14 de junho de 2013

Com a compra da Seara, JBS terá aumento de R$ 10 bilhões no faturamento

JBS passará a ser o segundo maior grupo nos segmentos de aves, suínos e processados.

Com a compra da Seara das mãos da Marfrig, anunciada no dia 10 de junho, a JBS trabalha com a expectativa de ver seu faturamento anual aumentar em R$ 10 bilhões. A decisão de vender a operação da Seara foi tomada pela Marfrig por conta do elevado endividamento do grupo. A JBS desembolsou pelo ativo R$ 5,850 bilhões, que inclui a marca, 30 plantas e 21 centros de distribuição, além da unidade de couros da empresa no Uruguai, a Zenda. O valor refere-se à dívida da Marfrig e da Seara com bancos nacionais, com vencimentos entre 2013 e 2017 – 65% em dólar e 35% em real. Para Wesley Batista, presidente da JBS, a geração de caixa da empresa será suficiente para quitar essas dívidas.

A redução do endividamento, segundo Sergio Rial, futuro presidente da Marfrig, era uma das missões da empresa. O executivo tinha como meta reduzir a dívida a R$ 2 bilhões até 31 de dezembro de 2013. A Marfrig terminou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de R$ 9,826 bilhões.

Para Batista, o negócio é feito em um momento favorável ao mercado, já que as commodities agrícolas [base da alimentação de aves e suínos] estão com os preços em baixa e o dólar, que favorece as exportações, seguem em alta. Para o controlador da JBS, a aquisição ocorre em uma fase favorável á empresa. "Vamos absorver isso com bastante confiança, já que estamos desalavancados [sem dívidas] e melhoramos o perfil da dívida", afirma Batista.

Futuro da marca

A JBS ainda não definiu se vai utilizar a marca Seara para toda a linha de aves, suínos e processados. Mas a lógica é que o grupo passe a utilizar a marca, que passou por um esforço grande de marketing nos últimos anos. Além das campanhas publicitárias, a Seara é patrocinadora do Santos e da Fifa. "Por questões operacionais", segundo Rial, o contrato com a CBF foi rompido recentemente.

Com o negócio, que ainda depende da aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a JBS (maior exportadora global de carne bovina) será líder mundial no segmento de aves. Em alimentos processados, a companhia ficará com a segunda posição, atrás da BRF.

Para os executivos das duas empresas, o sinal verde deverá ser dado rapidamente, já que não há sobreposições de negócios. A JBS atualmente é dona da Doux Frangosul no segmento de aves. Rápida também foi a negociação entre Marfrig e JBS. As duas empresas levaram três semanas para bater o martelo. Para Batista, no entanto, a integração da Seara ao grupo deverá ser tranquila. "Acreditamos na nossa capacidade de integrar a Seara. Nossa última grande aquisição foi feita em 2010, A JBS teve tempo nos últimos anos para focar em seus negócios", afirma o empresário.

Gilberto Tomazoni, que preside a JBS Aves, assumirá a presidência da unidade de aves, suínos e industrializados da companhia no País, agora que conta com a Seara Brasil. O executivo é conhecido do setor, já que atuou cerca de 30 anos na Sadia (hoje BRF).

Metade das vendas da Seara concentra-se no mercado interno e a outra metade vem das exportações, principalmente para países asiáticos. "Este é um negócio que estrategicamente atende as duas companhias", segundo Batista.

De acordo com Rial, não está nos planos da empresa a venda de outros ativos, já que o negócio com o JBS deu um bom fôlego financeiro à Marfrig. Mas o executivo não descarta que outras oportunidades apareçam no radar da companhia. "Comprar e vender é um processo bastante dinânimo. Mas agora isso será feito de maneira mais consistente", explica Rial.

Uma das reclamações feitas por acionistas e analistas de mercado sobre o desempenho da Marfrig nos últimos anos é quanto à quantidade de aquisições. O grupo ganhou tamanho, mas não conseguiu tornar o ativo rentável como se esperava. A sinergia, segundo especialistas, foi lentra e ineficiente, o que ficou evidente com o passar do tempo no balanço da empresa.

Reação no mercado acionário

Após o anúncio da compra da Seara pela JBS, as ações das empresas envolvidas no negócio oscilavam em direções opostas na Bolsa de Valores de São Paulo.

Às 15h15, as ações ordinárias da JBS lideravam as quedas na BMF&Bovespa, com desvalorização de 7,29%, ao preço de R$ 6,61. Os papéis da Marfrig, por sua vez, disparavam 5,91% no mesmo horário, com valor de R$ 7,89. Já o índice Ibovespa caía 0,66%, aos 51.278 pontos, menor nível desde outubro de 2011.

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