15 de janeiro de 2012

S&P corta ratings de nove países europeus

Agência de classificação de risco manteve nota de Alemanha e mais seis nações; Portugal tem dívida 'tóxica'.

A agência de classificação de risco Standard and Poor's rebaixou nesta sexta-feira a nota de França, Itália e Espanha e de mais cinco países da zona do euro, mas manteve o rating da Alemanha no patamar máximo de AAA. Outras seis nações tiveram os ratings mantidos pela S&P. A dívida de Portugal, por sua vez, ganhou status de tóxica. O anúncio confirma os rumores que circulavam mais cedo sobre o rebaixamento da nota desses países.

A agência rebaixou os ratings de longo prazo de Chipre, Itália, Portugal e Espanha em dois graus, e cortou as notas de França, Áustria, Malta, Eslováquia e Eslovênia em um nível. O rebaixamento que mais impactou os mercados foi o da França, que caiu da máxima AAA e, agora, se situa em AA+. A Espanha caiu de AA-/AA-1+ para A/A-1. Já a Eslováquia foi rebaixada de A para A+. A Áustria perdeu o triplo A e passou a ser AA+.

Em comunicado, a agência informou que a perspectiva de Áustria, Bélgica, Chipre, Estônia, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Holanda, Portugal, Eslovênia e Espanha é negativa. "Isso indica que nós acreditamos que há pelo menos uma chance em três de o rating ser rebaixado em 2012 ou 2013". Eslováquia e Alemanha têm perspectiva estável.

A Alemanha, por outro lado, manteve seu rating em AAA, com perspectiva estável. A agência também manteve os ratings de Bélgica, Estônia, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo e Holanda.

Em comunicado, a S&P afirma que o corte da nota francesa enfraquece a capacidade do fundo de resgate europeu de ajudar os países endividados da União Europeia, pois o mecanismo não tem capital próprio. Segundo a agência, o pacto fiscal da UE "não produziu um avanço de amplitude e alcance suficientes para responder completamente aos problemas da zona do euro".

Segundo a agência, a decisão foi tomada por cinco fatores: a piora das condições de crédito; um aumento nos prêmios de risco para um grande grupo de emissores europeus; uma tentativa de desinvestir por parte de governos e empresas; perspectivas de crescimento econômico fracas, e uma disputa aberta e prolongada de políticos europeus sobre a abordagem ideal de combater a crise.

De acordo com a S&P, é provável que alguns países europeus continuem enfrentando um custo de financiamento elevado e que haja uma redução na oferta de crédito e no crescimento econômico.

"Por outro lado, acreditamos que as autoridades monetárias da zona do euro têm sido instrumentais no que diz respeito a evitar um colapso na confiança do mercado. Vimos que o Banco Central Europeu reduziu com sucesso as exigências para colaterais permitindo que cada vez mais ativos sejam usados como garantias em operações de financiamento e, mais importante, adotou operações de recompra sem precedentes para as instituições financeiras, aliviando as pressões de financiamento de curto prazo para os bancos."

Histórico

Em 5 de dezembro, a S&P colocou em revisão para potencial rebaixamento os ratings de 15 países da zona do euro afirmando que a tensão sistêmica no bloco monetário aumentou nas últimas semanas e passou a ameaçar o crédito da região como um todo.

Os dois países que não foram afetados na época foram o Chipre, cujo rating já estava sob revisão negativa, e a Grécia, cuja nota "CC" encontrava-se na região dos investimentos especulativos.

Um dia depois, a S&P também colocou em observação para potencial rebaixamento o rating AAA da EFSF, afirmando que a nota é baseada nas garantias "incondicionais" dos países da zona do euro e que se um ou mais garantidores classificados como AAA fossem rebaixados a nota da EFSF teria de seguir o mesmo caminho.

A nota mais baixa pode tornar mais caros os empréstimos que o fundo toma do mercado para financiar o auxílio aos países europeus que passam por dificuldades - Grécia, Irlanda e Portugal.

Classificação de risco

A classificação de risco é uma ferramenta usada pelos investidores estrangeiros na hora de decidir em que país irão colocar suas aplicações. Ela reflete o risco que um país tem de não honrar o pagamento de seus títulos. Quanto melhor é a avaliação, menor é o risco e, portanto, maior é a capacidade do país de atrair investimentos.

A partir de um determinado patamar de classificação de risco o país é considerado "grau de investimento". Ou seja, o risco de calote é muito baixo. Muitos fundos de investimento estrangeiro direcionam recursos apenas para países que têm esta classificação. Parte deles é mais exigente, aplicando apenas em países que são considerados "grau de investimento" por ao menos duas das três grandes agências.

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