Apontados pelos clientes como uma ferramenta que torna mais rápida a localização de um táxi, os aplicativos instalados em smartphones também ganharam opositores. Cooperativas de táxis têm se sentido prejudicadas pelos novos concorrentes – que cobram do taxista até R$ 2 por corrida repassada. Já as cooperativas, que têm como principal vantagem a central de rádio-chamadas, recebem valores que variam de R$ 500 a R$ 2 mil por mês de seus associados.
Ameaçadas pelo avanço da concorrência, as cooperativas decidiram recorrer à Prefeitura de São Paulo na tentativa de impôr restrições aos aplicativos.
A Associação Brasileira das Cooperativas e Associações de Táxis (Abracomtaxi), por meio da Artasp (Associação de Rádio-Táxis de São Paulo) e do Sinditaxisp (Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo), entraram com um pedido junto ao Departamento de Transporte Público, ligado à Secretaria Municipal de Transportes, para a regulamentação desses sistemas de tecnologia.
Cooperativas pedem regulamentação de aplicativos de táxi.
“Estamos lutando para que este serviço seja regulamentado pelo poder público, não para que eles não existam”, afirma o secretário da Abracomtaxi e presidente da cooperativa Use Táxi, Eder Luz. “Não concordamos com inúmeras empresas criando aplicativo e trabalhando na ilegalidade. Se as cooperativas passam pelo crivo da fiscalização do poder público, os aplicativos também devem passar”, diz.
O representante da Abracomtaxi argumenta que as cooperativas, diferentemente dos aplicativos, garantem a segurança dos serviços prestados tanto para o taxista quanto para o passageiro, por exemplo, em casos de trote e esquecimento de objetos no carro. Além, segundo ele, de arcar com todos os impostos e direitos trabalhistas de cada motorista.
“Nós cooperativas pagamos impostos, ISS, PIS/Cofins, recolhemos INSS do motorista, devemos obrigações à prefeitura e esses aplicativos trabalham totalmente informais. Nas cooperativas existe um controle, uma formação do motorista que nesses casos não existe”, explica.
Eder Luz, no entanto, ressalta que a prefeitura está apática perante essa situação e lamenta: “Nós temos cerca de 30 anos de tradição e conhecimento. De repente viramos um simples serviço de táxi”. “A nossa seriedade está indo por água abaixo”.
A Secretaria de Transportes confirma que o uso dos aplicativos está em estudo pelo Departamento de Transportes Públicos (DTP). Segundo a pasta, neste ano o DTP já recebeu representantes de sindicatos, das empresas de táxi e de rádio táxi e também de algumas empresas que produzem ou administram esses aplicativos, com o objetivo de registrá-los.
“Como o assunto é relativamente novo, estamos estudando a questão e os impactos que esses aplicativos produzem em toda a cadeia dos táxis na cidade, como empresas de táxi e rádio taxi, para verificar a necessidade de alguma eventual regulamentação legal da questão”, afirma a secretaria, em nota.
Taxibeat: aplicativo mostra relação de taxistas disponíveis.
Apesar da expansão dos aplicativos de smartphone para chamar táxi, Eder Luz garante que as novas tecnologias não estão provocando a saída de taxistas das cooperativas.
Para o diretor-presidente da Coopertax, Daniel Francisco de Sales, é importante que as cooperativas se adequem às novas tecnologias para não perder espaço no mercado. E avalia: “A tecnologia que traz uma facilidade para o usuário. As grandes rádio táxi já estão desenvolvendo o próprio aplicativo”.
Prós e contras
Como em toda briga, cada lado faz sua defesa. De acordo com os representantes de empresas de aplicativo, a utilização destas ferramentas tem seguido em alta, sobretudo por causa da agilidade para se chamar o táxi e da segurança do serviço, já que exige o cadastro tanto de seus usuários quanto de seus motoristas. Outros atrativos são o aumento de renda e da independência do taxista em relação às empresas de rádio-chamada.
“Com o aplicativo, o taxista só paga pela corrida que ele fizer. Com a cooperativa, ele já sai de casa devendo”, diz o gerente comercial do aplicativo Taxibeat, Sandro Barretto.
