmios com o site, mas a internet cresceu muito e não consegui evoluir no mesmo patamar", recorda ele.


Para falir sem chamar a atenção, ele se tornou jurado de um concurso de melhores portais do País. "Aproveitei o gancho e disse que fechei a empresa para manter a imparcialidade do prêmio", conta o comediante.

Aos 17 anos, Gun decidiu largar os estudos e empreender novamente. Desta vez, com um site de entrega de comida por meio do pager — antigo aparelho de mensagens de texto. O pager desapareceu e ele migrou para o fax.

O projeto, contudo, quebrou em meses porque muitos restaurantes não tinham fax para participar do portal — o que inviabilizou o negócio.

Sem sucesso novamente, o humorista abriu uma empresa para produzir sites. O negócio deu certo, mas Gun descobriu que não tinha vocação para ser líder. Fechou a empresa pela terceira vez.

Longe dos estudos, o empresário decidiu abrir um bar em uma faculdade do Nordeste, mas logo desistiu da ideia porque sentiu a necessidade de investir na educação.


"Abri o bar numa faculdade safada e descobri que isso não me levaria para lugar algum. Desisti de tudo, assumi o erro e coloquei como foco a minha qualificação", assume Gun.

Após ser aprovado em uma universidade pública para o curso de administração, o empreendedor tentou sua última empreitada: uma empresa de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, começou sua carreira de humorista e palestrante.

"A empresa deu errado porque minha carreira como humorista estava ficando boa e o site começou a atrapalhar. Tive de tomar uma decisão e ver o que era melhor para mim. Deixei a empresa", lembra ele.

Após cinco experiências frustradas, Gun afirma ter se encontrado nos ramos de palestras corporativas, humor e editoração. Desde 2006, lançou três livros sobre comércio eletrônico, marketing e serviços.

Pioneiro no stand-up comedy no Nordeste, os vídeos do humorista já foram vistos por mais de 15 milhões de pessoas no Youtube.

"Fracassar é, antes de qualquer coisa, aceitar suas limitações. É um voto de autoconhecimento", conclui o humorista, que hoje se considera um "vitorioso".

Confira vídeo "Propaganda Enganosa" do humorista Murilo Gun:

27 de março de 2014

Redes de hotéis lançam unidades em prédios cheios de história

O cofre original do prédio da bolsa de algodão de New Orleans, que agora é um hotel. Hoje, o espaço é usado como um escritório.

As palavras reutilizar e reciclar estão adquirindo um novo significado para o setor de hotéis nos Estados Unidos. A indústria hoteleira sacode o marasmo da recessão, novas unidades começam a ser construídas e as redes buscam reaproveitar prédios de escritórios, armazéns e hospitais.

O Lamb's Theater, de Nova York, um antigo marco localizado dentro da Church of the Nazarene, em Manhattan, é agora o luxuoso Chatwal Hotel. Na Filadélfia, o antes vazio edifício Lafayette, perto do Independence Hall, reabriu em 2012 como Hotel Monaco. Em Nova Orleans, uma nova vida está surgindo no Cotton Exchange Hotel, perto da Bourbon Street.

Por trás disso está a mudança de gosto dos viajantes mais jovens, que começam a ter uma sensibilidade urbana quando se trata de acomodações. "Os viajantes não querem que consistência e confiança na rede venham em detrimento da autenticidade", declarou Henry Harteveldt, analista de viagens da empresa de pesquisa Hudson Crossing.


O hotel adaptado está presente em cidades menores, como a texana Amarillo, Pittsburgh, Stamford, em Connecticut, além de grandes metrópoles, como Nova York, Washington, Boston e Nova Orleans.

"As cadeias hoteleiras perceberam que a padronização não significa muito para os hóspedes, como ocorria no passado", afirmou Bjorn Hanson, reitor divisional do Preston Robert Tisch Center for Hospitality, Tourism and Sports Management, da Universidade de Nova York.

Executivos do Marriott estimam que entre 10 e 20% das novas unidades da bandeira Courtyard neste ano serão instaladas em construções reaproveitadas. A cadeia Kimpton prevê que ao menos uma dúzia de suas 60 propriedades sejam prédios adaptados. E, na Europa, o InterContinental Hotel Group converteu 82 instalações (de um total de 187) entre 2010 e 2013.

Até mesmo o governo americano está se aventurando nos hotéis readaptados. Em junho passado, após um processo de concorrência, a agência General Services Administration chegou a um acordo para alugar o antigo prédio dos correios, em Washington, para a Trump Organization por 60 anos, com possibilidade de renovação.

A cadeia estima um investimento de US$200 milhões para converter o prédio em um espaço luxuoso de uso misto, incluindo hotel, museu, centro de visitantes e lojas.

O Marseille-Hotel Dieu, que em abril inaugurou uma unidade em um hospital do século XVIII que estava vazio há décadas, também incluiu uma coleção de artefatos encontrados durante as reformas.

