31 de dezembro de 2013

Dicas de 6 empreendedores para começar um negócio em 2014

Robinson Shiba, presidente da rede China in Box e Gendai: "Jovem empreendedor já pensa em 200 lojas. Faça a primeira".

Ele já teve uma choperia que vendia comida por quilo, costelaria, restaurante de kebab, lanchonete que vendia tostex e até um restaurante especializado em cuscuz. Essas experiências tão diferentes fazem parte do currículo do empresário Robinson Shiba, presidente do grupo Trendfoods, dono das marcas China in Box e Gendai, faria tudo de novo.

Porém, de forma diferente. "Hoje, colocaria um sócio local, que conheça os hábitos e cultura da região, para cuidar de cada negócio. Os públicos eram muito distintos". Foco, conta, é essencial para empreender. "Eu e meus sócios achávamos que sabíamos de tudo, mas nosso negócio era mesmo comida japonesa e chinesa, e estamos longe de saber tudo sobre o tema", brinca.


Na sua visão, ter um sócio em cada negócio, com fatia significativa dele, auxilia a precificar de forma correta, identificar gargalos e treinar bem os funcionários. "Ao menos no início o dono tem de abrir e fechar a loja."

Shiba e outros experientes empreendedores, como Alexandre Costa, presidente da Cacau Show; Alberto Saraiva, presidente do Habib's; Zica, fundadora da Beleza Natural; Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza; e Rodrigo Borges, um dos fundadores do Buscapé, construíram grandes negócios e dão dicas para quem quer começar a empreender em 2014. 

Dar o passo inicial

Shiba montou o primeiro restaurante do China in Box no início da década de 1990. Ele teve a ideia quando foi estudar inglês durante dois meses nos Estados Unidos, com 19 anos. Assaltado no meio da viagem, ele não aceitou o envio de mais dinheiro de seu pai, que já tinha levado anos para poupar e dar a ele a viagem de presente.

Resolveu então trabalhar em restaurantes. Na Chinatown da cidade de São Francisco, percebeu que havia restaurantes chineses que serviam a comida em caixinhas. Quando voltou, viu que havia restaurantes japoneses e chineses bem frequentados, e uma rede crescia em lojas de alimentação de shoppings. Não perdeu tempo e montou o que faltava: um delivery da culinária.

O caminho não foi fácil. na época do governo de Fernando Collor de Mello, ele montou o negócio depois de vender dois consultórios de odontologia populares em um cenário de inflação que alcançava 100% em uma semana, pouco antes da criação do Plano Real.


Mas, mesmo com o pedido de muitos amigos, esperou um ano para montar a segunda loja. "Naquele tempo, era preciso conter a ansiedade. Tinha de ver se a operação realmente ficaria equacionada ao longo do ano, retirando todas as oscilações, e conseguiria pagar funcionários e fornecedores". Shiba não sabia durante algum tempo qual a porcentagem de lucro vinha do negócio e qual vinha do chamado 'overnight' (um CDI turbinado). 

Hoje, a estabilidade econômica e a democratização da informação, a partir do advento da internet, impulsionaram que cada vez mais novos empreendedores atropelem processos, na sua visão. "Muita gente me procura pensando em 200 lojas. Eu digo: não deixe de pensar, mas abra a primeira."

Shiba lembra que a democratização da informação é boa, mas também ruim, pois torna o cenário de negócios mais competitivo. "Hoje o que mais temos são ideias originais. Mas falta torná-las realidade". Para vencer a insegurança inicial, Shiba dá a receita: largar o emprego e se preparar para trabalhar em um ano no ramo no qual se quer empreender. "Isso diminui o risco."

Conhecer o cliente

Heloísa Assis, a Zica, fundou a rede de salões Beleza Natural no bairro da Tijuca, no Rio, em 1993, com o marido, o irmão e uma amiga a partir da insatisfação com seu próprio cabelo. Após dez anos estudando o fio crespo, conseguiu chegar a uma fórmula na qual conseguia deixá-los com aspecto natural, mais leve e macio.

Não foi, portanto difícil entender suas clientes, e oferecer a solução em sua própria comunidade, na periferia da cidade, onde havia muitas mulheres na mesma situação. "Sabia o que elas viviam: uma batalha com o próprio cabelo, baixa autoestima, dificuldade para relacionar-se profissionalmente e socialmente. E isso fez toda a diferença", conta a empreendedora.

