3 de junho de 2014

Construtoras leiloam peças de imóveis decorados por até metade do preço

O boom do setor imobiliário abriu espaço para um novo mercado no Brasil: os leilões virtuais de móveis e objetos de decoração dos apartamentos em exposição nos canteiros de obras. Em todo o País, o segmento arrecadou R$ 25 milhões em 2013.
Modelo de apartamento decorado no empreendimento Liverpool Reserva Inglesa, em Manaus (AM), da Rossi.

Construtoras passaram a esvaziar seus estoques, antes encalhados. Foram quase 700 leilões desde 2008, realizados em 60 cidades, de acordo com Henri Zylberstajn, sócio diretor e co-fundador da Sold Leilões, empresa que concebeu a ideia e hoje agrega e administra as operações no segmento.

“As incorporadoras precisavam se livrar dos móveis e utensílios expostos, que geravam custos com armazenagem e transporte. O leilão virtual foi uma solução prática para o problema”, conta o executivo.

A Sold iniciou as vendas online com Gafisa e Cyrela, duas entre as maiores de mercado, até montar uma estrutura maior para atender à demanda de outras construtoras de peso, como Camargo Corrêa, Delta, Bueno Netto e Trisul.

Para atender a uma média de 30 leilões de decorados por mês, a casa de leilões passou a dispor de equipes em 16 Estados, onde encontram-se as obras das incorporadoras. Somente de itens de imóveis decorados, o segmento leiloa em torno de 10 mil peças por mês.

Desconto chega a 90% no lance inicial

“No lance inicial, as peças são ofertadas com uma média de 90% de desconto em relação ao valor de mercado, e são vendidas por cerca de 50% do preço no lance final”, conta Zulberstajn.

Os itens mais disputados, pontua o executivo, são eletrodomésticos novos, que nem foram ligados, como televisão, máquina de lavar e geladeira. Estes itens chegam a receber 30 lances cada.

Uma lavadora e secadora da Marca Samsung, ofertada em sites de comércio eletrônico por R$ 2.470, foi anunciada a R$ 400 no lance inicial da construtora Even – e já havia recebido 56 lances a três dias do fim do leilão. O último valor visualizado era de R$ 1.540.

Em seguida, objetos de decoração são os mais procurados, revela a Sold, especialmente os que não precisam de grande esforço para o transporte, como poltronas, tapetes e cadeiras.


No caso de mesas e sofás, cabe ao comprador providenciar um serviço de transporte para retirar o produto no local do lançamento, na data estipulada pelo leilão. Cerca de um terço dos clientes contrata um serviço de carreto, ao passo que o restante leva os objetos por conta própria, diz o co-fundador da Sold.

Retorno do valor investido chega a 80%

Com o dinheiro arrecadado nos leilões, as construtoras o utilizam para fins diversos, conforme sua política. Grande parte aproveita para comprar objetos de novos decorados ou destina a verba para divulgação de outros lançamentos. A economia com transporte e remoção também gera receita extra para as incorporadoras e construtoras.
          Varanda gourmet decorada para exposição em obra da Rossi: tudo vai a leilão.

Na Rossi, os leilões virtuais garantem um retorno de até 80% do total investido nos decorados, conta o diretor regional da construtora, Gustavo Kosnitzer. São feitos cerca de 12 leilões por ano.


“Já fizemos leilões presenciais, mas a participação era baixa. Pela internet a venda é mais rápida e os estoques se esgotam”, diz o executivo da empresa, que passou a montar decorados em todos seus empreendimentos.

Na Even, os leilões que acontecem entre duas e três vezes por ano permitem à incorporadora recuperar em torno de 50% do investimento com imóveis decorados. “O retorno pode variar, dependendo do tipo de material e estado dos objetos”, conta o diretor de Incorporação da construtora, Marcelo Dzik.

Esfriamento do mercado aumenta estoque nos leilões

Segundo o co-fundador da Sold, os leilões de decorados têm crescido, mas não a taxas vistas entre 2010 e 2012, que chegavam a 50% ao ano. “O estoque disponível para as operações aumenta na medida em que o mercado de construção civil começa a esfriar”, observa.

No último ano, o crescimento dos leilões ficou em torno de 15%, segundo Zylberstajn. "A venda dos objetos acompanha a velocidade das vendas de unidades nos lançamentos".

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