Especialistas dizem que os traços e detalhes arquitetônicos podem oferecer um toque mais aconchegante, um senso de individualidade.

"Ao pedir que o motorista de táxi o leve para um hotel específico, o hóspede está contando algo sobre si mesmo", disse Harteveldt.
O prédio da bolsa de algodão de New Orleans, que se transformou em um hotel. Redes adaptam empreendimentos comerciais, galpões e até hospitais.

Modelo de negócio é atrativo

Segundo especialistas, muitas vezes pode ser mais rápido e barato readaptar um prédio existente do que construir um novo. Mesmo quando o custo é mais alto, "a vantagem tributária compensa", explicou Janis Milham, vice-presidente sênior de estadia prolongada do Marriott International.

Algumas cadeias nos Estados Unidos procuram o Programa Federal de Incentivo Fiscal a Preservações Históricas do National Park Service, administrado junto ao Internal Revenue Service (serviço de imposto de renda dos EUA). Ele concede deduções tributárias de até 20%, que podem ser usadas para ajudar a financiar a reabilitação de edifícios históricos.

A esse programa federal, disponibilizado nos 50 Estados, podem-se somar também os descontos de impostos históricos estaduais que mais de metade dos Estados possui.


Uma construção histórica não precisa ser convertida num hotel, embora cerca de 4,5% dos créditos fiscais sejam usados para esse fim. A quantia em dólares gasta em conversões, incluindo hotéis, subiu de US$ 5,3 bilhões em 2012 para US$ 6,7 bilhões em 2013, segundo estatísticas do National Park Service.

Um desenvolvedor que utilizou o programa é o diretor executivo Mehul Patel, da NewcrestImage, uma incorporadora em Irving, no Texas. Ele converteu o Fisk Medical Arts Building de Amarillo em um Marriott Courtyard em 2010.

Patel disse que o projeto propiciou uma sensação nostálgica para alguns hóspedes. "Eles entendem e respeitam a história", afirmou.

Ele agora se dedica ao Cotton Exchange em Nova Orleans, edifício de 150 anos, e espera começar a trabalhar rapidamente e investir mais de US$ 10 milhões em melhorias no prédio.

Ele antecipa que o hotel se tornará um dos primeiros AC Hotels nos Estados Unidos, uma cadeia europeia de três anos que é uma joint venture entre a Marriott International e o grupo espanhol AC Hotels. "A tecnologia nos permite ser mais eficientes do que antes", argumentou.

Na Europa, o InterContinental Hotel Group adotou prédios reaproveitados por motivos econômicos. "Os bancos preferem oferecer financiamentos para edifícios que já existem", afirmou Miguel Ruano, vice-presidente de projeto e engenharia do Europe-IHG.

Hóspedes reclamam sobre estrutura

Para os hóspedes, abrir mão do modelo padrão de hotel pode trazer traços intrigantes de arquitetura, como corredores com formatos estranhos, riqueza de história e personalidade, e estabelecimentos melhorados, como um restaurante que atrai clientes dos bairros vizinhos. Para aqueles acostumados a homogeneidade, porém, a experiência pode ser confusa.

Alguns hóspedes ainda não estão convencidos da eficiência tecnológica envolvida na reforma de prédios antigos.

Em meados de fevereiro, Rob Bullock, diretor executivo da Government Finance Officers Association, se hospedou no Cotton Exchange Hotel antes de um cruzeiro – e ouviu muito barulho vindo da rua. As camas eram duras.

Ele escreveu em um e-mail: "A equipe era excelente. Eles me ouviram atentamente e tentaram fazer o possível para resolver as coisas. Trouxeram mais travesseiros e lençóis adicionais, mas o hotel estava lotado e não havia muito mais o que fazer".


Na viagem de volta, ele optou por um hotel de rede tradicional, onde a cama era mais confortável. Bullock não pretende retornar ao Cotton Exchange.

Patel diz que uma reforma já programada incluirá novas camas e outros acessórios necessários.

Em uma recente visita ao hotel Zero Degrees, em Stamford, John W. Eskew, dono de uma empresa de design em Bridgeport, Connecticut, descobriu que o aquecedor de seu quarto "emitia um zumbido alto que atrapalhou seu sono", contou ele.

O proprietário do Zero Degrees, Randy Salvatore, garantiu que novos aparelhos foram instalados nos quartos quando o hotel foi reformado, há quatro anos. Mesmo assim, Eskew elogiou muito a gerência do hotel por sua prontidão e eficiência.

26 de março de 2014

Governo reconhece 'sinal amarelo' no setor elétrico

Secretário-executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, participa de audiência pública na Câmara dos Deputados.

