Empresa que atua na venda de ingressos online recebeu aporte de um dos principais fundos do Vale do Silício.
Benarrós (ao centro), com Marcelo Silva (co-fundador), Verma, Sébastien e Megan: "o time chamou a atenção".
Uma novidade tecnológica criada em Manaus roubou a atenção do mundo digital no dia 09 de maio. A Ingresse, primeira rede social de ingressos do País, recebeu aporte de um grupo de investidores estrangeiros, entre os quais está a badalada incubadora 500 Startups, do Vale do Silício (EUA). "É engraçado sermos os únicos brasileiros da nova lista de empresas que eles apostaram, mas é ainda mais engraçado que ficamos em Manaus", diverte-se Gabriel Benarrós, 23 anos, um dos fundadores do site.
A escolha fez o Ingresse ser mencionado em reportagens dos principais veículos estrangeiros que escrevem sobre tecnologia, como TechCrunch, All Things Digital e Business Insider. Nada mal para um site lançado em janeiro passado, numa cidade fora dos tradicionais polos tecnológicos brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife ou Campinas. O iG havia antecipado que a aceleradora faria um aporte no Brasil.
A empresa não divulga o total do aporte, por ter assinado acordos de confidencialidade, mas afirma que é superior a US$ 1 milhão, ou quase R$ 2 milhões. "Conseguimos uma negociação muito boa, que avaliou a bem o valor da empresa", afirma Benarrós, que, graças a esses termos generosos, continua como sócio majoritário na companhia. O investimento inclui, além da 500 Startups, investidores americanos e brasileiros, que também não podem ser revelados.
A Ingresse é uma plataforma onde o organizador de um evento pode fazer desde a digulgação até o controle de entrada no show ou festa (através de um aplicativo de celular). Mas, sobre isso, o site adiciona uma "camada social", que permite aos usuários ver amigos que vão aos eventos, por exemplo.
Ao fundo, o verde de Manaus: "aqui, tivemos mais chances de errar sem ser engolidos".
Mas, segundo Benarrós, o que chamou a atenção dos investidores foi principalmente o time envolvido no projeto, não apenas a proposta do site. Nascido em Manaus, o empreendedor estudou na universidade de Stanford, no coração do Vale do Silício. No ano passado, um professor viu o projeto e, acredite, convenceu Benarrós a largar o curso. "É uma coisa bem Stanford", diz, sem conter o riso. "O cara viu o projeto e falou: cara, sai daqui e vai tocar esse negócio."
Ele então voltou para Manaus e montou um time que incluía nomes como o francês Sébastien Robaszkiewicz, que já tinha fundado quatro empresas tecnológicas, Karan Verma, um desenvolverdor indiano, e Megan Lin, americana que cuida das finanças. Mesmo com o time global, a empresa é brasileira e continuará sendo sediada na capital amazonense, embora deva abrir um escritório em São Paulo.
Para Benarrós, estar em Manaus trouxe mais vantagens que empecilhos. "A gente conseguiu fazer mais experiências e errar, o que é o propósito de qualquer startup. Em São Paulo seria mais perigoso, as pessoas têm outro padrão de exigência e o risco de ser engolido por um concorrente seria grande", conta. "Aqui, conseguimos rapidamente ter acesso a produtores de shows e rádios, o que talvez não tivesse acontecido no Sudeste."
Nas primeiras semanas no ar, o site já vendeu mais de 2 mil ingressos, número considerado bom pelos fundadores. A média diária de visitas é de 2 mil acessos. O Ingresse ganha comissão na venda dos tíquetes, que pode ser cobrada do usuário ou paga pelo organizador do evento.
"Acho que é um recado bacana para os fundadores de empresas digitais do resto do País", reflete Benarrós. "Claro que faz todo sentido estar no Sudeste, é a escolha óbvia e traz muitas oportunidades. Mas tem regiões onde o potencial também é grande e você não tem tanto risco de ser engolido por concorrentes", diz.
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