10 de junho de 2012

Vícios de consumo do dia a dia representam até 30% do orçamento familiar

Todo dia ela faz tudo sempre igual: bebe uma lata de refrigerante no almoço e mais alguns copos à noite.

Nem um problema gástrico impede a farmacêutica Danielle Moreira, de 35 anos, de tomar sua Coca-Cola diariamente. Mas uma queimação no bolso a despertou: na semana passada, ela colocou as despesas com a bebida na ponta do lápis e se deu conta de que gasta muito dinheiro, mais de mil reais por ano.

Tomar refrigerante com frequência é um dos hábitos que prejudicam a saúde financeira de seu bolso. Às vezes, são costumes gostosos e irresistíveis, mas que, se tiverem seus gastos somados, chegarão a valores impressionantes. O saquinho de pipoca comprado depois do trabalho por R$ 2, três vezes por semana, por exemplo, representa R$ 288 no fim de um ano. E duas apostas de seis números na Mega-Sena somam R$192 por ano.

— Não digo para as pessoas deixarem de fazer ou consumir. Elas precisam ter noção de quanto esses hábitos custam e ver se o custo-benefício compensa. O interessante é calcular quanto é preciso trabalhar para pagar esses gastos — explica Nelson de Souza, professor de Finanças da Ibmec.

Susto como aliado

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o susto com o somatório das contas é o principal aliado. Segundo ele, de 20% a 30% das despesas do mês são de excessos que podem ser controlados:

— Não estou falando para a pessoa parar de tomar o refrigerante ou a cerveja, mas ela pode diminuir. Não adianta ela falar que acha que gasta. Só pode fazer um corte se souber realmente quanto gasta. O importante é fazer uma troca para ter motivo para controlar gastos.

Danielle já sabe o que fará com o dinheiro do refrigerante: usará numa viagem.

Anotar faz a diferença

Os maiores aliados na contenção de despesas são dois simples objetos: lápis e papel. Com eles, a família deve anotar todos os seus gastos, separando-os por categorias, como alimentação, transporte, lazer e outros (aqui entram os maus hábitos).

— A família tem que tirar uma fotografia dos gastos durante 30 dias. Primeiro, precisa registrar, caso contrário, não vai acreditar. E esse diagnóstico só deve ser feito uma vez por ano, para que não perca o impacto. É esse susto o responsável pelas mudanças de hábito — ensina Reinaldo Domingos.

O cartão de crédito, se bem utilizado e com as contas pagas em dia, ajuda as famílias. Mas, se não for usado corretamente, com pagamentos mínimos e rotativos, pode ser transformar numa perigosa arma. Cálculos do professor de Finanças do Ibmec Marcos Heringer mostram que uma dívida de R$ 500 no cartão, ao fim de um ano, pode virar R$ 240,60 só de juros, mesmo com o cliente pagando R$ 75 por mês, por causa das altas taxas.

— Após dez anos, o saldo devedor ainda seria de um real, e o cidadão já teria pago um total de R$ 1.267,44 — explica o professor.

Fonte: Jornal Extra.

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