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, afirmou nesta quarta-feira que o aporte de bilhões de reais do Tesouro Nacional para as distribuidoras de energia tem como objetivo evitar a volatilidade do preço das tarifas de energia, principalmente quando os reservatórios estão baixos, como agora. “Não podemos transformar (o preço da) energia em tomates, que, quando tem seca, sobe. Não pode variar tanto assim. Não podemos criar uma crise do tomate, que sobe e desce. A energia é um insumo tão importante que não se faz uma política de zigue-zague”, disse Zimmermann em audiência pública na Câmara dos Deputados. Para ele, o sistema elétrico brasileiro, por causa da baixa quantidade de chuvas, está em alerta, embora sob controle. “Estamos com o sinal amarelo? Estamos”, declarou. 

Braço direito do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o secretário justificou também o pacote de socorro às distribuidoras anunciado na última semana e disse que, apesar de a conta dos custos extras provenientes da energia gerada pelas termelétricas e da compra de megawatts no mercado de curto prazo ter de ser paga pelo consumidor e pelo Tesouro, não haverá uma “explosão tarifária”. “Vimos uma forma de evitar flutuação de preços através de mecanismos de mercado”, disse Zimmermann. “Vai causar explosão tarifaria? Não”, completou.

No dia 20 de março, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a liberação de 4 bilhões de reais dos cofres públicos e 8 bilhões de reais por meio de bancos públicos e privados, em forma de empréstimos às distribuidoras. Além disso, o governo estima que a partir de 2015 haja uma entrada no sistema de cerca de 5.000 megawatts médios a preços mais baixos por causa do fim dos contratos das concessionárias Companhia Paranaense de Energia (Copel), Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e Companha Energética de São Paulo (Cesp), que não aderiram ao pacote de energia anunciado pela presidente Dilma em 2012.

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Os 12 bilhões de reais anunciados na última semana se somam aos 9 bilhões de reais já gastos pela União para indenizar as empresas elétricas que não aderiram ao pacote de 2012 do Executivo. De acordo com o secretário-executivo, o aporte de 9 bilhões de reais não é um subsídio às empresas, e sim um repasse que será pago em até cinco anos via tarifa de energia.

Na audiência na Câmara, Zimmermann disse que até o final do ano passado as perspectivas do governo eram de que 2014 seria um bom ano hidrológico, o que acabou não se confirmando. O baixo nível do sistema Cantareira, por exemplo, que abastece a Grande São Paulo, fez o governador do estado Geraldo Alckmin (PSDB) recorrer nesta terça-feira à presidente Dilma Rousseff. O tucano pretende conseguir autorização da Agência Nacional de Águas (ANA) para bombear água do rio Paraíba do Sul para o Cantareira.

Aos parlamentares, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia afirmou que o setor elétrico está estruturado, embora a geração de energia esteja baseada principalmente em hidroeletricidade. “A partir do momento que o custo da água fica mais alto que o da térmica, nós acionamos as térmicas. Hoje temos em térmicas gerando direto, a maior parte a gás, e provavelmente vão continuar gerando”, declarou.

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25 de março de 2014

Dona da Schin lança primeira cerveja Kirin feita no Brasil

                                                     Kirin Ichiban, versão Long Neck.

Após dois anos desde que assumiu o controle da brasileira Schincariol. a companhia Kirin lança sua primeira marca japonesa no mercado brasileiro, por meio da subsidiária nacional, a Brasil Kirin.

Marca global, produzida na Europa e Estados Unidos, a Kirin Ichiban busca sua fatia no mercado de cervejas premium nacional, que tem concorrentes como a Heineken e os rótulos da rival Ambev, as marcas Budweiser e Stella Artois.

O preço ficará um pouco acima da faixa das concorrentes. Ela será vendida por entre R$ 7 e R$ 10 nos restaurantes, e cerca de R$ 5,50 nos supermercados.

O Brasil será o primeiro país do hemisfério Sul a produzir a marca. que será fabricada na unidade de Itu, no interior do Estado de São Paulo. Como diferenciais, segue a Lei de Pureza Alemã e utiliza apenas o malte de primeira prensagem, que torna a bebida mais leve. Seu processo de maturação é mais longo que o tradicional, entre 25 e 30 dias.


No portfólio nacional da empresa, ela se junta aos rótulos Devassa feito pela Playboy, Negra, Índia e Loira, também consideradas premium pela companhia. Porém, está em uma faixa acima, mais próxima das especiais Eisenbahn e Baden Baden.

A expectativa do vice-presidente comercial, Geovane Krug de Borba, é que o segmento de cerveja premium registre o maior crescimento nos próximos anos. "Verificamos que o mercado, que hoje é de cerca de 6%, possa chegar a 15%". conta.

Criada no início da década de 1990 no Japão, a Ichiban era importada dos Estados Unidos para o Brasil, e já vendida em restaurantes japoneses pelo país com preço entre R$ 10 a R$ 15. A ideia, com a produção nacional, é multiplicar em dez vezes a atual distribuição.


