23 de fevereiro de 2014

Com 1,3 milhão de Havaianas vendidas em 2013, Cuba já é o 3º mercado da marca

A marca brasileira que já caiu no gosto de pedreiros e celebridades de Hollywood agora desfila em pés cubanos. As vendas das legítimas Havaianas no ano passado alcançaram 1,3 milhão de pares em Cuba – um país que mal sonhava importar calçados duas décadas atrás.

Hoje, a ilha estende o tapete vermelho para o setor calçadista brasileiro. O alcance das Havaianas no país foi o terceiro maior do mundo no ano passado, levando-se em conta que as vendas totalizaram 12% da população do país, que possui 11 milhões de habitantes.
Havaianas, das Alpargatas, controladas pelo grupo Camargo Corrêa: expansão no período militar.

De acordo com a Alpargatas, fabricante da marca, não há nenhuma publicidade das sandálias, já que ações de marketing são proibidas pelo regime cubano. A vitrine dos calçados brasileiros na ilha se restringe a lojas de departamento do próprio governo e a algumas butiques de hotéis.

Desde 2005 na terra de Fidel Castro, a marca Havaianas disputa a preferência dos cubanos com outra gigante brasileira. A gaúcha Piccadilly foi uma das primeiras do setor a ingressar no país, em 2002. Depois vieram nomes como Vizzano, Divietto, Via Uno, Azaleia, Carolina Castro e Mariner.


"Há 11 anos, quase não se conhecia os calçados brasileiros em Cuba, mas hoje há um reconhecimento da qualidade e conforto destes produtos", explica o cubano Andres Denis, analista da World Shoes Co, que exporta várias marcas nacionais para a ilha.

Em 2011, o Brasil exportou US$ 18,629 milhões para Cuba nos setores de moda e cuidados pessoais – e 63% deste montante esteve ligado ao setor calçadista.
                       Calçados brasileiros vendidos em loja oficial do governo cubano.

Para a diretora de exportação da Piccadilly, Micheline Grings, Cuba é um exemplo de negócio bem sucedido para a marca. "Já chegamos a representar mais de 40% de todos sapatos exportados pra o país", conta.

A executiva reconhece que, apesar de os cubanos desejarem os calçados brasileiros, o baixo poder aquisitivo da população, aliado à alta do dólar, ainda é um desafio para ampliar as vendas no país. O salário de um médico cubano, por exemplo, gira em torno de US$ 50 (o custo de vida também é muito mais baixo).

O livre comércio de Cuba com outros países é feito pelo peso conversível, que é indexado à moeda norte-americana. Isso complica a situação dos exportadores brasileiros quando o dólar sobe.

Já a moeda em poder da população – para salários e consumo – é o peso não conversível, que vale 24 vezes menos. Em outubro, o regime anunciou que vai unificar os dois pesos.

Nos hotéis cubanos, as Havaianas para turistas custam em torno de US$ 12, enquanto nos Estados Unidos os modelos mais simples saem por US$ 18.

Preço é acessível, mas não para todos

Assim como no Brasil, o poder aquisitivo para arcar com os calçados importados na ilha não é para todos, segundo o cubano Denis, da World Shoes. Quem não pode pagar acaba optando pelos produtos chineses, que são mais baratos.

A China detinha 63,5% do mercado calçadista de Cuba em 2009, segundo o estudo mais recente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) no país. O Brasil vinha em segundo lugar, com 10,7% do mercado.

"Os calçados chineses têm fama de desconfortáveis e ruins, enquanto os brasileiros são conhecidos pela qualidade", afirma Micheline, da Piccadilly.

Na Feira de Havana, que reúne produtos importados, três marcas de calçados brasileiros (Piccadilly, Havaianas e Mariner) receberam medalha de ouro pela qualidade, entre 2008 e 2013, concorrendo com produtos de vários setores e países.

O último estudo da Apex sobre tendências de consumo em Cuba, de 2011, identificou uma tendência de formação de um mercado de consumo, ainda incipiente, voltado para produtos com maior valor agregado.

As oportunidades de negócios para empresas brasileiras crescem na velocidade com que o mercado cubano abre as portas para o mundo. Desde 2002, as relações comerciais entre Brasil e Cuba seguem uma curva ascendente.

As exportações brasileiras saltaram de US$ 88 milhões para US$ 488 milhões nos últimos 11 anos, segundo a Apex. Na América Latina, o Brasil é o segundo maior parceiro comercial de Cuba, depois da Venezuela.

O passo mais recente da abertura comercial foi o anúncio, em dezembro do ano passado, de que os cubanos poderão comprar carros novos e usados do Estado sem precisar pedir permissão, pela primeira vez desde 1959.

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