19 de janeiro de 2013

"Não estamos no Brasil para resultados de curto prazo"


A área de infraestrutura e cidades foi criada pela Siemens em setembro de 2011. Trata-se do mais recente ramo de atuação da companhia alemã e um de seus focos de crescimento no Brasil, onde ela também tem negócios relacionados a energia, automação industrial e saúde.

“Nossa unidade brasileira planeja dobrar o faturamento até 2017, atendendo, principalmente, as necessidades do país nas regiões onde acontecerão grandes eventos esportivos como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos”, diz Peter Loescher, presidente mundial da Siemens.

A divisão de infraestrutura e cidades oferece tecnologia para grandes municípios e possui cinco áreas: sistemas ferroviários; edifícios; mobilidade e logística; baixa e média tensão, além de redes inteligentes. Foi sobre a nova divisão que Loescher falou ao BRASIL ECONÔMICO.
                          Loescher quer dobrar a receita da unidade brasileira até 2017.

Como a Siemens enxerga o mercado brasileiro neste momento? 
O país tem crescido de forma consistente na última década e este crescimento deve continuar. Estamos investindo no Brasil porque queremos aumentar ainda mais nossa capacidade de fornecer soluções para o país. Nós vemos a necessidade do Brasil no que diz respeito a uma infraestrutura melhor e mais avançada. E com os novos pedidos decorrentes do Pré-Sal, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, achamos importante reforçar o posicionamento da Siemens no país.

Trata-se de um compromisso de longo prazo? 
Não estamos no Brasil para resultados de curto prazo. A Siemens tem uma longa história no país e também uma forte presença local, com 14 fábricas e sete centros de pesquisa e desenvolvimento. Além disso, a urbanização é uma megatendência, tanto globalmente como no Brasil. Hoje 87% dos brasileiros vivem nas cidades, 40 anos atrás eram menos de 50%. Atualmente 20 áreas metropolitanas têm mais de 1 milhão de habitantes.

Quais são as expectativas da empresa em relação ao Brasil? 
O Brasil tem importantes desafios os quais representam diversas oportunidades de mercado. Por exemplo: são necessários 600 quilômetros de metrô para que as cidades brasileiras alcancem a Cidade do México. Por causa das oportunidades de crescimento que identificamos decidimos investir US$ 1 bilhão no país até 2017. A Siemens Brasil também planeja dobrar seu faturamento até 2017, atendendo, principalmente, as necessidades do país nas áreas onde acontecerão grandes eventos como Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos.

Qual o potencial que a Siemens vê nas cidades que abrigarão estes eventos? 
Doze cidades do Brasil vão sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e o Rio de Janeiro será o anfitrião principal para os Jogos Olímpicos de 2016. O crescimento das cidades tem colocado uma enorme pressão sobre habitação e serviços públicos, como abastecimento de água, esgoto, saúde e educação. Com o nosso portfólio somos um parceiro perfeito para o desenvolvimento urbano sustentável.

Quais são as principais soluções fornecidas pela Siemens às cidades brasileiras? 
Recentemente recebemos pedidos para a revisão dos sistemas de metrô e trem das cidades de São Paulo, Brasília e Recife. E estamos ajudando a melhorar o sistema elétrico do metrô do Rio de Janeiro. Em São Paulo fornecemos energia e um sistema driverless (sem motorista) para a linha amarela do metrô. Este é o primeiro sistema driverless da América Latina. No Rio de Janeiro e em São Paulo estamos fornecendo tecnologia inteligente para o monitoramento de transformadores.Também estamos ajudando a reduzir o quanto a Sabesp gasta em energia no tratamento de esgoto. Isto é possível graças a uma tecnologia que permite converter metano em energia.

Em quantos países a divisão de infraestrutura e cidades da Siemens está estabelecida? 
A companhia está fazendo negócios em mais de 190 países. Existem cidades que são clientes da Siemens há décadas. Dentro do nosso top 20 estão cidades como Londres, Nova York e Berlim. Temos conseguido muitas vitórias em projetos importantes. Um exemplo é o bem sucedido Sapsan, a rede de trens de alta velocidade da Rússia.

Qual o tamanho deste mercado de infraestrutura para cidades? 
Os investimentos necessários por parte das cidades são gigantescos. É um mercado de ¤ 300 bilhões. Mas é importante ressaltar algumas questões importantes a serem consideradas pelos municípios: soluções de infraestrutura devem ser economicamente rentáveis, além de serem eco-friendly e melhorarem a qualidade de vida das pessoas. Mesmo com orçamento apertado, as cidades têm que investir em infraestrutura se quiserem atrair investidores. As cidades são, provavelmente, o mercado de maior crescimento no mundo.

Existe alguma tecnologia da Siemens bastante demandada por cidades ao redor do 
mundo mas que ainda não foi introduzida no Brasil? 
Todas as técnicas de eficiência energética podem ser implementadas em todas as cidades. Tecnologias sustentáveis podem aumentar a qualidade de vida das pessoas. A Siemens está cooperando com muitas cidades como Londres, Munique, Berlim e Cidade do México para encontrar as melhores soluções para cada uma delas. E agora também estamos patrocinando um estudo, chamado de “Retratos do Futuro Rio”, sobre como o Rio de Janeiro deve evoluir até 2040. Globalmente, estamos realizando abrangentes programas de pesquisa para explorar as tecnologias que acreditamos que irão moldar a vida no futuro.

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