Agora, a intenção é ampliar sua distribuição em restaurantes japoneses, confiando na popularidade da culinária asiática e na harmonização da bebida, mais leve, com os pratos. A Ichiban também será vendida em supermercados. A empresa já fez a primeira venda para a rede Sonda.

O foco da distribuição será São Paulo, o Sul e algumas capitais do Nordeste onde a empresa já tem estrutura de vendas. "Queremos levá-la para além da colônia japonesa", diz o executivo.

24 de março de 2014

Como um executivo zen vai administrar a Symantec

Sergio Chaia foi apresentado aos funcionários da Symantec de forma bem inusitada. Em vez da tradicional reunião com diretores em volta de uma grande mesa, o novo vice-presidente e diretor geral da multinacional, empresa líder em proteção das informações, teve sua vida exibida em um vídeo. A equipe de cerca de 300 pessoas conheceu Chaia desde o berço.
        Sergio Chaia: executivo vai comandar a operação brasileira e a latino-americana.

Para muitos executivos, que preferem manter distância dos empregados, esse tipo de exposição poderia assustar. Mas para Chaia essa proximidade com os funcionários não mete medo. O novo presidente da Symantec está acostumado a esse contato. Praticante do budismo, Chaia tem um jeito particular de administrar. "Eu poderia dizer que nada muda nesta nova fase profissional, mas na verdade tudo muda, porque sempre temos de evoluir na capacidade de enxergar as pessoas como maior ativo nas organizações. A vida tem sido um aprendizado cada vez maior", resume.

Antes de assinar o contrato com a Symantec, Chaia passou por 11 entrevistas. Nelas, procurou evidenciar sua forma de administrar o talento humano. "Senti que havia uma convengência de pensamento", diz. O executivo será responsável pela operação brasileira e latino-americana.


No dia 10 de março, Chaia passou a ocupar o comando da Symantec. "Agora começa a fase de aprender sobre o negócio por meio das pessoas. Nas reuniões, é preciso ouvir muito e falar muito pouco", afirma o executivo.

Chaia deixou a presidência da Nextel em novembro de 2012. Enquanto esteve à frente da empresa de telecom, conseguiu dar visibilidade ao negócio e aumentar a receita. Além disso, tornou a marca conhecida graças a campanhas publicitárias criativas que contavam histórias pessoais de personagens conhecidos. A partir de outubro de 2013, o profissional passou a ocupar a presidência do conselho da Óticas Carol – cargo no qual vai se manter mesmo depois de assumir a Symantec. 


Desde a saída da Nextel, Chaia aproveitou para fazer cursos de arte e de história. Além disso, atuou como coach de alguns profissionais.

Agora na Symantec, além de aprender sobre a empresa, conhecer clientes e fornecedores, Chaia já planeja fazer parte do time de futebol da multinacional – seu esporte preferido.

23 de março de 2014

Nasa prevê colapso da humanidade nas próximas décadas

A humanidade está na iminência de um colapso por conta da instabilidade econômica e do esgotamento dos recursos naturais. Essa foi a conclusão de um estudo financiado pela Nasa, a agência espacial norte-americana. Com o uso de modelos matemáticos a agência norte-americana previu o colapso do planeta Terra mesmo quando eram feitas estimativas otimistas, segundo o jornal britânico Independent.

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Usando como modelo o colapso de antigas civilizações, como Roma, Gupta (indiana) e Han (chinesa), a Nasa concluiu que a elite da atual sociedade elevou o padrão de consumo a níveis preocupantes, disparando um alerta de colapso da nossa civilização baseada em cidades e na industrialização. "Esse ciclo de crescimento-colapso é recorrente na história da humanidade", explica o matemático Safa Motesharri.

Motesharri e sua equipe exploraram diversos fatores capazes de causar a extinção da sociedade, como as mudanças climáticas, o crescimento populacional, por exemplo. Os pesquisadores descobriram que a junção desses fatores, aliada à escassez de recursos e a divisão da sociedade entre elite e massas termina por destruir esse arranjo social. Assim aconteceu em todos os impérios da Antiguidade, explica o cientista.

Entretanto, o cientista não considera o fenômeno irreversível. Para evitar o colapso da sociedade, o cientista diz que será necessária uma ação das verdadeiras elites para restaurar o equilíbrio econômico e do uso dos recursos naturais - essa é a única maneira de deter o impacto da ação humana sobre o meio ambiente. E aí, você também acha que estamos a caminho de destruir nossa sociedade?

22 de março de 2014

BB é condenado por incluir menina de 12 anos em lista de inadimplentes

     Segundo o juiz Luiz Boller, o banco deveria adotar procedimentos para evitar fraudes.

O Banco do Brasil foi condenado a indenizar em R$ 19 mil uma garota de 12 anos inserida em lista de devedores por descumprimento de contrato. 


Segundo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a menina, representada pela mãe, teve seus dados pessoais utilizados por um estelionatário na contratação de um empréstimo bancário. O banco ainda pode recorrer. 

