15 de setembro de 2013

Franquias buscam modelos compactos para enfrentar custos e crescer

A forte expansão das franquias nos últimos anos rumo a cidades menores, a dificuldade cada vez maior de encontrar um ponto bem localizado nas grandes capitais e o aumento do custo de ocupação, principalmente os aluguéis, estão entre os motivos para marcas como Bob's, Dicico, Wizard e Fitta Turismo criarem modelos de negócio mais compactos. 


São lojas menores, balcões de vendas e até estações que exigem mudanças na produção dos alimentos vendidos, no caso do Bob's. Esses novos formatos são uma opção aos quiosques, que encontram mais espaço nos shoppings centers e também podem ser uma solução econômica.

A Associação Brasileira de Franchising (ABF) acompanha como as marcas estão encontrando saídas para continuar a crescer, e estima que os modelos compactos e quiosques representem 30% do mercado de microfranquias. A maioria são franquias de serviços, que não necessitam de espaço físico ou este espaço não é delimitado.

Na visão de Roberto Feijó, diretor de inteligência de mercado da ABF, quem ainda não desenvolveu um modelo compacto do negócio está estudando a possibilidade. "As redes buscam oportunidades. Sai na frente quem desenvolveu primeiro. Talvez este seja o momento".

Lyana Bittencourt, diretora de desenvolvimento da consultoria Bittencourt, aponta que o custo de locação e das luvas (taxa para uso de um espaço) é alto, e que a ideia das franquias mais enxutas é potencializar os produtos oferecidos e reduzir a metragem das lojas.

O ponto fraco é que a diversidade de produtos tem de ser diminuída, conta. "Consequentemente, o consumidor não encontrará as mesmas coisas que encontra nas lojas tradicionais".

Portfólio segmentado

Marcelo Farrel, gerente e diretor do Bob's, conta que o conceito BExpress, que envolve desde uma estação com 2 metros quadrados a lojas compactas com até 30 metros quadrados, lançadas em 2010, surgiu da necessidade de preencher a oferta em áreas mais restritas ao varejo. "O metro quadrado hoje é disputadíssimo. E a maior parte do custo do investimento é na locação". 

Nos modelos compactos do Bob's, podem ser vendidos seis tipos sanduíches quentes e três tipos de frios, além de milkshakes e sorvetes. O alvo são hospitais, estações de metrô e lojas de conveniência. A loja compacta, de 30 metros quadrados, exige investimentos de cerca de R$ 300 mil. A estação de trabalho custa ao redor de R$ 20 mil.

Já são cerca de 40 pontos de vendas com a estação e 15 lojas express em funcionamento em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Em geral, elas são buscadas por franqueados que já atuam na região. "É um jeito de consolidarmos posição em mercados onde já temos diversas lojas", conta o executivo.

O sanduíche preparado e esquentado em forno, que serve como base para o conceito compacto, permitiu ao Bob's explorar outro mercado: o de eventos. A marca estará presente no Rock in Rio, que acontece na semana que vem no Rio de Janeiro. "Lá teremos que alimentar 100 pessoas por dia em condições adversas. O sanduíche pronto gera mais eficiência".
Marcelo Farrel, diretor da marca Bob´s: modelo compacto permitiu entrar no mercado de eventos.

A Fitta Turismo, franquia de casa de câmbio, testa o modelo de corner (canto) para escapar de custos com aluguel, conta o presidente Rodrigo Macedo. "Em aeroportos, por exemplo, os custos subiram muito. Os aluguéis não serão renovados". Para o executivo, o modelo, que diminuiu o investimento pela metade, é alternativo e deve crescer. 

O Grupo Multi tem unidades compactas da escola de idiomas Wizard desenvolvidas para cidades pequenas, com 50 mil habitantes, e também o modelo mini, que pode ser instalado dentro de universidades ou empresas.

Porém, é necessário já ser franqueado da rede. "A exceção são cidades pequenas, que não comportam o modelo tradicional", diz Luisa Siqueira, gerente de operações internacionais.

A varejista de materiais de construção Dicico anunciou seu modelo de franquias em dezembro do ano passado, no qual diminuiu o espaço de suas lojas de 2,8 mil metros quadrados para 800 a 1 mil metros quadrados.

O objetivo é chegar mais perto dos consumidores, com lojas de bairro. Já existe uma em funcionamento em Vargem Grande, na região metropolitana de São Paulo, e três estão sendo desenvolvidas. 

Mais quiosques

Marcas que têm apenas operação de quiosques, como a Nutty Bavarian, geralmente são negócios que não suportam os custos de uma loja, com a vantagem de estar em locais de grande visibilidade e com alto tráfego nos shoppings centers, apropriados para as compras por impulso.

Daniel Miglorancia, CEO da Nutty Bavarian, diz já ter pensado em ampliar o negócio para lojas, mas o custo do investimento não compensou. 

Mesmo com uma estrutura enxuta, a Nutty tvem sofrido com o aumento de custos da matéria-prima e mão de obra no País. A opção é criar quiosques segmentados e maiores, que vendam produtos com maior valor agregado, para tornar a operação rentável. "Criamos produtos para os consumidores presentear e levarem para casa. Também orientamos franqueados a oferecerem a opção de encomendas para eventos", diz o CEO.

A rede vem tendo maior demanda de franqueados no último ano. Porém, tem dificuldades de encontrar pontos. "Muitos lançamentos de shopping em cidades do interior não comportam nossa operação pelo nível de renda", conta Miglorancia. O objetivo da Nutty Bavarian, dona de uma das marcas com maior número de quiosques, a ideia é terminar o ano com 100 pontos.

O crescimento só não é maior porque os shoppings, aponta Feijó, da ABF, são resistentes em ampliar os locais onde é possível instalar quiosques. "Mas a demanda do mercado, principalmente com a criação de quiosques com produtos de maior valor agregado, vai fazer com que alguns revejam estas regras", conclui.

Um exemplo é o grupo AD Shopping, que administra 28 centros comerciais no País, entre eles o Shopping Metrô Tatuapé, em São Paulo. Nos últimos cinco anos, a proporção de quiosques nos empreendimentos passou de 7% a 8%, em média, para 10% a 15%.

Robson Santos, diretor executivo da AD Shopping, indica que os quiosques vêm cada vez mais sendo vistos como complementares ao mix de lojas. "São acessórios, equipamentos de informática, e serviços, como esteticista e massagistas".

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