25 de abril de 2012

Na Europa, aumenta taxa de "suicídio causado pela crise econômica"

Índices tiveram alta nos países mais afetados pela turbulência, como Grécia, Irlanda e Itália.
Homem olha reproduções do dracma, em banco grego: suicídios subiram 24% no auge da crise.

Na véspera do Ano Novo, Antonio Tamiozzo, 53, se enforcou no armazém da sua empresa de construção perto de Vicenza, depois que vários devedores não pagaram o que lhe deviam. 

Três semanas antes, Giovanni Schiavon, 59, um empreiteiro, deu um tiro na própria cabeça na sede da sua empresa de construção nos arredores de Pádua. Diante da perspectiva sombria de ordenar demissões na empresa mantida por sua família há duas gerações na época de Natal, ele escreveu uma última mensagem: "Desculpem-me, eu não aguento mais." 

A crise econômica que abalou a Europa nos últimos três anos tem também desestruturado as bases de vidas antes resistentes, levando a uma alta alarmante nas taxas de suicídio. Especialmente nos países mais vulneráveis, como Grécia, Irlanda e Itália, proprietários de pequenas empresas e empreendedores estão cada vez mais tirando suas próprias vidas em uma tendência que alguns jornais europeus já começaram a chamar de "suicídio causado pela crise econômica." 

Um retrato completo do fenômeno em toda a Europa seria ilusório, já que alguns países demoram em relatar estatísticas e médicos legistas relutam em classificar mortes como suicídio, para proteger os membros sobreviventes da família. Por isso, não se sabe se os países na linha de frente da crise econômica estão sofrendo com este tipo de morte e se os suicídios entre os homens aumentou mais do que entre as mulheres. 

Na Grécia, a taxa de suicídio entre homens aumentou 24% entre 2007 e 2009, segundo estatísticas do governo. 

Na Irlanda, durante o mesmo período, o suicídio entre os homens aumentou 16%. Na Itália, os suicídios motivados pela situação econômica aumentaram 52%, chegando a 187 em 2010 - o ano mais recente para os quais foram registradas as estatísticas. 

Os pesquisadores dizem que a tendência intensificou este ano à medida que os governos europeus implementaram medidas de austeridade, agravado as dificuldades para muitos. 

Embora o suicídio tenha causas complexas, os pesquisadores descobriram que momentos de graves problemas econômicos correspondem a taxas mais elevadas de suicídio. 

"A crise financeira coloca as vidas de muitas pessoas em risco, mas pior ainda é quando há cortes radicais na proteção social", disse David Stuckler, um sociólogo da Universidade de Cambridge, que liderou um estudo publicado no The Lancet que descobriu um aumento acentuado no número de suicídios em toda a Europa, particularmente nos países afetados gravemente, como a Grécia e a Irlanda, entre 2007 e 2009, anos que coincidem com os anos de recessão. 

"A austeridade pode transformar uma crise em uma epidemia", acrescentou Stuckler.

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