Segundo Barretto, a aceitação do aplicativo no mercado foi a melhor possível. “Ele trouxe um novo modelo para o serviço de táxi e uma nova ferramenta para o taxista gerar mais corrida, de uma maneira mais independente e econômica”, ressalta o diretor. Barretto é contrário à regulamentação.
Easy Taxi: aplicativo mostra local exato do usuário.
“A gente já viu isso acontecer em outras cidades do mundo, como Nova York, e não deu resultado por um motivo simples: nós somos uma empresa de tecnologia, criamos um aplicativo, uma ferramenta”.
Barretto explica que a Taxibeat, assim como outros sistemas de aplicativos, não é uma empresa de táxi. E caso o serviço seja regulamentado, o que acontecerá é que o aplicativo apenas continuará atuando no sentido de facilitar a prestação de serviços de táxi já legalizados na cidade.
Atualmente, segundo Barretto, a Taxibeat conta com quase 6 mil taxistas cadastrados, entre Rio de Janeiro e São Paulo, com adesão diária de aproximadamente 100 motoristas nas duas cidades. Já foram feitos, de acordo o gerente, 150 mil downloads.
Para o CEO da Easy Taxi, Tallis Gomes, os aplicativos se tornaram uma ferramenta essencial para o mercado de táxi. “É uma tendência sem retorno”, afirma.
Para Gomes, bloquear a entrada deste tipo de tecnologia seria concorrência desleal e uma tentativa de reserva de mercado por parte das cooperativas. No entanto, o executivo ressalta que ainda é necessário regulamentar os aplicativos.
“Regulamentar é importante em qualquer coisa. Tem muitos aventureiros entrando nos [mercados de] aplicativos”, diz. “Mas regulamentar para monopólio político, não”, pondera.
Hoje, a Easy Táxi é uma empresa de aplicativo com cerca de 1,5 milhão de passageiros, 25 mil taxistas e gera cerca de 500 mil corridas mensais.
99Taxis: aplicativo mostra distância entre passageiro e taxista.
Sócio da 99Taxis, Paulo Veras diz que as empresas de aplicativos não fazem campanha para que os taxistas saiam de suas cooperativas. Ele afirma que a maior parte de seus motoristas são autônomos e mostra as vantagens da empresa: “Nosso serviço não é pago, é menos burocrático, é muito cômodo. Ele [o taxista] usa como quiser e não tem obrigação conosco”.
Em São Paulo, a 99Taxis já conta com 200 mil passageiros cadastrados, 5 mil táxis e promove 100 corridas ao mês.
Opinião de quem usa
Antônio (que não quis se identificar), que trabalha para uma cooperativa da capital, já vai para o terceiro telefone móvel. Além do celular convencional e do smartphone pelo qual recebe informações da base sobre as corridas, comprará mais um aparelho só para instalar o aplicativo da 99Taxis.
"A cooperativa não fala nada, pois todos os equipamentos no carro são meus. Então eu poderia instalar [o aplicativo] neste aqui [com o qual se comunica com a cooperativa]", diz ele. "Mas para evitar problema eu vou comprar outro celular", diz ele.
Custos
A 99Taxis não possui custos nem para o usuário, nem para o motorista. A ideia da empresa é manter o serviço gratuito e faturar com as comissões por meio de pagamentos via cartão de crédito. Neste caso, 90% do valor da corrida ficará com o taxista. A Taxibeat e a Easy Taxi também não repassam gastos para os passageiros, porém é cobrado R$ 2 por corrida do motorista.
Easy Taxi | Taxibeat | 99Taxis |
Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro |
São Paulo | São Paulo | São Paulo |
Belo Horizonte | França | |
Porto Alegre | Grécia | |
Brasília | Noruega | |
Salvador | Romênia | |
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Sejong (Coreia do Sul) | ||
Suncheon (Coreia do Sul) | ||
Yeosu (Coreia do Sul) | ||
Lagos (Nigéria) | ||
Malásia |
Dentre as cooperativas, a Use Táxi cobra R$ 34,5 mil pela adesão do taxistas, mais a taxa de manutenção no valor de R$ 600 mensais. Para participar da Coopertax é preciso pagar uma luva de cerca de R$ 40 mil, além de R$ 660 mensais pela manutenção.
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