11 de março de 2013

Ações ordinárias da Petrobras têm maior alta diária em 14 anos

                               Alta do diesel terá reflexo no abastecimento de veículos.

As ações ordinárias da Petrobras tiveram sua maior alta diária em 14 anos no dia 06 de março, após a estatal surpreender o mercado ao anunciar novo reajuste de preço do diesel, motivando analistas a elevar suas estimativas para os resultados da petrolífera.

A Petrobras comunicou na noite do dia 05 de março um aumento de 5% do diesel nas refinarias a partir do dia 06 de março, numa medida que visa aproximar os valores aos praticados no mercado internacional e busca reduzir os prejuízos da sua divisão de Abastecimento.

"Vemos este aumento como uma vitória para a diretoria da Petrobras, que continua a brigar por uma abordagem mais racional para os preços de diesel e gasolina no país", avaliaram analistas do Itáu BBA em relatório.

O reajuste – o segundo para o diesel neste ano – surpreendeu o mercado, que considerava improvável que o governo federal autorizasse novo aumento de combustíveis num momento de crescentes preocupações com o avanço da inflação.

"O mercado praticamente tinha descartado novos ajustes e aumentos de combustíveis para 2013, até pelas próprias declarações do governo", disse o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, em Florianópolis.

Com isso, as ações ordinárias da estatal saltaram 15,16%, a R$ 16,41, na maior alta diária do papel desde 10 de março de 1999. A preferencial subiu 9%, a R$ 18,05, registrando sua maior valorização diária de fechamento desde 10 de dezembro de 2008.

Para Brugger, o avanço mais forte dos papéis com direito a voto é explicado por uma correção –já que a ação vinha sendo mais penalizada após a estatal ter anunciado corte de dividendos para a classe ordinária de ação.

No acumulado do ano até a véspera, o papel ordinário da Petrobras tinha queda de 27,11%, enquanto a preferencial perdia 15,16%.

MELHORA DAS EXPECTATIVAS

Após o anúncio do reajuste do diesel, diversas casas de análise divulgaram relatórios ajustando para cima suas expectativas para os resultados da Petrobras.

Analistas do Goldman Sachs elevaram de R$ 73,8 bilhões para R$ 78,1 bilhões a estimativa de Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da Petrobras neste ano, enquanto a previsão para 2014 foi elevada de R$ 84,1 bilhões para R$ 89,6 bilhões.

O banco também elevou o preço-alvo das ações da petrolífera. A meta para 12 meses para a preferencial foi ampliada de R$ 23,00 para R$ 24,50. Para as ações ordinárias, o preço-alvo foi elevado de R$ 22,50 para 24,20.

Para a Planner Corretora, embora a diferença entre os preços domésticos ante os praticados no mercado internacional continue elevada, o reajuste eleva a receita, a geração de caixa e o lucro da empresa, além de reduzir a necessidade de novos financiamentos.

A corretora estima que o aumento do diesel terá impacto de R$ 3,8 bilhões na receita da Petrobras em base anual, com efeito praticamente igual na geração de caixa medida pelo Ebtida, já que o reajuste de preços não é acompanhado por aumento de custos.

"Ainda falta muito para os investidores olharem para as ações da Petrobras como realmente atrativas, mas não podemos negar que movimentos positivos têm sido feitos neste ano", destacou a Planner em relatório.

O Itaú BBA elevou sua projeção para o Ebtida da Petrobras em R$ 3,1 bilhões para 2013, ou 4,8%, e em R$ 3,8 bilhões, ou 5,2%, para 2014.

"O aumento no preço do diesel não resolve as incertezas sobre o balanço da Petrobras, mas certamente ajuda", informou o Itaú BBA em relatório.

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