20 de junho de 2013

China é acusada de espionagem industrial

Um instituto de pesquisa financiado pelo governo no delta do Rio das Pérolas, em Shenzhen, China, trabalha com uma impressionante variedade de áreas, de robótica a nanomedicina, passando por imagens de ressonância magnética.
Os autores do livro Espionagem Industrial Chinesa dizem que a transferência de tecnologia é política oficial do estado chinês.

Mas nem todas as pesquisas de ponta produzidas no local podem ser resultado de inovações próprias, segundo procuradores americanos. No mês passado, três cientistas chineses da Escola de Medicina da New York University (NYU) foram acusados de aceitar suborno para dividir os resultados de seus estudos com o instituto de Shenzhen e com uma companhia de tecnologia médica de Shangai.

Apesar de se dar muita atenção aos esforços chineses na ciber-espionagem, o instituto é um dos líderes de um esforço para aumentar a competitividade do país por meio da compra de tecnologias desenvolvidas nos EUA e outras nações desenvolvidas, passadas diretamente por cientistas chineses no exterior, dizem analistas americanos.

Segundo documentos de um caso na Justiça e um livro lançado no mês passado, esses cientistas são recrutados para voltar à China ou, em alguns casos, para dividir o conhecimento enquanto permanecem no exterior.

Os autores do livro Chinese Industrial Espionage (Espionagem Industrial Chinesa, numa tradução livre) dizem que a transferência de tecnologia é um política oficial do estado chinês. Eles alertam que os EUA e outros países precisam reconhecer a extensão da campanha de Pequim, pois ela estaria afetando a competitividade dessas nações.

“A China excede a norma internacional não apenas em escala, mas em variedade de transferências de conhecimento, no comportamento amoral de quem patrocina a prática e no grau de apoio dado pelo governo”, escreveram, William C. Hannas, James Mulvenon e Anna B. Puglisi, os autores do livro.

Um porta-voz do centro de Shenzhen disse que foi aberta uma investigação interna sobre as acusações do caso da NYU. O advogado de Yudong Zhu, um dos acusados, afirmou que as autoridades americanas tiraram “conclusões erradas” das evidências que observaram. O governo chinês não quis falar à reportagem.

Roubo de tecnologia

A Comissão contra Roubo de Propriedade Intelectual dos EUA informou em maio que o roubo de tecnologia representa uma perda de mais de US$ 300 bilhões (R$ 643 bilhões) por ano, o equivalente a tudo que os Estados Unidos exportam anualmente para a Ásia. “Praticamente todos os setores e tecnologias são atacados”, diz a comissão.

“As metas da indústria nacional na China encorajam o roubo de propriedade intelectual, e um extraordinário número de chineses em empresas privadas e entidades do governo estão envolvidos com a prática”, diz o relatório da comissão, que é liderada por Dennis C. Blair, um ex-diretor de inteligência nacional, e Jon M. Huntsman Jr., um ex-embaixador para China.

Casos como os da NYU são considerados raros, especialmente se levado em conta que o número de chineses estudando no exterior chegou a 400 mil no ano passado. Mas a crescente preocupação dos EUA com o roubo de tecnologia por parte da China faz alguns desses estudantes ficaram com medo de perseguições injustas. Eles citam o fiasco do caso de Wen Ho Lee, um cientista sino-americano erroneamente acusado de roubar documentos secretos sobre pesquisas nucleares.

Alguns economistas dizem, porém, que as instituições chinesas não são capazes de capitalizar totalmente os conhecimentos adquiridos de chineses no exterior. Um caso notável foi o fracasso financeiro da Suntech Power, uma das maiores fabricantes de painéis solares do mundo, cuja principal subsidiária abriu falência em março. O fundador da empresa, Shi Zhengrong, era um cientista que conseguiu cidadania australiana de diversas patentes em seu nome antes de voltar à China e abrir o negócio. A cidade de Wuxi o atraiu com a oferta de R$ 6 milhões (R$ 12,7 milhões) de investimento inicial na empresa.

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