4 de junho de 2014

Conheça os 5 alvos dos presidentes da indústria automobilística

Com a queda de 5% nas vendas acumuladas até abril deste ano (em comparação com o volume vendido nos quatro primeiros meses de 2013), os líderes da indústria automotiva andam perdendo o sono no Brasil. No entanto, não é só por aqui que os desafios cresceram. Em todo o mundo, inovação, tecnologia e a instabilidade dos mercados estão chacoalhando a indústria automobilística.
                         Mecânico trabalha em fábrica da Ford na cidade belga de Genk.

Divulgada com exclusividade, a edição de 2014 da pesquisa "Changing Lanes" ("Mudando de pista", em tradução livre do inglês), da consultoria EY, traz uma mudança clara de cenário. Hoje, a indústria enfrenta uma volatilidade que, pelo que informa o estudo, veio para ficar. 

Para 90% da indústria automotiva, os mercados emergentes são uma das principais fontes de instabilidade – mas 77% do total acredita que ter sucesso em um deles é uma vantagem competitiva relevante

Cledorvino Belini, presidente da Fiat concorda, mas ainda vê um grande espaço no mercado. "O índice de motorização do País é de um carro para cada 4,4 habitantes, o que demonstra uma enorme potencialidade do mercado, ainda".

Em 2013, a indústria global vendeu 1,8 milhão de carros a menos do que em 2012 – 62% da queda ocorreu nos países emergentes. Na Tailândia, por exemplo, as vendas saíram de um crescimento de 85% em 2013 para uma queda de 6% para 2013. "Os mercados emergentes têm se comportado de forma similar", diz René Martinez, sócio para a indústria automobilística da EY.

Mesmo com todo o pessimismo do mercado, Martinez ressalta que o Brasil ainda a grande aposta das montadoras. Não só porque o mundo todo assiste à uma desaceleração, mas principalmente porque ainda temos um Produto Interno Bruto (PIB) relevante. "Não da para não estar no Brasil", afirma. 

Rogélio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul diz ver a volatilidade, mas não espera uma grande recuperação para o futuro próximo. "Acreditamos que as novas taxas de crescimento após esse período de ajuste não serão comparáveis ao que vimos no passado recente", antevê. De fato, seria difícil continuar crescendo a uma média de 8% ao ano, como na última década. 

Saiba quais são os cinco maiores desafios dos presidentes da indústria automotiva em todo o mundo.

1 - Eles esperam errar menos

Em 2013, montadoras de todo o mundo gastaram US$ 45 bilhões atendendo a garantias e fazendo recalls. Aqui no Brasil, dados do Ministério da Justiça apontam uma alta de 34,7% nas reclamações referentes a veículos novos no ano passado. Nada mais coerente que buscar, ativamente, a redução deste efeito.

A EY chamou esta preocupação de monitoramento inteligente da performance em toda a cadeia de valor. Dos fornecedores às concessionárias, todos deverão estar cada vez mais conectados em prol da estratégia da montadora – evitando perdas.
  Para isso, a experiência do consumidor no ponto de venda tem sido bastante valorizada.

2 - Eles desejam o seu coração

Os presidentes da indústria de automóveis se esforçam para conquistar a fidelidade dos consumidores. Em um cenário competitivo, com diversas fabricantes e modelos, o objetivo é “aprofundar a associação entre os consumidores e as marcas”.

Para isso, a experiência do consumidor no ponto de venda tem sido bastante valorizada. Martinez ressalta que os concessionários nacionais estão investindo pesado no treinamento de seus vendedores e gerentes. “Esse cara sabe vender financiamento, mas agora ele está precisando aprender a vender o automóvel”, comenta.

Há, porém, um prognóstico que não favorece a indústria: uma tendência clara de compartilhamento de veículos. Em 2020, 12 milhões de motoristas devem ser usuários do chamado car-sharing no mundo. Por aqui, essa curva está um horizonte mais largo, mas é inevitável. O gerente de Desenvolvimento de Negócios da Jato Dynamics, Milad Kalume Neto, vê uma "opção pelo transporte público". "Estamos em uma crise mundial, que está nos fazendo pensar a utilização de veículos de uma forma mais global."

3 - Eles estão assustados com a volatilidade

A estabilidade e o crescimento constante nas vendas, como visto no Brasil entre 2002 e 2013, não deverão voltar a se repetir tão cedo.
                                                          Volatilidade veio para ficar.

Fora o continente africano, que segundo Martinez, tem recebido muita atenção dos executivos, não há mais tantos mercados com demanda reprimida a ponto de sustentar um crescimento contínuo nas vendas. “Volatilidade continuada é o novo normal”, informa o estudo da EY. O peso do mercado emergente no faturamento dessas indústrias tem tudo a ver com isso. Não só pela queda nas vendas como pela instabilidade legal.

No Brasil, por exemplo, o programa Inovar-Auto ainda não teve suas regras totalmente definidas e, mesmo assim, as empresas têm aderido e se proposto a instalar suas fábricas no Brasil. A volatilidade do câmbio também pesa contra.

4 - Eles brigam por pequenas vantagens

A propósito, quem sair na frente em inovações como a conectividade deve ganhar cada vez mais mercado. O consultor e autor do livro “Como escolher seu carro ideal”, Leandro Mattera, lembra que a internet das coisas também pesa na escolha do veículo. “Ainda não é um fator decisivo para compra, mas a importância do assunto é nitidamente crescente”, explica.
            Demanda por conectividade e entretenimento à bordo é um dos agregadores.

Por volta de 67% dos fabricantes e concessionários apontaram que a demanda por conectividade e entretenimento à bordo é um dos agregadores de valor fundamentais para reafirmar as marcas. “Esse mercado passou muitos anos sem inovações radicais, essa é certamente uma delas.”

Foram investidos, em todo o mundo, aproximadamente US$ 102 bilhões em inovação e desenvolvimento no ano passado. Rogélio Golfarb, da Ford, não tem dúvidas: "A capacidade de inovar vai definir vencedores e perdedores."

5 - Eles planejam fazer mais com menos

Os executivos da indústria automotiva – e de qualquer outro setor, é claro – estão cada vez mais interessados em eficiência. No entanto, para baratear suas operações mencionam quatro pontos críticos: os fornecedores, a inovação, o acesso à tecnologia e as estratégias de reinvestimento. "Hoje a indústria quer um nível melhor de eficiência para poder baixar os preços, é para benefício próprio mesmo", aponta Martinez.

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