16 de setembro de 2013

Restaurantes eliminam taxa de entrega sem aumentar preços das refeições

A insatisfação do consumidor com o aumento dos preços nos restaurantes já surte certo efeito. Alguns estabelecimentos decidiram abolir a taxa de entrega em pedidos pela internet nos últimos meses, com o intuito de aumentar as vendas – e relatam um crescimento significativo de encomendas pelo canal.
Kibe cru no restaurante Arabíe: preços das refeições foram mantidos apesar da isenção da taxa de entrega.

O restaurante paulistano Arabíe é um desses exemplos. Ele deixou de cobrar a taxa de R$ 3,90 nas entregas pela plataforma RestauranteWeb, em julho. “Em um mês, o número de pedidos aumentou 64%”, conta a proprietária Patrícia Anaute. Ainda em caráter de teste, a isenção da cobrança é temporária, mas pode tornar-se permanente se as vendas continuarem neste patamar nos próximos meses.

Implantada nos últimos 15 dias, a medida também resultou em um aumento de 31% ante o mês anterior no delivery online da hamburgueria Pibus, também na capital paulista. Assim como o Arabíe, o restaurante não alterou os preços da refeição nem repassou a cobrança ao consumidor, mas passou a exigir um pedido mínimo de R$ 45 pela isenção da taxa de R$ 3,50 num raio de 2 quilômetros.

Se o número de pedidos continuar neste ritmo, o estabelecimento pretende manter a isenção da taxa e abolir o atendimento pelo telefone. “O delivery online gera menos despesas, porque dispensa a necessidade de um funcionário e a margem de erro é menor”, explica o gerente da Pibus, Milton Costa.

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Reduzir os custos otimizando as viagens com um número maior de entregas foi uma das saídas encontradas para compensar a isenção da taxa. Em ambos restaurantes, o preço das refeições na entrega a domicílio ou nas unidades físicas é exatamente o mesmo – sem contar a taxa de serviço de 10%, que apesar de opcional, costuma ser incluída na conta dos estabelecimentos.

Com 17 unidades no Brasil, a China House também eliminou há um mês a cobrança em sua unidade de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. O restaurante chinês passou a bancar a remuneração dos entregadores sem elevar os preços, em caráter de teste. “As vendas aumentaram 42% no período”, conta o proprietário da rede, Jorge Luiz Torres.

Inflação e tendências

A isenção da cobrança contrasta com a alta de 10,25% dos preços nos restaurantes acumulada nos últimos 12 meses, segundo a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – um aumento bem acima dos 6,09% do índice geral. Em agosto, comer nestes estabelecimentos foi o item que mais ajudou a elevar o IPCA, com alta de 0,67%, ao lado do leite longa vida (3,75%).
    Macarrão light da rede China House: pedidos aumentaram 42% sem taxa de entrega.

Um levantamento do RestauranteWeb, que reúne cerca de 2 mil estabelecimentos no Brasil, apontou que 31% dos restaurantes cadastrados não cobram taxa de entrega e 37% o fazem conforme a distância do consumidor. Apenas 3% deles cobram valores acima de R$ 6. Na outra ponta, 25% dos consumidores consideram a taxa de entrega um ponto importante na decisão da compra.

Na HelloFood, outra plataforma de delivery online, o movimento de abolir as taxas também foi sentido com força. Nos últimos seis meses, pelo menos 30% dos restaurantes reduziram ou eliminaram as cobranças, de acordo com o cofundador e CEO da empresa, Emerson Calegaretti.

Os restaurantes que aderiram ao movimento passaram a vender cerca de 40% a mais nos últimos três meses, segundo o executivo. “Os próprios restaurantes começaram a tomar a iniciativa, porque os clientes reclamavam da taxa. Percebemos que isso acaba sendo uma barreira de consumo”.

A recente subida nos preços das refeições fora de casa, acredita Calegaretti, foi preponderante para essa mudança. “O cliente costuma aderir a qualquer economia que ele perceba”.

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