30 de outubro de 2013

Windows 8 melhora com atualização, mas principais problemas continuam

Há cerca de um ano, a Microsoft lançou dois novos sistemas operacionais.

Um era uma nova versão do Windows para ser usado com mouse e teclado. Esse é o Windows que atualmente está em centenas de milhões de computadores em todo o mundo e tem mais de 4 milhões de programas compatíveis.

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O outro sistema era uma nova plataforma para tablets. Ele foi inspirado nas telas com ícones em forma de azulejo (“tiles”), usados no Windows Phone. O novo sistema era colorido, elegante e com suporte a gestos. Não dá para rodar Photoshop ou outros programas nesse sistema, pois ele requer um novo tipo de aplicativo. Já que a Microsoft não tem um nome para esse novo sistema (eles abandonaram os termos Metro e Modern), eu o chamo de “TileWorld”.

O lançamento dos dois sistemas seria uma boa ideia, mas houve um problema. A Microsoft misturou ambos em algo que chamou de Windows 8.

No Windows 8 há dois navegadores e dois sistemas de ajuda completamente diferentes. Dois (na verdade, três) painéis de controle. Há ainda dois tipos de programa: os tradicionais que têm barras de ferramenta e os aplicativos do “TileWorld”, que não têm barras de ferramenta e vêm com visual mais moderno.

Analistas e fãs de computação criticaram duramente a Microsoft. A PC World escreveu que o Windows 8 “não vale a pena” para quem usa o sistema em computadores de mesa. PC Magazine disse que a mudança foi “drástica demais para muitos usuários”. A Information Week escreveu que o Windows 8 “é um monumental fracasso, com uma interface Frankenstein que combina dois sistemas incompatíveis”.

As vendas de PC caíram 14% nos meses que se seguiram ao lançamento do Windows 8. O executivo da Microsoft que comandou o projeto deixou a empresa repentinamente.

Recuperando-se dos golpes, a Microsoft passou um ano tentando consertar o Windows 8. Agora você já pode baixar o resultado, o Windows 8.1. É grátis para quem já tem o Windows 8 e virá instalado nos dispositivos que chegarão ao mercado no futuro ( esclarecimento: escrevi um livro com dicas sobre o Windows 8 e vou atualizá-lo para Windows 8.1 ).

Novidades

As mudanças no “TileWorld” são muitas e bem-vindas. Aplicativos precários, como o Photos e o Mail, ficaram mais estáveis e ganharam novos recursos. Agora dá para editar fotos no Photos (em vez de só olhar) e arrastar e-mails em pastas. O aplicativo de música também foi redesenhado e ficou mais fácil de usar.

Alguns programas de produtividade, como alarme, calculadora e gravador de som, ganharam uma posição de maior destaque. Também há alguns aplicativos novos, como aplicativos de receitas, saúde e fitness. Outro aplicativo novo é o Reading List, que permite salvar páginas web, e-mails e mensagens do Twitter para leitura offline.
                  Windows 8.1 traz melhorias ao Windows 8, principalmente em tablets.

O Windows 8.1 também traz mais opções para personalizar desktop, tela inicial e tela de login. Por exemplo, dá para configurar a tela de descanso como um slideshow. Assim, seu equipamento vira um porta-retratos digital quando está em modo descanso.

A Ajuda no Windows 8 praticamente não existia, em muitos aplicativos ela realmente não existia.

“Se os usuários não entenderem o Windows 8 sem recorrer à ajuda do sistema, nós falhamos”, disse-me um funcionário da Microsoft no lançamento do Windows 8.

Bom, detesto te dizer que...

Em todo caso, há agora uma seção de ajuda de verdade para o “TileWorld”. Na primeira vez em que o Windows 8.1 é usado, surgem setas e mensagens apontando para os cantos da tela, nos quais o usuário deve clicar para acessar recursos do sistema.

No Windows 8 dava para dividir a janela entre dois aplicativos, mas não havia como controlar o tamanho de cada janela. Agora, isso é possível. Em telas maiores dá até para dividir a janela com mais de dois aplicativos. É uma compensação razoável pela perda do recurso de várias janelas na tela, característico do Windows desde suas primeiras versões.

