16 de julho de 2013

Calçado de baixo custo é aposta de pequenos fabricantes do RS

Em meio à crise financeira e troca de coleção, os micro e pequenos empresários do pólo calçadista do Rio Grande do Sul apostam nos produtos de baixo custo de fabricação para alavancar as vendas e turbinar o faturamento.

A estratégia é colocada em prática por grande parte das micro e pequenas empresas do Estado que participaram da 45ª edição da Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios (Francal), evento que terminou no dia 12 de julho no Parque de Exposições Anhembi, na capital paulista.

A Limana Calçados, de Sapiranga (RS), dona da marca P Scarpe, vendeu 30 mil pares de sapatilhas de PVC por R$ 9,90 desde o lançamento do modelo, há duas semanas. Enquanto a produção de um calçado tradicional requer 70 funcionários, um de PVC demanda apenas 18.
                             Cristine Martiny, gerente comercial da Paraonda Calçados.

A estratégia de oferecer produtos de baixo custo, segundo o proprietário Armindo Santos, 42 anos, foi certeira diante da atual conjuntura econômica do País. “O Brasil está vivendo um período financeiro complicado e vimos nesse cenário uma possibilidade de atingir um público mais simples. Esperamos aumentar o faturamento mensal em até 70%”, prevê o empresário.

Com a troca de estação, o empresário Luis Augusto Cardoso, 53 anos, dono da fabricante de calçados Fém, aproveitou o material remanescente do estoque para produzir sapatilhas a um custo mais baixo e oferecê-las aos lojistas por R$ 14,90 – produtos semelhantes eram vendidos por R$ 18 no mês passado.

“O povo não tem dinheiro e a concorrência é muito grande. Além do mais, estamos em uma ‘entressafra’ de sapatos, devido à troca de estação”, justifica o empresário. A pequena empresa, de Novo Hamburgo (RS), produz 12 mil pares de calçados por mês e vendeu 70% do estoque nesta edição da Francal.
                                    Armindo Santos, proprietário da Limana Calçados.

Para ampliar o público consumidor, a Paraonda Calçados, de Feliz, município do Rio Grande do Sul, lançou uma nova empresa este ano voltada à classe média: a Modda Calçados. Enquanto um sapato custa por volta de R$ 139 na loja mais tradicional da rede, um modelo de couro custa a partir de R$ 39,90 na nova marca.

“A Modda foi criada a partir da solicitação de clientes das classes B, C e D por produtos mais acessíveis ao bolso deles”, destaca Cristine Martiny, gerente comercial da empresa.

Estratégia arriscada

Baixar os preços para vencer a concorrência é uma estratégia bastante utilizada pelos pequenos empresários, afirma Iroá Arantes, consultora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).

No entanto, a tática é arriscada e pode não funcionar com todas as empresas. “A disputa com produtos importados é muito grande devido à alta tributação no Brasil. Por isso, nem sempre o brasileiro consegue ganhar por preço”, alerta a consultora.

Segundo Arantes, o ideal é que o empreendedor aposte na diferenciação de produtos, seja pelo design ou pela qualidade da matéria-prima. “Desta forma, o fabricante consegue aumentar as vendas e vencer a concorrência mesmo com a alta tributação e com o aumento do dólar”, exemplifica.

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