Em nota, a 4ª Câmara de Direito Civil do TJ-SC afirma que o BB não apresentou provas que justiquem a inclusão da menina na lista de inadimplentes. 

Na avaliação do juiz Luiz Fernando Boller, o banco deveria adotar procedimentos para evitar a ocorrência de fraudes em seu sistema. 

Em nota, o BB informa que providenciou a imediata exclusão do nome da garota dos órgãos restritivos assim que soube do fato.

21 de março de 2014

Empresários buscam contornar prejuízo com feriados da Copa

Chopeiras, coolers e itens para preparar petiscos. Estes são alguns produtos que João Appolinário, fundador e presidente da Polishop, destacará em sua rede este ano, para buscar amenizar os efeitos da queda prevista de até 30% nas vendas durante o Mundial de Futebol da Fifa. Espera-se menos dias úteis no período, em razão dos feriados.

Os produtos terão uma campanha específica, que será lançada logo após o Dia das Mães, tendo como alvo o consumidor que prefere ver os jogos em casa. O objetivo é antecipar as vendas. “O varejo não vai parar completamente, mas a intenção de compra será menor”, pontua Appolinário.


O empresário pretende fechar as lojas nos prováveis feriados dos dias de jogos – tanto nacionais como municipais. “Além de um movimento fraco, arcar com mais custos na folha de pagamento é complicado”.

O presidente da rede de eletrodomésticos espera que haja interferência mínima do governo nesta questão. “As empresas deveriam ficar livres para decidir o que fazer durante os jogos”.
Appolinário, presidente da Polishop, espera queda de até 30% nas vendas no mês do Mundial.

A Federação Nacional do Comércio (Fecomercio) aponta que, se não houver atividade nos feriados decretados, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional terá redução pelas horas não trabalhadas, que dificilmente são recompostas integralmente por um aumento posterior da produtividade.

Caso as empresas resolvam operar nas datas decretadas como feriado, haverá custos adicionais: a folha de pagamento dobra, além de serem pagos 37% de encargos trabalhistas.

Nas 12 cidades sedes que irão sediar os jogos da Copa do Mundo, em junho, apenas o Rio de Janeiro já decretou feriados parciais em três dias de partidas que acontecerão em dias úteis.

Em Porto Alegre, especula-se que o governo decida por ponto facultativo, enquanto em Salvador não deve haver feriados. Em Natal, os dias de folga são dados como quase certos. Já em Curitiba, a discussão se alonga na Câmara dos Vereadores. O governo federal, por sua vez, ainda não decidiu se decretará feriado nacional nos dias de jogos da Seleção.

Ano será repleto de promoções

Robinson Shiba, dono e presidente da rede de fast food China in Box, resolveu apostar em promoções todos os meses do ano. Elas consistem em descontos de até 25% nos dois pratos que são carro chefe da rede.

O objetivo é minimizar potenciais perdas durante a Copa atraindo mais clientes. “É um ano de muitos eventos. Teremos ainda as eleições, com possibilidade de manifestações nas ruas. Queremos estar em evidência”, conta.


Todo o fundo de publicidade da rede será direcionado para a campanha promocional em 2014, o que significa um aumento de 40%. “Não iremos fazer propaganda institucional este ano”, conta Shiba.

A rede, que anunciava apenas na TV paga, optou pelos comerciais na rede aberta este ano. “Queremos atingir mais pessoas. Mas o custo é maior. Então iremos fazer menos inserções, que também serão mais curtas”.
Shiba, presidente do grupo que reúne as marcas China in Box e Gendai: ano de promoções.

O empresário estima que o número de comandas tenha redução de 10% durante o Mundial, e que a margem de lucro caia de 15% para 12,5%. Isso porque, durante os feriados da Copa, parte das refeições feitas fora do lar será trocada por compras em supermercados, para a realização de reuniões com a família e amigos em casa.

Sua preocupação não é tanto com os feriados, mas com os dias nos quais a seleção irá jogar. “Perderemos vendas. Os jogos serão à tarde, e o movimento nos shoppings à noite será fraco nestes dias”.

As lojas não devem fechar nos feriados, mas apenas parar durante as duas horas de cada jogo da seleção. “Iremos aproveitar para montar uma estrutura de confraternização para os funcionários, para todos comemorarem a vitória da Seleção juntos, mas também chorar o prejuízo junto”, brinca.

Perdas ampliadas com eleição e economia mais contida

O diretor de relações com investidores da Grendene, Francisco Schmitt, prevê, durante os jogos, um efeito neutro ou levemente negativo sobre o negócio. “Se é feriado ou não, isso não muda o fato de que as pessoas irão assistir aos jogos e consumir menos. E os turistas que o País irá receber, cerca de 1 milhão, são irrelevantes para nosso negócio, e devem comprar apenas souvenirs”.

