12 de janeiro de 2012

Veja as dicas dos especialistas para chegar a R$ 1 milhão na conta bancária

Quem juntar R$ 300 ao mês, com rentabilidade líquida de 1%, levará 30 anos para se tornar milionário; infográfico mostra alternativas.

A prosperidade da economia brasileira – recentemente elevada à condição de sexta maior do mundo – vai produzir milionários a um ritmo acelerado nos próximos anos. Pela estimativa do banco Credit Suisse, na pesquisa Global Wealth Report, o número de cidadãos com mais de R$ 1 milhão de patrimônio vai saltar de 319 mil para 815 mil no país em 2016. Ou seja: a cada dia, 271 pessoas vão atingir o sonho de juntar pelo menos R$ 1 milhão.

Para entrar nessa estatística sem depender da sorte ou de laços familiares, é preciso arregaçar as mangas para trabalhar, ter muita disciplina para conter os gastos e cultivar a paciência para obter resultados no longo prazo. “Ficar milionário é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros”, diz Guilherme Benchimol, presidente da XP Investimentos. “É preciso aprender a fazer sacrifícios.”

Quem não tem tanto dinheiro para começar não precisa desanimar. Uma conta feita pelo administrador de empresas e consultor de finanças pessoais Mauro Calil, que já juntou mais de R$ 1 milhão no banco, mostra que uma pessoa poderá juntar R$ 1 milhão em 30 anos se poupar R$ 300 por mês (ou R$ 10 por dia) e tratar de obter rentabilidade mensal líquida (descontados os impostos, taxas e a inflação) de no mínimo 1%. Veja abaixo outras alternativas e dicas de poupança:


Na tabela acima, a professora Ângela Menezes, do Insper, calculou os valores com base na taxa efetiva, que mostra a rentabilidade final de um investimento, já excluindo os valores do imposto de renda das aplicações.

Antes de qualquer coisa é preciso seguir uma regra óbvia, mas que muita gente ignora, seja por desorganização, desconhecimento ou necessidade: não se pode gastar mais do que se ganha. A enorme quantidade de gente que se endivida a ponto de não conseguir honrar os compromissos prova o quanto esse mandamento das finanças pessoais é desrespeitado. “O crédito é uma ferramenta importante, mas as pessoas que tomam dinheiro emprestado precisam saber qual é o custo do dinheiro e qual deve ser o limite delas”, diz o professor de Educação Financeira da BM&F Bovespa José Alberto Netto Filho.

Feita a primeira lição de casa, é hora de arrumar espaço no orçamento para começar a poupar. Quanto mais sobrar todos os meses, mais perto fica o sonho do milhão. “Mais importante do que saber as técnicas de investimento é adotar um novo comportamento em relação ao consumo”, diz Eliane Habib, sócia da Practa Treinamento e Educação Financeira. “Começar a guardar dinheiro e renunciar a certos bens de consumo é tão difícil quanto parar de fumar”, afirma.

O segredo é pensar longe, lá no futuro, e não se deixar de levar pelo impulso consumista. “Antes de comprar qualquer coisa, dê um tempo. A febre do consumo vai passar, com certeza”, diz Eliane. “Pense que você está abrindo mão daquilo para manter seu padrão de vida na velhice.”

Outra dica unânime entre os especialistas em finanças pessoais é separar um percentual mensal da renda e encará-lo como uma se fosse uma conta a pagar como qualquer outra – o aluguel, o condomínio, a escola das crianças e... o investimento. Dessa forma, o dinheiro a ser poupado já começa o mês “amarrado” e a tentação de torrá-lo diminui.

Quando começar a aparecer alguma sobra, é hora de aprender a investir. A boa e velha caderneta de poupança é a opção inicial mais procurada, por sua simplicidade e segurança. Mas é possível, mesmo com pouco capital sobrando, investir em fundos de investimento de renda fixa com rendimento superior ao da poupança – que, na verdade, apenas protege o valor do dinheiro, mas não o faz crescer de verdade.

A dica é jamais confiar no gerente do banco (que vai tentar te empurrar os produtos que são mais interessantes para a instituição, mas não necessariamente para você) e buscar fontes de informação independentes como consultores especializados, empresas de investimento independentes, reportagens e colunas na imprensa, fóruns de discussão na internet, entre outras. Outras opções interessantes para investimentos mais conservadores são o Tesouro Direto – uma forma de comprar títulos do governo sem a intervenção dos bancos – e os planos de previdência privada – que têm como principal atrativo a possibilidade de receber até 12% do que seria pago de imposto de renda pelo contribuinte.

Quem tiver mais facilidade para lidar com risco pode começar a se arriscar na bolsa de valores, comprando ações diretamente ou via fundos de renda variável. Mas é preciso estar muito bem informado sobre as condições de investimento para não se decepcionar. É muito comum comprar uma ação em um dia e, logo no seguinte, o papel sofrer uma baixa. Isso costuma desanimar os investidores menos experientes. “No longo prazo, porém, as ações são um investimento muito seguro”, diz Benchimol.

Outra modalidade que vem ganhando adeptos rapidamente no Brasil são os fundos imobiliários. Eles reúnem grandes quantidades de imóveis e negociam cotas para os investidores. A remuneração vem dos aluguéis e de outras receitas eventuais obtidas nos imóveis. Como a tendência das taxas de juros é cair nos próximos anos, os fundos desse tipo acabaram ganhando popularidade. Mas, em geral, o investimento inicial costuma ser alto – na casa das dezenas de milhares de reais.

Seja qual for o investimento escolhido, vale uma outra observação dos especialistas: jamais acredite em propostas de investimento que tragam remuneração muito acima do mercado. É grande a chance de ser um golpe.  (Colaborou Olívia Alonso, iG São Paulo).

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