6 de dezembro de 2014

Você já sabe como vai usar o 13º salário?

A primeira parcela do 13º – metade do salário – deve ser paga no dia 28 de novembro. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento do benefício deverá injetar R$ 158 bilhões na economia brasileira – 4,7 milhões de trabalhadores receberão, em média, R$ 1.774.

O salário a mais no fim do ano é sempre bem-vindo. Mas especialistas afirmam que é preciso usá-lo de maneira inteligente. Caso você queira usar o recurso para pagar dívidas, fique sabendo que esse é o sintoma de que algo deu errado. Portanto, é hora de planejar financeiramente para que 2015 seja diferente. 

Veja abaixo dicas de educadores financeiros: 

Em primeiro lugar, programe-se para as despesas de começo do ano 

Para a educadora financeira e coach Ana Paula Hornos, a primeira finalidade do 13º salário é usá-lo como recurso para as despesas sazonais de janeiro e fevereiro, como impostos (IPVA, IPTU), matrículas de escola ou faculdade, anuidades de clubes e academias, uniformes e material escolar. 

"O mais saudável é que ele seja visto mais como um valor destinado ao início do ano seguinte e não como uso imediato ao mês recebido. Evite gastá-lo em dezembro com as despesas do final do ano", diz. 

A especialista afirma que, no planejamento financeiro ideal, as despesas de fim de ano (como os presentes de Natal) devem estar contempladas nos gastos correntes e, preferencialmente, antecipadas, quando os custos ainda estão mais baratos. 

Já Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), acredita que o 13º salário seja útil para realizar sonhos. Mas para conseguir utilizar o recurso com essa finalidade, ele alerta que as pessoas precisam se planejar financeiramente o ano todo. 

"O primeiro passo para isso é gastar menos do que se ganha. Senão, a conta nunca fecha e o salário extra fica para apagar incêndio e dívidas. Contar com o dinheiro extra para balancear as contas do começo do ano é aconselhável, pois já indicam um grau de planejamento." 

Mas e se eu tiver dívidas? 

Aqueles que tem dívidas financeiras devem aproveitar o benefício para saldá-las. 

"É uma boa hora para quitá-las principalmente se os juros são altos [como as dívidas de cartão de crédito e cheque especial]. Neste caso valeria a pena fazer um esforço extra, apertar um pouco 'os cintos' e fazer um final do ano mais econômico", diz Ana Paula. 

Domingos, da Abefin, é categórico. "Pague as dívidas porque isso é fundamental, mas isso pela última vez. Depois, refaça o orçamento, corte gastos e faça as despesas caberem dentro dos recursos. É insustentável esperar o 13º todo ano. Perde-se muito dinheiro pagando os juros das dívidas e não sobra nada", ensina o educador financeiro. 

Sobrou dinheiro? Poupe-o! 

"O ideal é que o trabalhador guarde de 10% a 20% ao mês do valor líquido de seus recebimentos para formação de reservas, quer seja para um fundo de emergência, quer seja para realizar sonhos ou para aposentadoria", diz a coach. 

Segundo Ana Paula, o 13º salário pode ser visto como contribuinte depois que o profissional saldou suas dívidas e equilibrou o orçamento. 

Invista em títulos de médio e longo prazo 

Para Domingos, da Abefin, quem sonha multiplicar o dinheiro, mas tem perfil conservador e não quer correr riscos, o ideal é aplicar parte do 13º no Tesouro Direto (títulos da dívida brasileira), LCI e LCA. "Esses papéis têm rentabilidade boa e ajudam o investidor a criar uma disciplina de poupança." 

LCI e LCA são títulos emitidos por bancos e são isentos de Imposto de Renda. O primeiro tem lastro nos empréstimos imobiliários e o segundo, em financiamentos agrícolas. 

Para os precavidos que planejam um futuro próspero 

Para Domingos, da Abefin, é interessante investir na previdência privada, fazendo um aporte extra. "Para se guardar dinheiro, é preciso ter objetivo. Investir para aumentar os benefícios da aposentadoria garante que o futuro será tranquilo e todos querem isso." 

Começe a planejar resultados para 2015 e para a aposentadoria 

Davison Pereira, consultor do programa Vida Investe do Funcesp (maior fundo de pensão patrocinado por empresas privadas do Brasil) afirma que participantes de fundos de pensão podem fazer aportes extras e conseguir benefícios fiscais. Esses fundos possuem gestores que conseguem bom retorno do investimento porque, utilizam parte do dinheiro que investidores poupam em ações de empresas sólidas e diversificadas. 

"É possível obter o abatimento de até 12% na base de cálculo do rendimento a declarar de IR em 2015. Vamos pegar como exemplo um profissional que tem uma renda bruta anual de R$ 100 mil. Se ele tiver colocado pelo menos 12% desse valor em um fundo de pensão, pode abater esse percentual do IR, ou seja, a base tributável desse profissional passa a ser R$ 88 mil e não mais os R$ 100 mil reais." 

Pereira explica que dificilmente, as contribuições feitas ao longo do ano alcançam esse percentual. Com as contribuições voluntárias, ou mesmo com as esporádicas, o profissional pode completar esses 12% e obter o benefício fiscal. 

Os fundos de pensão, como a Funcesp, são entidades fechadas de previdência, normalmente organizadas por empresas, para garantir uma suplementação previdenciária aos seus funcionários. Para fazer esse tipo de investimento, o funcionário precisa, primeiramente, checar se a empresa onde trabalha oferece o benefício. Se sim, basta aderir ao plano disponível. A partir daí, as contribuições são descontadas do salário do colaborador todo mês, sendo que a empresa patrocinadora do fundo também pode realizar aportes.

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