Caso haja mais feriados, o objetivo da empresa é realizar as compensações possíveis. Durante o mês do evento, a produção da Grendene é de menos da metade com relação a outras épocas do ano, o que minimiza eventuais efeitos negativos. “Se o evento acontecesse no último trimestre do ano, a preocupação seria maior”.


Schmitt não se preocupa tanto com o efeito Copa, como outros empresários, mas com o pacote com o qual vem acompanhado: uma economia mais fraca, com previsão de crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), e perigo de racionamento de energia. “Em ano de eleição, a economia deveria ter mais dinamismo. Isso não está acontecendo”.
       Schmitt, da Grendene: preocupação maior com a falta de dinamismo da economia.

Nove meses para atingir metas

Carlos Nobre, empresário de uma média indústria que produz freios industriais e equipamentos de transmissão, a Tec Tor, está preocupado, pois estima que terá cerca de nove meses para atingir metas anuais de vendas, considerando a desaceleração e aceleração da produção durante o evento esportivo e também nas eleições.

Com 110 funcionários e uma fábrica em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, Nobre não se preocupa com os feriados municipais, mas com os possíveis feriados nacionais em dias de jogo da Seleção brasileira.


Sem poder arcar com um custo trabalhista maior, a fábrica deve dispensar os funcionários nestes dias. “Três feriados em um mês equivalem a 25% do valor da folha de pagamento”, calcula. A compensação nos dias posteriores também é limitada. “Todos os nossos funcionários estão ocupados. E não temos como contratar temporários”.

Nobre tem clientes no exterior e teme que possa perder pedidos nos dias nos quais a fábrica estará fechada, além de ter menos dias para entregar pedidos. “Em geral, os contratos com os clientes prevêem 10% do valor total por dia de atraso”.

20 de março de 2014

Presidente do Banco Central da Venezuela reconhece crise econômica

O presidente do Banco Central, Nelson Merentes, reconheceu no dia 16 de março que a Venezuela estava passando por uma "crise econômica", mas disse que medidas como um novo mecanismo cambial com base no mercado ajudaria a trazer melhorias rápidas.
      Cai o preço do dólar no mercado negro, de cerca de 85 bolívares para entre 72 e 75.

"É uma crise, mas não é uma crise de dimensões tão profundas como alguns analistas dizem", afirmou Merentes, que é considerado mais reformista que outros agentes financeiros seniores no governo do presidente Nicolas Maduro.

Uma taxa de inflação anual de 56% e escassez de produtos alimentaram uma onda de protestos da oposição que levou à violência matando pelo menos 28 pessoas no país sulamericano membro da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) desde meados de fevereiro.

"Nós não podemos esconder a realidade: a economia tem inflação, escassez e o crescimento não é robusto", disse Merentes em entrevista à televisão local. "Mas a Venezuela tem capacidade para sair deste momento que não é tão bom. Na verdade, o governo está tomando medidas que nos ajudarão a sair rapidamente".

Um mercado de câmbio recém-anunciado, conhecido como Sicad 2, deve começar nos próximos dias, e já levou para baixo o preço do dólar no mercado negro, de cerca de 85 bolívares para entre 72 e 75 , de acordo com a cotação de sites ilegais.


A Venezuela tem mantido controles cambiais por 11 anos e, apesar de Maduro prometar lealdade às políticas do seu antecessor Hugo Chávez, alguns ajustes da política econômica são vistos como inevitáveis, mesmo de dentro do Partido Socialista no poder.

Merentes disse que a onda de manifestações de rua contra o governo socialista, que já dura seis semanas, teria "algum grau de impacto" sobre o crescimento econômico, mas apenas limitado.

O crescimento do primeiro trimestre seria leve, disse ele, e a previsão do governo para o ano continua a ser uma expansão de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).

Economistas de Wall Street não compartilham esse otimismo. O BNP Paribas, por exemplo, previu esta semana que a economia da Venezuela provavelmente terá contração 1,5% em 2014 , enquanto a inflação irá se acelerar para 70%.

A inflação mensal, porém, na verdade, caiu para 2,4% em fevereiro, ante 3,3% no mês anterior, de acordo com os últimos dados do Banco Central.

19 de março de 2014

Teens empreendedores vivem dilema: ganhar dinheiro ou estudar?

Ryan Orbuch, de 16 anos, levou a mala até a porta da frente da casa da família em Boulder, estado norte-americano do Colorado, em uma manhã de sexta-feira um ano atrás. Ele ia para o ponto de ônibus, depois para o aeroporto e, enfim, Texas. "Estou indo", ele falou para a mãe. "Você não pode me impedir." 

Stacey Stern, a mãe, ficou se perguntando se ele estava certo. "Eu pensei rapidamente: será que mando prendê-lo no portão?"

Na verdade, Stacey estava em conflito. Será que ela deveria impedir o filho de partir em sua primeira viagem de negócios?
Michael Hansen (esq) and Ryan Orbuch, criadores do aplicativo Finish, e um amigo no TEDxTeen em Nova York.

