1 de outubro de 2013

Embalagem que alerta se alimento está contaminado deve ser realidade no Brasil

Imagine uma embalagem que mude de cor caso o produto seja contaminado ou perca o prazo de validade, devido a reações químicas e físicas do alimento contido dentro do invólucro. Parece algo futurista, mas o projeto pode estar mais próximo do que se imagina, e no Brasil.


A petroquímica Braskem prevê investir mais recursos, no ano que vem, para estruturar a ideia e buscar soluções para tornar as embalagens inteligentes realidade nos próximos quatro anos. "Queremos investir na tecnologia de sensores, que são sensíveis a mudanças de temperatura, PH e microorganismos e auxiliar a indústria de alimentos e supermercados", conta Patrick Teyssonneyre, diretor de inovação da área de polímeros da Braskem.

É um sistema parecido com o de aparelhos de teste de gravidez e um projeto que vem sendo sondado pela empresa pelo menos desde 2007, quando foi registrada a primeira patente relacionada ao projeto. "Na época, era uma tecnologia à frente do seu tempo. Ouvimos de clientes que não era para o Brasil, mas, sim, para a Europa ou Japão".
O executivo conclui que é uma tendência que vai acontecer em algum momento. Portanto, a petroquímica não quer ter de correr atrás da concorrência. "Nos últimos dois anos tivemos sinais fortes, ainda mais este ano, de que vale a pena colocar mais recursos nesta tecnologia".

Casos de contaminação, como o de pelos de rato no ketchup da Heinz, e produto de limpeza no suco Ades e também no Toddynho têm acelerado a pesquisa. Na visão de Teyssonneyre, casos como estes podem ser causados tanto por má-fé quanto por processos inadequados de fornecedores, sobre os quais as empresas não têm controle. 

Na mira, estão grandes produtores de alimentos e bebidas, como Ambev, BRF e Coca-Cola. "As ineficiências estão ao longo da cadeia. A indústria tem interesse em controlar mais este processo. É uma preocupação". O segmento de embalagens alimentícias liderou as vendas da petroquímica em 2012, com 27% de participação,

Desta forma, os produtores podem não ficar reféns de problemas no transporte de produtos, por exemplo. A tecnologia pode permitir controlar se a embalagem vai chegar no supermercado assim como saiu da fábrica. "Um caminhão que tem avarias no ar condicionado durante o transporte é difícil de ser detectado. A embalagem permite identificar a remessa que pode ter sido deteriorada".

A nova tecnologia poderá auxiliar tanto no controle de qualidade do processo de produção, na própria fábrica, quanto trazer benefícios diretos para o consumidor. Isso porque a embalagem deve indicar se o produto está bem armazenado ou impróprio para consumo em diversas etapas. "O consumidor poderá ter mais segurança sobre quando o produto não pode mais ser consumido", diz o executivo.

Mas o caminho para o projeto se tornar realidade é desafiador. A princípio, a mudança de cor da embalagem será um indicativo de contaminação, mas é necessário focar inicialmente em um alimento específico. Isso porque cada um reage de maneira diferente à contaminação. A busca pelo desenvolvimento da tecnologia deve incluir consultas à universidades especializadas.

Teyssonneyre indica que a companhia já conhece bem como funciona a sinalização. Resta sabe como colocar a tecnologia na embalagem plástica fabricada pela petroquímica.

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