No Windows 8, a Microsoft tomou a estranha decisão de limitar a busca a pesquisar separadamente por programas, configurações ou arquivos. Não era possível fazer uma só busca e obter resultados das três categorias. Isso agora foi corrigido e a busca do sistema traz também resultados da internet para cada pesquisa.

O teclado virtual, usado em tablets, também melhorou. Entre os novos recursos está um modo mais fácil de acessar sugestões de preenchimento automático de palavras.

O Windows 8.1 traz quatro tamanhos para os ícones do sistema (“tiles”). Em outras palavras, quem tem muitos aplicativos pode usar ícones menores e evitar a rolagem da tela.

Finalmente, o Windows 8.1 é ainda mais integrado ao SkyDrive (serviço de backup online da Microsoft com 7 GB grátis). Quando um novo documento é criado, ele pode ser salvo diretamente no SkyDrive.

Mudanças são insuficientes

Todas essas mudanças são úteis e bem-vindas. Mas você pode ter notado que todas elas afetam apenas o “TileWorld” e beneficiam apenas as nove pessoas que compraram tablets, notebooks ou desktops com Windows 8 e tela touchscreen.

Por outro lado, nada muda para quem usa o Windows original, na interface de desktop.

E nenhuma das mudanças altera o problema fundamental do Windows 8: a estranhíssima combinação do “TileWorld” e da interface clássica de desktop.

Felizmente, a Microsoft trouxe algumas medidas para melhorar a convivência entre os sistemas.

A melhor notícia é que o botão Iniciar está de volta ao modo desktop, no canto inferior esquerdo. Mas, de forma inacreditável e apesar dos protestos dos usuários, esse botão não abre o menu de programas. Em vez disso, ele leva o usuário de volta ao “TileWorld”.

A lógica da Microsoft é que o usuário deve encarar a tela inicial do “TileWorld” como uma versão expandida do menu Iniciar tradicional. São os mesmos ícones, apenas distribuídos de modo diferente em toda a tela, em vez de na forma de menu. Por isso, de certa forma, clicar no botão Iniciar leva aos programas do menu Iniciar tradicional. Eles só estão dispostos de forma diferente (se preferir o menu Iniciar clássico, você pode instalar o Start8 ou outro aplicativo grátis de função semelhante)

Outra mudança é que não é mais necessário instalar um programa separado para que o Windows inicie direto no modo desktop. Agora há um ajuste para isso, ainda que meio escondido. Também é possível escolher a mesma imagem como fundo da interface desktop e “TileWorld”.
Fabricantes têm apostado em híbridos de notebook e tablet para popularizar o Windows 8. Na foto, o Dell XPS 12.

Ainda há três lugares diferentes para configurar o computador, dois no “TileWorld” e o painel de controle tradicional. Mas pelo menos os painéis do “TileWorld” ganharam mais ajustes presentes no painel de controle tradicional.

Todas essas mudanças são legais. Infelizmente, é como mudar a ordem de biscoitos nas bandejas do salão de festas do Titanic.

O problema fundamental do Windows 8 continua: você continua trabalhando em dois sistemas ao mesmo tempo. Você continua tendo que mudar de um ambiente para outro completamente diferente, e isso é muito incômodo. Ainda há muitas configurações e programas duplicados. E nunca dá para ficar o tempo todo em um só ambiente.

Quanto mais você usa do Windows 8, mais a solução fica evidente: dividir o sistema. A Microsoft deveria oferecer um Windows convencional em computadores e notebooks e um Windows “TileWorld” em tablets. Assim, o usuário só precisaria usar um sistema em cada máquina, e cada sistema seria usado em seu ambiente natural.

Há uma razão pela qual a Microsoft ignorou o desktop tradicional no Windows 8.1. A empresa aposta que todos os computadores terão telas sensíveis ao toque no futuro. Talvez a Microsoft acredite que, um dia, o mouse, o teclado, os menus e as janelas desapareçam. Se isso ocorrer, a interface moderna do “TileWorld” será suficiente para todos.

Infelizmente, a realidade atual é bem diferente.

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