Sem capital, no começo os anúncios eram feitos com pequenos cartazes colados com durex nos vidros dos ônibus que circulavam pela região, que diziam: “se seus cabelos são um problema, nós somos a solução”.

O apelo atraiu os primeiros clientes, e iniciou o boca-a-boca na vizinhança. Em pouco tempo, as filas começaram a se formar na porta do salão, e logo se formavam duas horas antes da abertura, e tinham que ser organizadas com senhas.

Hoje, a rede tem 1.900 funcionários, atende em média 90 mil clientes por mês e tem 18 salões: dez no Rio de Janeiro, dois no Espírito Santo, dois na Bahia e dois em São Paulo. "Queremos estar em breve em todas as regiões do País e no futuro, quem sabe, no exterior", revela Zica.

Nunca parar

A primeira loja padronizada da Cacau Show nasceu no final de 2001, e o negócio cresceu rapidamente. No ano seguinte, eram 18 pontos de venda. Logo depois, já eram 46 e, na sequência, 130. Mais um ano e totalizavam 230, o que já fazia da Cacau Show a maior rede de chocolates finos do Brasil em número de lojas.

Alexandre Costa, presidente da Cacau Show, aponta que sua meta era chegar ao final de 2010 com mil lojas no Brasil. E conseguiu. "Agora, o novo desafio é de 2 mil lojas até o final de 2015. Sempre penso que após um objetivo ser alcançado, novos objetivos vêm, com muita disciplina, determinação e paixão."


Na visão de Alexandre Costa, para construir um negócio sustentável, é necessário ter visão e planejar metas e objetivos; dedicar-se inteiramente e não desistir diante de um não; saber lidar com o sucesso e reinvestir no negócio; conquistar algo novo todo dia, e se reinventar sempre. "Não tenha medo de tomar grandes decisões, cresça sem perder o DNA e mantenha a chama acesa", conclui.

Neste ano, o fundador da Cacau Show deu exemplo disso: se reinventou. Criou a holding Cacau Par com o objetivo de comprar empresas de pequeno porte e ajudá-las a crescer; trazer negócios do exterior; e criar novas empresas. Também inaugurou a primeira loja Cacau Show Café e Chocolate, em um cenário cada vez mais competitivo no segmento em que atua.

Acreditar em si mesmo

Para Alberto Saraiva, presidente e fundador do Habib's, não basta ter uma grande ideia. É preciso ter personalidade para empreender. "O empreendedor tem sede de fazer alguma coisa, sempre procura algo, não sabe bem o quê. Sempre está criando, apostando e sonhando, mas, principalmente, acreditando em si mesmo."

Persistência e determinação, segundo ele, são fundamentais para começar um negócio. "Eu prestei o vestibular de medicina por três anos até passar em um deles. E, quando meu pai foi assassinado, no 19º dia após a abertura de uma padaria em São Paulo, tive de me dedicar ao negócio. Era tudo o que tínhamos. Quase desisti."

Com cinco padarias concorrentes, Saraiva resolveu baixar o preço do pão em 30% para se diferenciar. E continuei vendendo barato até hoje."

O executivo já vendeu pastel, nhoque e pizza. "Fazia testes, me virava. Qualquer coisa pode dar errado ou certo. O diferencial é a personalidade do empreendedor, que é diferente de um investidor, que coloca R$ 100 mil ou R$ 500 mil."

Para Saraiva, as adversidades ajudam a criar esta personalidade. "Quem começa do zero tem mais força de vontade para vencer. Vejo lojistas chorando, e outros que fazem o negócio acontecer."

Ano de Copa

Luiza Trajano, presidente da Magazine Luiza, acredita que 2014 será um ano de oportunidades. Vai ser melhor para a maioria dos segmentos da economia. Será o ano de Copa do Mundo, e quem estiver preparado poderá aproveitar as oportunidades que vão aparecer, especialmente no turismo".

A empresária conta que, na África do Sul, o turismo aumentou muito depois da Copa de 2010, e que na Inglaterra a Olimpíada impulsionou o turismo em 40%. "O Brasil só recebe 5 milhões de turistas por ano, e a França recebe 60 milhões. Veja quanto podemos crescer. É um segmento que dá muito emprego."

Rodrigo Borges, sócio e fundador do Buscapé, lembra que é preciso pensar no médio prazo na hora de empreender, e estar preparado para enfrentar dificuldades. "O empreendedor deve buscar algo pelo qual esteja realmente apaixonado para superar todos os desafios. E há vários pela frente."

Nenhum comentário:

Postar um comentário