14 de agosto de 2013

Depois dos hotéis, companhias aéreas brigam pelo melhor colchão

Após anos de cessar-fogo, as guerras pela melhor noite de sono entre os hotéis estão voltando e, agora, até mesmo ataques aéreos estão sendo convocados.

Empreguei de forma deliberada esse linguajar marcial ridículo somente para destacar um aspecto sobre os leitos de hotéis, que eram um negócio trivial e tedioso entre os tradicionais fabricantes de colchões até 1999, quando o Westin Hotels lançou novos acessórios para colchão e roupa de cama batizados Heavenly Bed, desenvolvidos pela Simmons, o grande fabricante de colchões.

Em consequência disso aconteceram alguns feitos notáveis que realmente caracterizaram uma briga de travesseiros de gente grande ou até mesmo uma guerra de marketing. Em primeiro lugar, o sucesso instantâneo da Heavenly Bed levou outras redes hoteleiras a desenvolver às pressas sua própria linha de roupa de cama e colchão sofisticados, produzidos pela Simmons ou por concorrentes como Serta e Sealy, que comercializam seus produtos hoteleiros por meio da coleção de hospitalidade global, entre outras.
Marketing a partir de camas topo de linha não é mais exclusivo dos hotéis: companhias aéreas estão entrando no jogo.

À medida que as redes começaram a comprar camas de luxo para suas propriedades e a também vendê-las por meio de catálogos e sites, o setor varejista de colchão e roupa de cama como um todo passou por uma revolução. Os viajantes – em especial uma nova onda de mulheres viajantes a partir de 1999 – voltavam para casa e decidiam que suas camas não correspondiam às vistas nos hotéis.

Após o lançamento da Heavenly Bed, os hotéis de toda categoria superior "compreenderam que não podiam ter uma cama no quarto em pior estado do que o cliente tinha em casa", afirma Steve Tipton, vice-presidente da Simmons Hospitality, unidade de colchões para hotéis da fabricante. Ao mesmo tempo, colchões com marcas de hotéis passaram a ser vendidos em pontos varejistas como lojas de departamento, e os colchões de luxo e outros artigos de cama em geral se tornaram tamanho padrão de mercado que as vendas gerais decolaram, somando aproximadamente US$ 6,8 bilhões no ano passado.

"A conexão de consumo entre a cama e o hotel é muito importante" no setor de colchões como um todo, explica Tipton. 

Em 2006, quando a rede hoteleira Hilton já havia investido US$ 1 bilhão em novos artigos de cama desde 1999, a corrida pelos colchões esfriou. Porém, ela está de volta. Conforme os hotéis se recuperam da recessão americana e começam a voltar a investir agressivamente em melhorias, a Simmons lançou recentemente a linha de artigos de cama para hotéis Recharge Beautyrest, posicionada a vender itens de nível superior com espumas que regulam a temperatura do colchão.

Sono nas alturas

Agora, até mesmo companhias aéreas estão anunciando as virtudes dos colchões e roupas de cama de ponta nos segmentos de primeira classe e executiva, onde poltronas que se transformam em camas totalmente reclináveis se tornaram o padrão do setor.

Por exemplo, a Delta Air Lines começou a promover recentemente o novo "produto de roupas de cama Westin Heavenly In-Flight" para as cabines BusinessElite de voos internacionais e voos domésticos nos Estados Unidos entre o aeroporto Kennedy, em Nova York, e Los Angeles, São Francisco e Seattle, além de contar com camas duplas de luxo na primeira classe de seus aviões A380. Já a Lufthansa Technik, unidade de manutenção e modernização da grande companhia aérea alemã, está comercializando a cama Flexidreamer ("para um sono celestial"), primeiro desenvolvida para jatinhos particulares de luxo e agora disponíveis na primeira classe de aviões comerciais.

Embora tais confortos suntuosos claramente não estejam disponíveis na classe econômica cada vez mais apertada e austera das empresas aéreas, a transformação dos artigos de cama de luxo em cabines privilegiadas nos aviões comerciais reflete o que o setor hoteleiro aprendeu bem nos últimos 23 anos. Como afirma o anúncio da Delta a respeito de seus novos artigos de cama chiques para a BusinessElite, "em pesquisas recentes, os clientes nos contaram que a parte mais importante da experiência a bordo é o sono".

No setor hoteleiro, uma boa noite de sono em colchão e roupas de cama de alta qualidade se torna mais e mais um ponto de marketing sofisticado. Por exemplo, os hotéis Crowne Plaza, marca do grupo hoteleiro IHG, estão enfatizando a melhoria nesse aspecto como parte da iniciativa plurianual de reformar os padrões de qualidade de suas unidades em quase 60 países.

Casualmente, a meu ver, um dos aspectos mais interessantes da guerra hoteleira pela melhor noite de sono foi o impacto no mercado doméstico. Para a maioria das pessoas, comprar um colchão sempre foi uma tarefa desagradável, "lado a lado com a aquisição de um automóvel usado", disse Tipton, da Simmons.

Contudo, começando pela Heavenly Bed, e passando por outros colchões sofisticados que foram lançados no mercado por diversos fabricantes, os hotéis na verdade se tornaram showrooms em tempo real para o produto. Chega de estatelar-se constrangidamente em uma loja de departamento em uma tentativa frustrada de testá-lo.

Em um hotel, você usa o colchão da mesma forma que em casa. Depois, é possível comprá-lo no próprio hotel ou em uma loja que venda linhas de colchões com a marca do hotel onde ele foi encontrado. "O que elimina boa parte do aborrecimento em experimentar um colchão", afirma Tipton.

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