3 de janeiro de 2014

Fábio Porchat: 'Sacaneamos as empresas, mas precisamos delas'

O interesse das grandes marcas no humor do Porta dos Fundos pode ser passageiro, mas a ideia é continuar faturando quando a novidade acabar, afirmou Fábio Porchat, um dos fundadores da empresa que teve ascensão quase instantânea com a produção de vídeos humorísticos na internet e no meio publicitário.

"Parece que é errado ganhar dinheiro. Precisamos das empresas, mas podendo sacanear se a gente quiser", disse. Sucesso de público e xodó de marcas como a rede Spoleto, o Porta dos Fundos foi assediado por marcas como Danete e Kuat e conquistou 70 milhões de visualizações mensais no YouTube em apenas um ano e meio de existência.
Na moda: Fábio Porchat, do Porta dos Fundos, dá palestra em evento sobre finanças pessoais.

Mas os humoristas – e também empresários – garantem que não existe receita que explique o sucesso e chegam a recusar propostas de empresas para a produção de vídeos que não se encaixam ao humor do grupo. "Só fazemos vídeos publicitários que acharmos engraçados", diz Porchat.

A provocação destemida do grupo a marcas conhecidas do público parece ter gerado um reação inesperada no meio publicitário, que pegou carona no canal para aproximar-se do público. O Spoleto foi o primeiro exemplo dessa tendência. Vítima de um vídeo que satirizava o atendimento da rede sem citar seu nome, a empresa aproveitou a oportunidade para encomendar novas produções do grupo, desta vez a seu favor. Na festa de um ano da produtora de vídeos, o Spoleto foi o fornecedor oficial da comida.

Hoje o quinto canal de comédia mais assistido do mundo, citado por veículos internacionais como "The New York Times" e "Forbes", o grupo começou a chamar a atenção de empresas de humor especializados em internet nos Estados Unidos, que já propuseram parcerias.

Ian SBF, produtor dos vídeos do canal, afirmou acreditar que o erro de outros grupos de humor no Brasil foi render-se à televisão. Porchat concorda. "Nosso objetivo não é usar o Porta dos Fundos como trampolim para a TV. Queremos continuar na internet o máximo de tempo possível", assegurou.

SBF preferiu não arriscar um palpite sobre o futuro da empresa nos próximos cinco anos, já que o horizonte dos criadores é de curto prazo. Mas oito meses antes de lançar o canal no YouTube, o produtor sabia que era fundamental esperar o tempo certo para o lucro aparecer. "Eu tinha certeza de que o dinheiro ia vir, mas não nessa proporção".

Para Porchat, não é preciso saber administrar uma empresa para ser empresário. "Não entendemos nada de gestão, por isso contratamos quem entende para trabalhar para nós. A única coisa que sabemos é fazer vídeo de humor", afirmou diante de um público estimado de 700 pessoas, grande parte jovens.

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