15 de maio de 2012

Rede social criada em Manaus atrai leva de investidores estrangeiros

Empresa que atua na venda de ingressos online recebeu aporte de um dos principais fundos do Vale do Silício.
Benarrós (ao centro), com Marcelo Silva (co-fundador), Verma, Sébastien e Megan: "o time chamou a atenção".

Uma novidade tecnológica criada em Manaus roubou a atenção do mundo digital no dia 09 de maio. A Ingresse, primeira rede social de ingressos do País, recebeu aporte de um grupo de investidores estrangeiros, entre os quais está a badalada incubadora 500 Startups, do Vale do Silício (EUA). "É engraçado sermos os únicos brasileiros da nova lista de empresas que eles apostaram, mas é ainda mais engraçado que ficamos em Manaus", diverte-se Gabriel Benarrós, 23 anos, um dos fundadores do site. 

A escolha fez o Ingresse ser mencionado em reportagens dos principais veículos estrangeiros que escrevem sobre tecnologia, como TechCrunch, All Things Digital e Business Insider. Nada mal para um site lançado em janeiro passado, numa cidade fora dos tradicionais polos tecnológicos brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife ou Campinas. O iG havia antecipado que a aceleradora faria um aporte no Brasil

A empresa não divulga o total do aporte, por ter assinado acordos de confidencialidade, mas afirma que é superior a US$ 1 milhão, ou quase R$ 2 milhões. "Conseguimos uma negociação muito boa, que avaliou a bem o valor da empresa", afirma Benarrós, que, graças a esses termos generosos, continua como sócio majoritário na companhia. O investimento inclui, além da 500 Startups, investidores americanos e brasileiros, que também não podem ser revelados.

A Ingresse é uma plataforma onde o organizador de um evento pode fazer desde a digulgação até o controle de entrada no show ou festa (através de um aplicativo de celular). Mas, sobre isso, o site adiciona uma "camada social", que permite aos usuários ver amigos que vão aos eventos, por exemplo.
 Ao fundo, o verde de Manaus: "aqui, tivemos mais chances de errar sem ser engolidos".

Mas, segundo Benarrós, o que chamou a atenção dos investidores foi principalmente o time envolvido no projeto, não apenas a proposta do site. Nascido em Manaus, o empreendedor estudou na universidade de Stanford, no coração do Vale do Silício. No ano passado, um professor viu o projeto e, acredite, convenceu Benarrós a largar o curso. "É uma coisa bem Stanford", diz, sem conter o riso. "O cara viu o projeto e falou: cara, sai daqui e vai tocar esse negócio."

Ele então voltou para Manaus e montou um time que incluía nomes como o francês Sébastien Robaszkiewicz, que já tinha fundado quatro empresas tecnológicas, Karan Verma, um desenvolverdor indiano, e Megan Lin, americana que cuida das finanças. Mesmo com o time global, a empresa é brasileira e continuará sendo sediada na capital amazonense, embora deva abrir um escritório em São Paulo.

Para Benarrós, estar em Manaus trouxe mais vantagens que empecilhos. "A gente conseguiu fazer mais experiências e errar, o que é o propósito de qualquer startup. Em São Paulo seria mais perigoso, as pessoas têm outro padrão de exigência e o risco de ser engolido por um concorrente seria grande", conta. "Aqui, conseguimos rapidamente ter acesso a produtores de shows e rádios, o que talvez não tivesse acontecido no Sudeste."

Nas primeiras semanas no ar, o site já vendeu mais de 2 mil ingressos, número considerado bom pelos fundadores. A média diária de visitas é de 2 mil acessos. O Ingresse ganha comissão na venda dos tíquetes, que pode ser cobrada do usuário ou paga pelo organizador do evento.

"Acho que é um recado bacana para os fundadores de empresas digitais do resto do País", reflete Benarrós. "Claro que faz todo sentido estar no Sudeste, é a escolha óbvia e traz muitas oportunidades. Mas tem regiões onde o potencial também é grande e você não tem tanto risco de ser engolido por concorrentes", diz.

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