Ryan ia para o Sul por causa da Southwest Interactive, conferência de tecnologia em Austin, onde planejava falar sobre um aplicativo que ele e um amigo criaram. Chamado Finish, a intenção era ajudar as pessoas a deixar de adiar coisas, e ocupava o primeiro lugar na categoria produtividade na loja de aplicativos da Apple. Ryan também estava cheio de motivação para ir porque "havia gente muito boba, e eu gosto da profundidade das pessoas inteligentes".

Stacey adorava a paixão do filho, mas disse que somente poderia ir a Austin se terminasse a lição de casa que deixara de lado enquanto construía o aplicativo. Porém, Ryan não obedeceu e, como pais cansados de guerra em todo lugar, ela o deixou ir mesmo assim.

Ryan agora tem 17 anos e está no último ano do ensino médio. Ele é um entre os muitos adolescentes com capacidade tecnológica e visão empreendedora interessados em fazer negócios a sério. Seu trabalho é possibilitado pelas ferramentas de baixo custo ou gratuitas para produzir aplicativos ou programar jogos, e são encorajados pelas empresas de tecnologia e adultos do setor que os incentivam, às vezes com apoio financeiro, a acelerar a transição para o mundo real. A onda de inovação e empreendedorismo juvenil parece não ter precedentes, diz Gary Becker, economista da Universidade de Chicago e premiado com o Nobel.

Becker avalia este tema a partir de uma posição favorável particularmente íntima. Seu neto, Louis Harboe, de 18 anos, é amigo de Ryan, um adolescente apaixonado por tecnologia que faz o segundo parecer um florescimento tardio. Louis conseguiu o primeiro trabalho freelance aos 12 anos, desenhando a interface de um jogo para iPhone. Aos 16 anos, Louis, que mora com os pais em Chicago, foi estagiário durante as férias de verão na Square, empresa de pagamentos online e móveis de São Francisco, recebendo US$ 1 mil por semana, mais US$ 1 mil de auxílio moradia.

Dilema sobre os estudos

Ryan e Louis, que se conheceram na internet na rede informal de jovens desenvolvedores, se encontraram em março, em Austin, na South by Southwest. Eles também estavam esperando notícias das faculdades nas quais se inscreveram no final do ano passado – parte do universo paralelo em que também vivem, aquele tradicional com notas, provas e responsabilidades juvenis. No entanto, ao contrário dos colegas para quem a universidade é o único objetivo, eles questionam se devem continuar estudando.

Becker, que estuda Microeconomia e Educação, tem repetido para o neto fazer faculdade. Segundo ele, a universidade é um passo claro para o sucesso econômico. "As provas são irrefutáveis."

Contudo, a ideia de "faça agora", pregada no púlpito digital, pode parecer mais imediata do que o empirismo acadêmico. "Faculdade não é pré-requisito", afirma Jess Teutonico, diretora da TEDxTeen, versão das palestras e conferências da TED para a juventude, onde Ryan falou há algumas semanas. "Essa molecada está motivada para conquistar o mundo. Eles precisam de velocidade. Eles precisam fazer agora."

Estilos que se complementam

Ryan e seu parceiro comercial, Michael Hansen, de 17 anos, se conheceram no sétimo ano. Ambos tinham um iguana de estimação e gostavam de computadores. Eles tinham jeito de muito estudiosos sem ser, sendo que um completava o outro: Michael é preciso e, como seu cabelo curto, pouco chamativo. Na parceria, ele é o programador. Ryan é o cheio de energia; ele fala em tuítes verdadeiros, com frases espirituosas muito informais e inteligentes recobertas com "tecnologiquês". (South by Southwest é "South By". Em relação ao autor John Green, ele diz: "Todo mundo da minha idade o adora, o que é muito interessante da perspectiva da sociologia adolescente de desenvolvimento de produto".)

Porém, Michael e Ryan tinham um objetivo: "Desde a época do ginásio, nós queríamos fazer um aplicativo", relata o primeiro.

Ryan estudava para as provas finais do segundo ano do ensino médio em dezembro de 2011 quando pensou: Eu queria ter alguma coisa que me ajudasse a parar de ficar adiando as coisas. Assim, ele procrastinou esboçando a imagem de um aplicativo com uma lista de afazeres que permitia agrupá-los em três períodos de tempo: curto, médio e longo prazos. A ideia era ajudar as pessoas a priorizar e não se sentirem sobrecarregadas.

Ele enviou via SMS o esboço para Michael. No mês de março seguinte, quando ambos tinham 15 anos, "completamos o primeiro protótipo", lembra Ryan. Em junho, eles passavam horas em cima dele todo dia, refinando o projeto, enquanto Michael escrevia milhares de linhas de código usando Objective-C, linguagem de programação que aprendeu com tutoriais na internet. Ryan ajustou o projeto e o promoveu.

