1 de março de 2012

Consumo das famílias brasileiras deve crescer 13,5% em 2012, diz Ibope

Gastos com grupos de produtos pesquisados devem chegar a R$ 1,3 trilhão neste ano, equivalente a 30% do PIB.

Depois de registrar alguns “percalços” no ano passado, o consumo das famílias brasileiras deve voltar a crescer em ritmo mais forte em 2012. Segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo Ibope Inteligência, a expectativa é de que o consumo domiciliar nominal avance 13,5% neste ano, chegando a R$ 1,3 trilhão, o que equivale a 30% do PIB do Brasil. Em 2011, o crescimento foi de 10,5%. 

“No ano passado tivemos alguns percalços, especialmente em outubro e novembro, quando os consumidores ficaram bastante retraídos, talvez em função das notícias sobre a crise econômica”, diz Antônio Carlos Ruótolo, diretor de geonegócios do Ibope Inteligência. “Já em 2012 temos um cenário bastante favorável ao consumo, como o aumento do número de domicílios, o crescimento real da renda e a baixa taxa de desemprego”, afirma. 

Segundo a pesquisa, a região Norte apresenta o maior potencial de expansão do consumo em 2012, com 26,5%. Atualmente, a área concentra 8,4% da população brasileira e responde por apenas 5,2% do consumo do País. Na sequência aparece o Nordeste, com potencial de 24,1% neste ano. Hoje a região possui 27,8% da população e 15,7% do consumo nacional. Já no Sudeste, que apresenta o maior consumo do País, com 53,5% do total e 42% da população, deve ter expansão menos expressiva do consumo neste ano, de 6,5%. 

Embora o levantamento se baseie no consumo de 51 grupos de produtos, que fazem parte da base de dados da ferramenta de dimensionamento de mercado Pyxis Consumo, Ruótolo afirma que os resultados podem ser entendidos como a tendência para o consumo em geral no País. “Estamos falando de um grupo muito representativo de produtos”, diz. A ferramenta utiliza dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de levantamentos feitos junto a empresas e eventuais pesquisas com consumidores. 

Perfil de consumo por classes 

A pesquisa do Ibope Inteligência revela que as classes A e B – com renda familiar média de R$ 12 mil e R$ 5 mil mensais, respectivamente – respondem por mais de 50% do consumo do Brasil. Uma das características comuns a esses grupos, segundo o levantamento, é o consumo inferior à renda total da família. Já nas classes C e D/E, com renda média de R$ 1.600 e abaixo de R$ 1.000 por mês, respectivamente, o consumo é superior à massa salarial monetária, o que se explica pelo acesso ao crédito e outras fontes de renda, como vale-alimentação. 

A classe A responde por 27,3% do total do consumo de CDs e DVDs no Brasil, mostra a pesquisa. Também possui grande importância nos gastos dessas famílias produtos financeiros (25,7% do total), com destaque para seguros, artigos de decoração (25,3%) e aquisição de veículos (25%). “O produto financeiro é importantíssimo nesta classe, percebe-se que o grupo precisa dessa proteção adicional”, diz Ruótolo. 

Na classe B, combustível e ensino e são os principais itens de consumo domiciliar, em ambos os casos respondendo por 58,3% do consumo nacional. Cinema (54,6%), serviços automotivos (53,8%) e artigos esportivos (53%) são outros produtos de importância significativa para o consumo das famílias da classe B. 

Já a classe C, os itens de destaque estão ligados à alimentação, vestuário e eletrodomésticos, além do cigarro (50%). “A classe C cresceu, porque mais famílias agora fazem parte desse grupo, mas ao contrário do que se pensa, não é o caso de que agora estão consumindo produtos mais sofisticados”, diz Ruótolo. O “luxo” nesse grupo ficaria mais voltado à compra de aparelhos de televisão, som e vídeo, além de celulares. 

Segundo o diretor, a expectativa é que em cerca de três anos famílias desse grupo comecem a integrar a classe B, caso a economia continue crescendo e o desemprego siga em patamares baixos, o que traria uma mudança significativa nos hábitos de consumo. 

Na classe D/E, os produtos de maior expressão são os de mercearia, com 13,4% do total. Também possuem importância significativa neste grupo as compras de cigarro e calçado infantil.

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