22 de fevereiro de 2012

Grécia eliminará valor recorde de 107 bilhões de euros da dívida

Recurso corresponde ao maior perdão de dívida da história financeira mundial.

Após o acordo realizado na reunião de ministros das Finanças da Eurozona, consolidado na madrugada desta terça-feira em Bruxelas, a Grécia eliminará 107 bilhões de euros dos mais de 350 bilhões referentes a sua dívida pública, consolidando o maior perdão da história financeira mundial. 

O recorde anterior era ostentado pela Argentina, cuja dívida chegou a 82 bilhões de dólares (73 bilhões de euros na época) quando declarou a moratória, em janeiro de 2002.No caso da Grécia, no entanto, não se trata de uma suspensão de pagamentos, mas sim de um complexo plano de resgate, acordado pelos credores públicos e privados do país. 

Qual o montante total perdoado pelos credores privados? Os bancos, asseguradoras, fundos de investimento e fundos de pensão perderão ao todo 107 dos 200 bilhões de euros em dívida grega que possuem. Concretamente, eles receberão, em troca dos títulos que possuem atualmente, obrigações novas cujo valor se reduzirá a menos de 53,5% do anterior.Com isso, 15% do valor inicial desses papeis se converterá em obrigações emitidas pelo fundo de resgate europeu (FEEF) e 31,5% em obrigações gregas a 30 anos. Os 53,5% restantes serão condenados. 

Por que os credores privados perderão na realidade mais de 107 bilhões?As novas obrigações propostas pelos credores privados vencerão em 30 anos, ou seja, mais tarde que os títulos que possuem atualmente.O fato de mobilizar o dinheiro por mais tempo que o previsto tem um custo para os credores, o que se traduzirá em perda."Quando te propõem um reembolso em dez anos ou em trinta, você sempre escolherá o de dez", explica Xavier Paper, fundador e sócio do escritório Paper Audit and Conseil.Além disso, os juros das novas obrigações serão de 3,65%, muito inferior ao dos títulos que os credores privados têm agora. 

Esse rendimento menor implicará igualmente em uma perda.Ao todo, os credores terão perdido cerca de 70% do valor de suas carteiras atuais da dívida grega.O que acontecerá com os credores privados que não participarem do perdão da dívida?Teoricamente, o perdão é voluntário. Os credores que preferirem não participar deverão depois ser reembolsados de acordo com as condições prévias ao acordo. Contudo, na prática, eles ficarão expostos a um grande risco de não receberem nada. 

O perdão da dívida desencadeará o pagamento de CDS (seguro contra risco)?As três grandes agências de classificação financeira disseram em julho que a operação de troca de obrigações será assimilada a uma suspensão de pagamentos parcial, porque implica em um perdão da dívida. Uma vez que a operação seja realizada, as agências deveriam elevar a nota da Grécia para um patamar superior ao que estava em vigor antes da troca de títulos. 

Já para a International Swaps and Derivatives Association (ISDA), entidade de referência consultada regularmente para questões sobre os CDS (Credit Defaut Swap, os seguros que os investidores pagam para se proteger do risco de suspensão de pagamentos), continua estimando que a operação é voluntária. Portanto, ela não constitui em um evento de crédito, que gerariam o pagamento de CDS. Cerca de 3,2 bilhões de dólares em CDS estavam um curso sobre a Grécia em 10 de fevereiro.

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