11 de julho de 2013

Pequenos importadores mostram como sobrevivem ao dólar acima de R$ 2,20

        Orlando Pinto Rodrigues Júnior, proprietário da Premium Importação e Exportação.

Com o dólar em alta de 10,51% no acumulado do ano, cotado a R$ 2,2595 no dia 06 de julho, os micro e pequenos importadores —que compram produtos em dólar e revendem em real— têm pela frente o desafio de manter a clientela sem reduzir a margem de lucro e prejudicar as finanças do negócio.

A equação parece difícil de ser resolvida, mas segundo Carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), é possível vencer a alta do dólar sem trazer grandes danos ao negócio.

Primeiramente, destaca o consultor, o empresário precisa avaliar se houve impacto no estoque da empresa, pois é possível que o produto adquirido não tenha sofrido tanto com o câmbio. Em segundo lugar, orçamentos de longo prazo devem ser evitados.

E na hora de fazer novos pedidos, vale considerar a troca de insumos estrangeiros por versões nacionais, cotadas em real. “O ideal é buscar no mercado interno produtos que possam substituir aqueles usualmente adquiridos”, aconselha Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi).

Mas se a empresa é 100% importadora e não tem espaço para artigos brasileiros, negociar desconto e prazo de pagamento com fornecedores é uma saída para não repassar um alto reajuste ao consumidor, segundo Santos, do Sebrae.

Prejudicado pela alta do dólar ao negociar produtos com a cotação do mês passado, Wilson Ribeiro, de 47 anos, dono da JUK Industrial, importadora de peças, criou uma estratégia para não perder mais dinheiro: passou a vender em dólar e só manter o orçamento aos clientes durante dois dias. Ou seja, aboliu a negociação antecipada.

“Se o consumidor não aceita comprar o produto na moeda americana, eu jogo o valor lá para cima para reduzir meu risco. Também parei de fazer orçamento e concretizar o negócio depois de semanas. Com o dólar variando desta forma, o preço muda de um dia para o outro”, explica o empresário.

Transparência

Quando o empreendedor está prestes a comprometer as finanças do negócio, como ocorreu com Ribeiro, a solução é abrir o jogo com o consumidor, alerta Simone Oliveira, presidente da consultoria America Expert. “O cliente quer um parceiro no negócio, não simplesmente um fornecedor. Se o preço teve que ser reajustado, o empreendedor precisa deixar isso claro.”
Dólar fechou em alta de 10,51% no acumulado do ano, cotado a R$ 2,2595 no dia 06 de julho.

Foi o que fez o empresário do ramo de vinhos Orlando Pinto Rodrigues Júnior, de 51 anos, dono da Premium Importação e Exportação. Surpreso com a valorização da moeda americana, ele não só negociou preços e prazos com os fornecedores, como decidiu manter o diálogo aberto com os clientes explicando o porquê do reajuste de 6% a 10%.

“Tivemos de repassar um pouco do aumento aos consumidores porque tenho vários contêineres chegando já com os novos preços. Não posso comprometer minha empresa por causa do descontrole da economia”, diz o empresário.

De acordo com Carlos Eduardo Furlanetti, professor do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA), as micro e pequenas empresas são mais suscetíveis à variação cambial porque possuem menos capital de giro para cobrir possíveis imprevistos.

Por este motivo, os pequenos importadores devem priorizar produtos menos expostos à concorrência. “A venda de commodities, por exemplo, está muito ligada ao preço. Perfumes importados, contudo, não estão tão sujeitos à variação cambial porque o consumidor, na maioria das vezes, está disposto a pagar um preço mais caro por eles”, explica o professor.

Para os que temem mais uma decolada do dólar, uma boa notícia: a alta deve cessar neste segundo semestre, segundo os especialistas. “A tendência é que o dólar caia conforme a melhora da economia dos Estados Unidos. No entanto, o empresário precisa sempre acompanhar o noticiário nacional e internacional para estar preparado para mudanças no setor financeiro”, adverte Furlanetti.

Veja dicas para lidar com a alta do dólar:
Evite acumular estoque
Avalie a venda de insumos nacionais
Priorize produtos com baixa concorrência no mercado
Acompanhe o noticiário nacional e internacional
Negocie prazos de pagamento e valores com fornecedores
Reajuste preços e seja transparente com os consumidores
Reduza a margem de lucro sem prejudicar as finanças do negócio
Em último caso, faça um hedge cambial (proteção contra oscilação monetária)

Nenhum comentário:

Postar um comentário