Em 15 de janeiro de 2013, véspera do lançamento do aplicativo, Ryan passou a primeira noite em claro trabalhando, enviando comunicados ao TechCrunch, revista "Forbes" e outros veículos da imprensa. Em questão de dias, o aplicativo, vendido a 99 centavos de dólar, chegava ao primeiro lugar, rumo a 50 mil downloads pagos. Depois que a Apple ficou com seus 30 por cento, os garotos dividiram US$ 30 mil.

A dedicação de Ryan afetou suas notas. No começo do ano anterior, ele era um estudante que praticamente só tirava dez; pouco antes do lançamento, ocupado com o negócio, ele tirou dois oitos e dois seis.
                      Louis Harboe e seus pais: o primeiro free lance veio aos 12 anos.

Primeiro emprego aos 12 anos

Quando criança, Louis adorava desenhar e, aos dez anos de idade, virou fã do Photoshop. Ele fez um portfólio dos desenhos, tais como ícones para usar no lugar dos ícones dos programas de computador da área de trabalho; ele os compartilhou no site e no Twitter, procurando críticas de designers e desenvolvedores.

Ele não contou a idade; a imagem do perfil online era um rosto sorridente. "Você não quer contar a ninguém que tem 11 anos porque ninguém vai contratá-lo."

O primeiro trabalho foi criar o visual de um quebra-cabeça. Demorou uma semana. O fabricante perguntou quanto Louis cobraria, mas ele tinha 12 anos e não fazia ideia. Louis lembra-se de hesitar. "Que tal US$ 150?"

"O cara respondeu: 'Que tal um pouquinho mais porque gostei muito de você?'" Louis recebeu US$ 350.


Louis fez um monte de serviços do gênero e ofertas de empregos em tempo integral via e-mail, incluindo o Mozilla e Spotify quando ele estava com 14 anos. No ano seguinte, chegou um e-mail de um caçador de talentos da Apple. Dessa vez, Louis contou a idade e recebeu a seguinte resposta: "Você é o segundo adolescente para quem envio e-mail. O que estão ensinando no ensino médio hoje em dia?"

Na metade do segundo ano no ensino médio, ele foi contratado pela Square, a empresa de pagamentos; ele disse ter ouvido as previsíveis "piadas sobre as leis de trabalho infantil". Lindsay Wiese, porta-voz da empresa, explica que o programa de estágio está voltado para o "talento, não a idade" e que procura líderes como Louis, que oferecem diversidade de perspectivas.

Em São Francisco, Louis via fanáticos por tecnologia que não fizeram faculdade ou a largaram no meio e estavam se dando bem na vida real. De volta a Chicago, o pai sugeriu a Louis que se inscrevesse na Universidade Carnegie Mellon e o filho respondeu: "Você quer que eu vá para onde, Pittsburgh?"

Esperando o futuro

"Fico assustado de os meus pais estarem certos quando queriam que eu me concentrasse completamente na escola, mas acredito piamente que fiz a coisa certa."

Ryan escreveu isso como parte da inscrição para a bolsa Thiel Fellowship, em resposta a uma pergunta sobre verdades importantes na vida. Ele também se candidatou a 11 faculdades, incluindo Stanford, escola dos seus sonhos. As notas, no entanto, caíram ainda mais; no final do ano passado ele tirou duas notas quatro.

A inscrição na Thiel, que anualmente distribui US$ 100 mil a 20 jovens para correrem atrás de suas inovações ou negócios, era para algo que ele chama de "fixschool.org", conceito para inspirar e motivar alunos "de um jeito que nunca antes foi possível" com tarefas no mundo real em vez de lição de casa.

Não está claro o que ele fará a seguir. Segundo Thiel, depende de onde quiser chegar. Enquanto isso, ele e Michael continuam promovendo o "Finish". Nas últimas semanas, eles o relançaram como aplicativo gratuito, mas com funções suplementares pagas, e conseguiram mais de 50 mil novos downloads em apenas 48 horas.

Louis está comprometido com a faculdade, visão que consolidou no segundo semestre do ano passado, após testemunhar a experiência de amigos no mundo do trabalho. "Suas postagens do Facebook só falam em trabalho. As vidas deles não parecem interessantes."

Houve outro choque de realidade. Na metade do ano passado, depois que ele passou a maior parte do ano projetando um belo aplicativo para mostrar a mudança das marés, a Apple mudou as especificações de projeto, e Louis teve de jogar tudo fora.

Assim, no segundo semestre ele tirou uma folga do trabalho pesado do design, embora ainda queira que isso seja uma parte grande da vida e pretende desenvolver aplicativos na faculdade, pegou o violão do pai e aprendeu a tocar sozinho. Ele se inscreveu na Carnegie Mellon. E também no Instituto Tecnológico da Geórgia, sem que os pais pedissem.

"Eu quero me divertir. Ainda me sinto uma criança – mais ou menos", disse Louis.