21 de agosto de 2014

Crise? Vendas de Rolls-Royce disparam

Eles são símbolos móveis de riqueza e ostentação, os mais baratos custam US$ 263 mil (R$ 581 mil) cada um, e a maioria dos seus compradores escolhem modelos customizados, com opções que podem facilmente dobrar o preço. E estão cada vez mais populares.

No dia 08 de julho a Rolls-Royce informou um aumento expressivo na demanda por seus distintivos carros.

Os veículos britânicos, atualizados para refletir o conhecimento técnico e a força de marketing da BMW, dona da marca Rolls-Royce, tornaram-se artigo obrigatório para a nova elite global. Esse grupo está crescendo numericamente mesmo no momento em que o mundo luta para ultrapassar uma era de baixo crescimento, baixa expectativa e alto desemprego.


A companhia informou ter vendido 1.968 carros no primeiro semestre de 2014, ante 1.475 no mesmo período do ano passado.

A alta de 33% é explicada não só pelos luxuosos assentos de couro e pela pintura brilhante – típicas da marca, que antes tinha como públic- alvo a aristocracia britânica – mas também pelo aumento do número de bilionários no mundo.

Uma pesquisa da Forbes indica que há 1.645 bilionários no mundo, 219 a mais do que no ano passado.

"Se você olhar para o número de indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto, esse número está claramente crescendo", diz o porta-voz da Rolls-Royce, Andrew Ball. "O mercado de luxo está crescendo no topo da pirâmide e nós estamos muito contentes de ser parte disso."

70% são clientes novos

O fenômeno ajuda a explicar as fortes vendas de mega-iates, joias raras e complexos relógios suíços manufaturados. Há mais gente com mais dinheiro em busca de se diferenciar da multidão – e, nesse contexto, um Rolls-Royce se torna uma declaração muito notável.

Ball diz que 70% dos compradores de Rolls-Royce são novos na marca, e aproximadamente a metade escolhe customizar seus carros com toques pessoais. O custo de um Rolls-Royce "bespoke" – o termo britânico para terno sob medida – do que um "da prateleira" pode fazer muitos orçamentos domésticos parecerem miúdos.

"Pode ser algo simples, como costurar as iniciais no encosto de cabeça ou esculpi-las no console de madeira", diz Ball. "Os clientes se sentem bem. Faz parte de um processo emocional."
                                                     Rolls-Royce, modelo Phantom.

Geladeira customizada ao preço de um ano de estudos

Pode ser também algo que reflete um grau de consumismo tão alto como o arranha-céu Shard, de Londres: uma geladeira dentro do veículo pode ser customizado para acomodar a forma e o tamanho da bebida favorita do dono – a um custo equivalente ao de um ano de faculdade nos Estados Unidos.

A companhia vai abrir a primeira loja no Camboja. Mas se mantém essencialmente um produto britânico, muito apreciado pela Rainha Elizabeth II e que evoca a opulência da era da aristocracia britânica exibida na série Downtown Abbey.

Na Rolls-Royce Motor Cars de Londres, que ficanuma área particularmente luxuosa da Mayfair [área nobre de Londres], os visitantes se deparam com um brilhante Phantom preto – preço inicial: US$ 600 mil (R$ 1,3 milhão) – e um Wraith, pela pechincha de US$ 400 mil (R$ 884 mil) se você não quiser nenhum opcional. 

O fundo da concessionária lembra uma loja de móveis, com diferentes amostras de maderia e peles. 

Aos 20, chinês compra o segundo

Já se foram os dias em que os tradicionalistas do Rolls-Royce ironizavam o beatle John Lennon por colocar uma pintura psicodélica em seu Phantom V. Quando um homem entrou na concessionária do Mayfair carregando o batom rosa favorito de sua esposa e perguntando por um Rolls-Royce da mesma tonalidade, a compania estava preparada para atender o pedido, diz o vendedor Stephen Foulds.

Foulds diz que a base de consumidores está ficando mais jovem, com um chinês de seus 20 anos recentemente comprando o segundo Rolls-Royce com uma pintura branca pouco usual. Outro trocou sua Lamborghini quando formou família porque precisava de um carro com banco traseiro.

O editor-assistente da revista Octane, Mark Dixon, disse que a Rolls-Royce também conseguiu se livrar da imagem de veículos quadradões. Dixon adorou os toques que tornam o Rolls-Royce único, como o forro do teto solar opcional da versão cupê do Phantom.

"Há centenas de pequenas luzes de led no forro do teto. Parece um céu noturno quando você está dirigindo à noite", diz. "A compra dessa grande marca britânica pelos alemães causou algum desconforto, mas a maioria das pessoas agora concorda que foi uma boa decisão."


Dixon diz que a BMW introduziu elementos de topo de linha no Rolls-Royce, como um câmbio orientado por satélite que consegue perceber uma curva fechada antes do motorista e ajustar a marcha – e deu vigor aos novos modelos.

"Você pode descrever o Ghost como um foguete. É um carro muito rápido", diz. "Tem um motor turbo V-12 twin que arranca como um gato escaldado. Anda muito mais do que você esperaria."

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