7 de agosto de 2012

Grandes empresas brasileiras oferecem quase duas mil vagas para trainees

Salários para recém formados escolhidos para serem futuros líderes das companhias variam de R$ 3 mil a R$ 5 mil; em média, cada vaga é disputada por cerca de dois mil candidatos.
A média de inscrições nos programas mais concorridos é de 2 mil candidatos por vaga.

As principais empresas brasileiras deram início à temporada de caça a jovens talentos que acabaram de sair das universidades e estão em busca do primeiro emprego. Cerca de 1,8 mil vagas, com salários variando entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, já foram abertas por companhias de grande porte e a tendência é de que até setembro outras centenas de posições sejam incluídas nos programas de trainees espalhados por todo o Brasil.

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Vistos como a principal porta de entrada para profissionais que pretendem fazer uma carreira executiva de longo prazo, esses programas têm se tornado cada vez mais populares no Brasil. Nesse momento, companhias como Shell, Itaú Unibanco, Souza Cruz, Ambev, Odebrecht, General Eletric, Unilever, Brasil Foods, Boticário, Telefônica, Monsanto, Ernst & Young Terco e Deloitte já deram início a um também cada vez mais disputado processo de seleção.

Segundo levantamento da Cia de Talentos, consultoria em Recursos Humanos, a quantidade de vagas e de candidatos inscritos em cada programa varia muito, mas a média de inscrições nos programas mais concorridos é de cerca de 2 mil candidatos por vaga. Em 2011, a Ambev, por exemplo, recebeu 74 mil inscrições para 20 vagas, ou seja, cerca de 3,7 mil pessoas disputavam entre si para conquistar uma vaga.

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Os programas de trainee são uma tradição no exterior, mas se popularizaram no Brasil há pouco mais de 20 anos. Em geral, são adaptações de modelos já aplicados por multinacionais em outros países e vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil por conta de uma crescente escassez de mão de obra qualificada. “O primeiro programa de trainee que fizemos aconteceu em 1990, para a Unilever, então Gessy Lever”, diz Cristiani Furlani, gerente da Cia de Talentos.

Nessas últimas duas décadas, muita coisa mudou nos programas. Desde o formato, passando pelo processo de seleção, até à características mais buscadas pelas empresas. Nesse momento, os programas de trainee vêm passando por um curioso processo de expansão e contração concomitante. Embora o número de vagas disponíveis em cada empresa venha diminuindo, o número de companhias que oferecem os programas vem crescendo quase na mesma proporção.
    Em 2011, mais de 70 mil candidatos disputaram as 20 vagas oferecidas pela Ambev.

Para Furlani, da Cia de Talentos, a principal razão para isso é a crise que tem abalado as multinacionais em seus mercados sede. “Desde 2009, essa tendência se acentuou, muitas empresas sofreram retração com a crise e decidiram cortar custos”. Ao mesmo tempo, mais empresas estão adotando essa forma de recrutamento, “Uma série de companhias, inclusive de menor porte, que nem imaginavam fazer esse tipo de coisa, começaram a fazer”, diz Jorge Matos, presidente E-talent, consultoria de recrutamento.

Outra mudança no cenário de trainees é a colocação do funcionário ao final do programa. “Antes, o trainee seria necessariamente um líder, agora é apenas uma forma de acelerar a carreira, mas não significa que ele vai assumir uma posição de chefia de forma imediata”, diz Cristiani.

No Itaú Unibanco são 70 vagas abertas e o banco pretende treinar por 18 meses jovens que podem não terminar o programa em cargos de liderança, mas terão essa possibilidade acelerada. “Muitos dos nossos executivos foram trainees, o programa também cria a liderança da organização”, diz Marcele Correia, superintendente de seleção do Itaú.

Na Shell, o trainee pode ficar de 3 a 5 anos em treinamento “Depende da experiência que ele já tem”, explica Raquel Nascimento, gerente de recrutamento da companhia. Na petrolífera, os trainees recebem uma remuneração maior do que a de um analista comum, “eles ganham mais e andam mais rápido”, diz. Esse ano, são 14 vagas em 6 áreas de atuação,e os candidatos serão “ a longo prazo, líderes da Shell, não necessariamente no Brasil, mas no mundo”, diz Raquel.

“As empresas procuram trainees para dar uma oxigenada, são pessoas alinhadas com o mercado, o que tem de melhor em formação e experiência”, diz Matos, da e-Talent. “A remuneração desses funcionários é superior à média, esses jovens estão ganhando para estudar”, diz. “Um trainee pode custar à empresa de R$ 10mil a R$ 20 mil por mês”.

Segundo a Cia de Talentos, o salário médio dos trainees no Brasil gira em torno de R$ 3 mil a R$ 5 mil por mês, incluindo benefícios. Já o investimento médio das companhias para atração, seleção, plano de desenvolvimento e remuneração anual pode variar entre R$ 140 mil e R$ 220 mil por ano. “Se bem gerido, este valor retorna em pouco tempo para a organização”, diz Cristiani.

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