3 de outubro de 2012

Setubal pode ter um plano B para o Itaú


A dois anos de se aposentar da presidência, o executivo — que não fala do assunto — tem dado cada vez mais espaço para o vice Márcio Schettini.
                                                 Roberto Setubal, presidente do Itaú.

Pouco mais de dois anos separam Roberto Setubal da saída da presidência do maior banco privado brasileiro, o Itaú. Com 57 anos, o executivo, que assumiu o posto em 1994, precisa se aposentar com 60, segundo manda o novo estatuto da instituição, modificado após a compra do Unibanco, em 2008. Oficialmente, pouco se fala do assunto.

Mas o executivo delegou a Márcio Schettini, um dos seis dos dez vice-presidentes do Itaú oriundos dos quadros do Unibanco, papel de protagonista nesta semana, durante pronunciamento sobre a operação de fechamento de capital da sua controlada, a operadora de cartões Redecard, e no anúncio da redução à metade das taxas de juros dos seus cartões de crédito. Schettini, 48 anos, foi promovido à vice-presidente em 2009. Responsável pelo banco de varejo e todas as áreas afins — o core business do banco — tem longa e bem sucedida carreira no mercado financeiro, especialmente no de cartões de crédito.

Seu estilo de liderança e decisão seria, na opinião de fontes próximas a ambos, um dos que mais se assemelha ao do próprio Setubal: firme, pragmático, orientado a resultados. “Vamos acelerar a evolução do mercado, aproximando o relacionamento com os lojistas e oferecendo novas possibilidades de negócios e serviços para os clientes”, disse Schettini referindo-se ao fechamento de capital da Redecard, da qual é presidente do conselho, na segunda.

Procurado, o banco informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que não comenta o assunto sucessório. Anteontem, Setubal havia declarado que, mesmo fora da presidência, como um dos principais acionistas, “continuarei a acompanhar os negócios do banco”.

Setubal, que tem duas filhas do seu primeiro casamento, teria sido aconselhado a indicar o filho da principal acionista do banco, Milu Villela, Ricardo Villela Marino, para substituí-lo. Com 38 anos, em 2010 subiu ao posto de vice-presidente de negócios internacionais.

Há quem diga que é difícil de acreditar que Marino, embora venha sendo preparado para a função há alguns anos, tenha atingido os elevados padrões de exigência de Setubal. Sua saída da área de recursos humanos do banco para a internacional, que representa nem 10% dos negócios do Itaú, no entanto, pode fazer parte de um “rodízio”.

Por outro lado, é difícil imaginar que o presidente que levou o banco ao segundo no ranking geral por ativos no Brasil (perdendo apenas para o Banco do Brasil) decida enfrentar o outro lado da família — os Villela são “primos” dos Setubal — e deixar o principal cargo do banco a um executivo, por mais competente que seja, de fora do clã. Além disso, a isntituição, que semrpe foi familiar, tem há quatro anos uma terceira família acionista, os MOreira Salles. O ex-presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles, também se aproxima dos 50 anos e seu filho mais velho ainda é jovem para o posto.

Tutor ou conselheiro

Neste caso, Schettini pode funcionar como uma espécie de tutor ou conselheiro de Marino — ou, no mínimo, como “ouvidos e olhos” de Setubal dentro da instituição. Em outras palavras, Schettini pode não substituir Setubal, mas exercer um papel estratégico como o de Antonio Jacinto Matias. O executivo, braço direito dos Setubal por mais de 20 anos, se aposentou do cargo executivo (era vice-presidente de marketing e outras sete áreas) mas continua por perto. Desde 2010, é vice-presidente da Fundação Itaú Social.

Durante o período à frente da presidência do banco, Roberto Setubal — que é filho de Olavo, por sua vez, sobrinho do fundador Alfredo Egydio de Souza Aranha — consolidou os negócios com uma série de aquisições. A maior delas foi a do Unibanco, em 2008. Desde então, o valor de mercado do banco na bolsa cresceu 40%, de R$ 97 bilhões para R$ 136 bilhões.

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