13 de outubro de 2013

Projeto mostra nova forma de aprender

“O respeito é o caminho para construir pontes e sedimentar a confiança”. A frase poderia sair de um livro de autoajuda, mas é de quem está no comando. Foi dita pelo vice-presidente da Lufthansa Technik, Bernd Frechmann, durante uma visita ao Galpão Aplauso – ONG carioca que busca capacitar jovens carentes para o mercado de trabalho por meio de oficinas profissionalizantes.
No Rio, executivos encontram jovens que participam do Galpão Aplauso, no Santo Cristo.

Frechmann é um dos 30 alunos da seleta turma do IMPM, um dos mestrados internacionais mais importantes da atualidade, voltado para altos executivos que estudam novas formas de gestão. Vindos dos quatro cantos do mundo, eles estão no Brasil para fazer o último módulo do curso, que no país ocorre na Ebape/ FGV. Antes de chegar aqui, o grupo, que está junto desde o início do ano passado, já teve aulas presenciais no Canadá, Inglaterra, China e Índia.

A ideia é conhecer diferentes realidades para repensar a forma de administrar uma empresa. “O IMPM quebra com os paradigmas de gestão porque não acredita que pode haver uma única forma de management. O segredo do gerenciamento está na observação e no respeito à cultura local”, conta o coordenador do curso no Brasil, professor Alexandre Faria.

Suíça e Complexo do Alemão

Exatamente para mostrar uma outra realidade é que a coordenação do curso resolveu organizar a visita ao Galpão Aplauso. Lá os executivos assistiram trechos do espetáculo Memoh, previsto para entrar em cartaz ainda este ano. Dirigida por Cláudio Baltar, a apresentação mescla teatro, música, dança e circo para falar do processo de construção do homem.

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“Trouxemos eles aqui para pensarem uma nova forma de management. Se o homem, como diz a peça, está em construção, o processo de gestão também está. O gerenciamento não pode ser uniforme, tampouco estático”, faz um paralelo o professor Faria.

No fim da apresentação houve uma conversa entre os dois grupos. De um lado os executivos diziam seus países de origem – além do Brasil, há muitos estudantes do Canadá, Índia, Coreia do Sul, Quênia, Suíça, Alemanha Índia – do outro, os alunos da ONG citavam as favelas onde viviam: Manguinhos, Complexo do Alemão, Tavares Bastos, Providência, Morro dos Macacos, Vigário Geral.

Para a diretora executiva de marketing da Fairmont Raffles Hotels, Sharon Cohen, se o encontro tivesse que ser definido em uma única palavra, seria seres humanos. “Não importa de onde a gente venha, o que a gente faça. Embora sejamos de países diferentes, com histórias, costumes e culturas diversas, quando chegamos em casa, após um longo expediente, somos apenas seres humanos”, observa.

Quem faz coro é Frechmann. O executivo acredita que uma das principais ferramentas de gestão é o respeito. “Ele constrói pontes, sedimenta relações e negócios”, defende.

Além das aulas na EBAPE/ FGV e da visita ao Galpão Aplauso, a turma também foi conhecer de perto algumas grandes empresas do país. É o caso do funcionário da Cruz Vermelha, Eligah Muli, que pretende levar na bagagem lições que aprendeu no dia em que visitou a Petrobras. “Fiquei muito impressionado como eles dão importância ao capital humano. Treinam muito bem os funcionários e fazem de tudo para mantê-los porque sabem o valor das informações que ali circulam. Na Cruz Vermelha a gente produz muito conhecimento mas, por diversos motivos, esse conhecimento fica solto. Já tive vários insights para poder implementar mudanças na organização”, adianta.

Para o economista Paulo Faveret, do BNDES, existe uma tendência global de se observar mais o negócio do que a organização e o IMPM quebra essa lógica. “O foco é o indivíduo e a empresa em si, não o business”, explica ele que admite já ter mudado por causa das aulas. “Hoje dou mais ênfase à reflexão. Procuro ouvir cada vez mais o outro para entender o contexto geral a fim de chegar a alguma solução”, conta.

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