9 de maio de 2013

Passo a passo para estrear na Bolsa

     Número de pessoas físicas na Bolsa de Valores era de 587.797, em março de 2013.

Não é preciso ser especialista para investir na Bolsa de Valores. Mas quem procura rendimentos mais generosos que a renda fixa deve estar disposto ao risco e ter noções básicas sobre este mercado, recomendam economistas.

Comprar ações de uma empresa é como pilotar um avião, na opinião do economista-chefe da HPN Invest, Edgar de Sá: antes de decolar, é preciso fazer um plano de voo e elaborar alternativas para uma possível pane. Não basta conhecer os riscos, portanto. É preciso guardar estratégias na manga.

“Assim como o piloto calcula a duração do combustível e a probabilidade de tempestades, o investidor precisa traçar um plano B para desviar a rota do investimento no meio do caminho, se necessário”, compara o especialista.

Até abril deste ano, o índice Ibovespa havia sofrido uma queda acumulada de 8,27%. Ainda assim, o número de pessoas físicas na Bolsa cresceu entre janeiro e março, de 583.527 para 587.797. Nos últimos dez anos, a quantidade de pequenos investidores no mercado de ações aumentou sete vezes.

A participação de pessoas físicas cresce, mas ainda é baixa em relação a outros investidores – representou 7,44% para operações de compra e 7,61% para venda, em abril. O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que está em pé a meta de atrair ao menos 5 milhões de pequenos investidores para este mercado.

A volatilidade diária das ações não deve alarmar o investidor ao ver perdas momentâneas em seu extrato, sugerem analistas. Elas são mais preocupantes para o especulador, que aposta no curtíssimo prazo. A recomendação é ignorar quedas ocasionais de preços e mirar o longo prazo.

O professor da universidade Anhembi Morumbi, Osmar Visibelli, sugere ao investidor de primeira viagem permanecer na Bolsa por, no mínimo, um ano, para que o investimento esteja livre de sazonalidades. Apostar neste mercado pode ser vantajoso mesmo em momentos de desvalorização.

“A Bolsa é sempre uma alternativa para a pessoa física diversificar seus investimentos, contanto que use apenas uma parte dos recursos financeiros, e nunca todo o seu capital”, recomenda Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, plataforma da Título Corretora.

Visibelli aconselha investir no máximo 35% da capacidade financeira em ações. A parte restante, orienta o docente, deve ser distribuída entre outras aplicações que ofereçam maior segurança (apesar do retorno menor) ou maior rentabilidade (com agravamento do risco).

Escolher empresas de capital aberto com dados contábeis consistentes é outro cuidado. Isto inclui acompanhar resultados e dividendos, além de conhecer a política de investimentos da companhia, aponta Visibelli. “Investir em ações sempre exigirá conhecimento técnico mínimo sobre o mercado e uma análise cuidadosa das empresas-alvo”.

Como escolher uma corretora

Antes de ingressar na Bolsa, é preciso abrir uma conta em uma corretora ou distribuidora. Há cerca de 100 delas, autorizadas pela Bolsa a operar no mercado de ações . Para escolher a mais adequada ao seu perfil, a BM&FBovespa sugere consultar cada uma e perguntar quais serviços oferece, além das taxas cobradas (como de custódia). Estas instituições orientam o investidor a escolher suas ações, conforme o objetivo financeiro. Há corretoras mais voltadas ao pequeno investidor.

Elas são responsáveis, também, por manter o cliente informado sobre novos produtos, dividendos e outros bônus pagos pelas empresas aos acionistas. Para abrir uma conta, elas exigem comprovantes de identidade e residência, CPF e a assinatura de um termo de adesão e contrato de intermediação.

Primeiro passo para investir

Após escolher a corretora ou distribuidora, o investidor transfere o dinheiro para sua conta e escolhe as empresas onde pretende investir. Em seguida, dá uma ordem de compra e o pedido é executado na Bolsa. Mas antes disto, é preciso avaliar o custo total da operação. As corretoras cobram taxa de corretagem e de custódia, pela manutenção da conta, que pode variar de uma instituição para outra.

Antes de escolher uma corretora, é preciso comparar os preços cobrados, que influem diretamente nos rendimentos. A Bolsa também cobra emolumentos para operar as negociações. Já operações de venda de ações de até R$ 20 mil são isentas do pagamento de Imposto de Renda .

Dicas para não perder o sono

Para Amerson Magalhães, do Easynvest, há duas estratégias para o investidor iniciante mitigar o risco do investimento. A primeira é aplicar os recursos de forma gradativa, montando o portifólio de ações aos poucos. “Ele pode programar a entrada dos investimentos periodicamente, em diversos momentos”, explica.
 Fundos de índice são considerados a melhor porta de entrada para a Bolsa de Valores.

A recomendação é diversificar os investimentos, para desconcentrar o risco. Mas nem sempre o pequeno investidor tem recursos suficientes para aplicar em muitas ações. Por isso, outra alternativa é investir em fundos de índices (ETF-s), que acompanham as 50 ações mais negociadas na Bolsa. As ações entram e saem automaticamente destes fundos, conforme perdem ou ganham relevância.

Além de mitigar o risco com uma carteira mais diversificada, estes fundos têm taxa de administração média de 0,5% ao ano, considerada baixa. Um dos fundos, que acompanha o índice IBX50, tem o menor custo do mercado, de 0,059% ao ano.

Magalhães considera as ETF-s a melhor porta de entrada para a Bolsa, inclusive para o investidor com perfil conservador. “Esta estratégia ajuda a entender os movimentos do mercado e entender a dinâmica da Bolsa”, diz.

Há ainda a opção de apostar em fundos que espelham índices por setores, como o imobiliário, de materiais básicos ou de consumo. Em 2012, este último teve maior destaque, refletindo o aumento do crédito. “Se o investidor acredita que determinado setor terá bons resultados, pode escolher um fundo voltado para ele”, exemplifica Magalhães.

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